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Nacional
Sexta - 15 de Outubro de 2004 às 18:59

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O chefe da Missão de Paz Internacional das Nações Unidas no Haiti, general Augusto Heleno Ribeiro, atribui a onda de violência que atinge o país às declarações de apoio do candidato à Presidência dos Estados Unidos, John Kerry, ao ex-presidente haitiano Jean Bertrand Aristide.

Em entrevista à Agência Brasil, concedida ontem à noite, o general disse que as palavras de Kerry em março deste ano criaram esperança aos grupos pró-Aristide de que o ex-presidente possa voltar ao poder. “Há essa esperança, absolutamente infundada, mas que foi criada pela declaração de um candidato à Presidência da República nos Estados Unidos. E que foi tomada aqui ao pé da letra e criou expectativa de que uma situação de instabilidade no país e uma mudança na política americana pudesse contribuir para que o ex-presidente Aristide retornasse ao país”, disse o general.

Em março, Kerry declarou que, ao contrário do presidente George W. Bush, teria enviado tropas ao Haiti para garantir a permanência de Aristide na Presidência do Haiti. Na ocasião, Kerry disse que teria se preparado “para enviar tropas imediatamente”. O candidato afirmou ainda que Aristide “cometeu muitos erros”, mas reiterou que a democracia deveria ter sido preservada no Haiti – uma vez que Aristide foi eleito por duas vezes consecutivas pelos haitianos.

O general, no entanto, não quis fazer previsões sobre o resultado das eleições nos Estados Unidos – marcadas para o dia 02 de novembro. O chefe da missão da ONU também evitou comentar a influência eleitoral no futuro do Haiti. “Isso é especulação, não vou entrar nessa história. Eu estou me baseando no fato. A eleição americana não é da minha alçada”, disse.

Ele fez um apelo para que cesse aquilo que chama de "onda de boatos" que vem tomando conta do Haiti nos últimos dias com relação ao aumento da violência no país. Segundo o chefe da missão da ONU, “em nenhum momento se perdeu o controle” da situação na capital do Haiti, Porto Príncipe. “A gente fica ouvindo o que as rádios, a imprensa, os políticos haitianos falam, o que a população haitiana faz circular, mas nós não temos conhecimento e provas suficientes para chegar a conclusão sobre quem é exatamente o autor dessas situações de violência na cidade”, disse.

As ações de violência que ocorrem na capital, de acordo com o general, são pontuais e acontecem em qualquer cidade do mundo. “Só que aqui existe uma síndrome de pânico que quaisquer dois tiros para o alto, imediatamente a imprensa coloca na rádio que a cidade está um caos. O ambiente é muito fértil para boatos, para que se espalhe a idéia de que a cidade está no caos. Com isso, há uma grande vantagem para os bandidos e uma desvantagem para as forças legais”, criticou.

O chefe da missão da ONU está otimista para que, até o final de novembro, um efetivo maior de soldados seja enviado ao Haiti para reforçar a Força de Paz, que atualmente possui pouco menos de três mil homens. A expectativa do general é que, no final de 2004, seis mil soldados estejam atuando na segurança do Haiti.

As tropas brasileiras, segundo Augusto Heleno, estão fazendo “o máximo possível” para garantir tranqüilidade aos 2,5 milhões de habitantes que vivem na capital, Porto Príncipe, e em seus arredores. “É impossível impedir totalmente que pequenas ações, que pequenos fatos aconteçam ao longo do dia e da noite. Esses fatos dificilmente deixarão de acontecer. A gente precisa contar um pouco mais com a contribuição do próprio governo desfazendo boatos, das agências internacionais, das embaixadas”, disse.

O general lembrou que a missão de Paz da ONU vem preservando os direitos humanos no país, com ações de diálogo e convencimento ao invés do conflito direto com os rebeldes. “Nós não estamos em guerra, temos todos os limites dos direitos humanos, do Estado de Direito, das regras de engajamento das Nações Unidas que foram estabelecidas, mas dentro desse princípio nós estamos procurando conduzir o problema de modo que desencoraje essas ações violentas e que possamos, assim que passar essa época de crise, voltar a normalidade do país”, encerrou.




Fonte: Agência Brasil

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