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Nacional
Quarta - 20 de Outubro de 2004 às 16:41

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Um diagnóstico da saúde da população negra no Brasil será divulgado no próximo dia 20, Dia Nacional da Consciência Negra, em livro elaborado por 10 pesquisadores. O anúncio foi feito hoje, pelo diretor de Planejamento da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Déo Costa Ramos, durante a reunião do Comitê Técnico de Saúde da População Negra. Instituído por portaria de 13 de agosto de 2004, o comitê reúne-se hoje e amanhã (20 e 21), em Brasília, para traçar metas de atuação.

A população negra carece de dados estatísticos e, com o livro, essas informações passarão a ser conhecidas. Este é também um dos pontos que estão sendo discutidos na reunião do comitê. Membro do comitê e colaboradora do livro, Fernanda Lopes, doutora em políticas públicas pela Universidade de São Paulo (USP), destacou o que pode ser feito para melhorar a saúde da população negra. Segundo ela, um dos problemas que mais afetam essa população é a mortalidade materno-infantil por causas externas, como homicídios, infecção pelo vírus da Aids e anemia falciforme. "Este é o problema o mais grave, por estar relacionado a causas genéticas. Todos os outros são agravos evitáveis”, afirmou.

Na opinião da pesquisadora, algumas atitudes podem ser tomadas para combater tais mazelas. “A primeira ação é que o Estado assuma sua responsabilidade na manutenção das desigualdades raciais. A qualidade da assistência em saúde é muitas vezes balizada pelo racismo institucionalizado. Nem sempre as necessidades específicas são integradas no âmbito da elaboração das ações programáticas. Quando você ignora estas necessidades, contribui para a manutenção das desigualdades”, disse Fernanda.

Além disso, a inclusão do quesito “cor” em todo e qualquer formulário utilizado para transferência de recursos e definição de prioridades é ponto a ser considerado. Para Fernanda, é preciso também analisar esses dados e disseminá-los entre os profissionais da área de saúde e a população como um todo. “Importante ainda é a implantação de um sistema único de informações em saúde, uma das dificuldades da gestão das ações”, acrescentou a pesquisadora.

Para ela, isso será a base para o processo de formação dos profissionais em saúde. “Os dados gerados a partir de uma informação que se aproxime mais da realidade brasileira servirão de subsídio para a discussão do impacto do racismo na saúde”, explicou. Quanto à produção de conhecimento científico, a pesquisadora acredita que deva ser incluída a variável raça-cor como categoria analítica, além dos números. “A chance de ser negro e viver em situação de mais vulnerabilidade social e de estar doente é muito maior”, disse.

Déo Costa Ramos, por sua vez, informou que a Funasa vem destinando R$ 12 milhões de seu orçamento para ações de saneamento básico em comunidades quilombolas. Com isso, 22 ações estão sendo desenvolvidas, em 12 estados da federação, visando a minimizar os problemas enfrentados pela população negra. Além disso, o governo federal desenvolve programa voltado para o combate à anemia falciforme, disse o subsecretário-adjunto de Planejamento e Orçamento do Ministério da Saúde, Luiz Antônio Nolasco.




Fonte: Agência Brasil

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