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Cidades/Geral
Quinta - 14 de Outubro de 2004 às 14:18

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118 fornos queimando mais de 350 quilos de carvão. Esse foi o cenário que causou uma revolta dos moradores da chácara São Cristóvão na última semana, quando o Corpo de Bombeiros fez-se presente para notificar a empresa e garantir que a produção de carvão fosse paralisada. O prazo estipulado era de 48 horas, uma vez que os fornos continuariam queimando a madeira contida em seu interior. Durante esse tempo a população foi obrigada a viver com a incomoda e densa fumaça, espalhada em todos os domicílios. As primeiras residências ficam a pouco mais de 20 metros dos fornos, o que segundo a lei, não é permitido.

Até então o fato havia sido resolvido. A madeira contida no interior dos fornos foi consumida e a fumaça deu trégua aos moradores. Mas na manhã de quarta-feira, 13 de outubro, a carvoaria voltou a preocupar os moradores. Segundo Eunice Silva Aguiar, 46 anos, os funcionários da carvoaria voltaram a encher os fornos de lenha e já disseram que vão voltar a produzir carvão. "Não para de chegar caminha descarregando lenha aqui. O próprio gerente veio e disse que tem autorização e que vai voltar a tacar fogo. Disse que não faz mal para nós, que só estamos reclamando por mania. Que lei é essa que vai autorizar que encham nossas casas de fumaça?" questiona a moradora.

O problema tem gerado revolta entre todos que dividem o loteamento habitacional. João Adenir, um dos moradores, chegou a procurar autoridades, após ter uma discussão com o gerente dos fornos. Segundo ele, os fornos nunca pararam, apenas reduziram seu ritmo. "Não temos mais em quem acreditar. Eu já acho que o dinheiro é quem manda na lei. Não é possível que uma carvoaria assim, quase no meio das casas, fique funcionando e acabando com a vida de um monte de gente. Já veio corpo de bombeiros, imprensa e a própria prefeitura, dizendo que ia parar mas até agora nada. Ele já avisou que ia acender e se a fumaça aumentar amanhã nos vamos para frente da prefeitura e exigir que a empresa seja fechada", afirmou Adenir.

A revolta é tamanha que alguns populares já cogitam a hipótese de que a carvoaria compre seus domicílios, transferindo-nos para outra região, e volte a funcionar. "Do jeito que ta não dá. É muita fumaça. A gente vê todos os dias uma criança passando mal. Tem gente que não abre sequer uma janela em casa por causa da fumaça. Minha horta que tinha nos fundos de casa chegou a morrer com a fumaça. Apesar de tudo isso ninguém fez nada. Eu não entendo como a prefeitura autoriza uma carvoaria assim a funcionar", lamenta Eunice Aguiar.

Embora os moradores estejam assustados com a situação, o comandante do Corpo de Bombeiros, major Átila, garantiu que a empresa não tem autorização para funcionar. "Essa empresa já foi notificada e não pode voltar a funcionar, sob pena de multa e até mesmo prisão. A carvoaria, além de estar próximo demais as residências, não possui alvará municipal, não tem projeto de impacto ambiental junto aos órgãos competentes, também não tem projeto de segurança emitido pelo corpo de bombeiros.Ou seja, é uma empresa clandestina que não pode funcionar. Estamos pondo o efetivo para controlar essas atividades e vamos encaminhar o caso para o Ministério Público", revela o major Átila.

De acordo com a legislação vigente, a prática efetuada hoje pela carvoaria pode constatar crime ambiental, cabendo inclusive prisão que vai de 6 meses a um ano, sendo inafiançável. "Estamos cientes de que a empresa não tem autorização nem da prefeitura, nem da Fema e muito menos do Corpo de Bombeiros. Portanto, ela não pode funcionar. Já conversei com o secretário de agricultura do município e ele me garantiu que não será liberada a autorização para a carvoaria funcionar, uma vez que fica dentro de uma área habitacional", garante Átila.

Os moradores mantém sua posição e já disseram que se a fumaça voltar a tomar suas casa, vão invadir a prefeitura e exigir que uma ação seja tomada. "Parece que aqui só tem lei para rico", lamentou Eunice.




Fonte: Jornal Capital

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