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Cidades/Geral
Segunda - 11 de Outubro de 2004 às 18:27
Por: Rosi Medeiros

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Conseguir um trabalho e buscar condições dignas de vida são os desafios de quem passou parte de seu tempo em uma prisão. É esta oportunidade que o programa Nova Chance, desenvolvido pelo Governo do Estado em parceria com o Grupo Cedros, pretende possibilitar aos reeducandos que passaram pelo projeto. "Se cada empresa assumisse um preso, dando a ele essa oportunidade, diminuiremos a reincidência de crimes no país", aposta o empresário Salim Rahal, dono do Grupo Cedros.

O empresário já fez as contas. "No Brasil, de acordo com o Departamento Penitenciário Nacional, existem cerca de 300 mil pessoas na prisão. Isso representa aproximadamente 0,0014% da população brasileira. Se metade dela tiver condições de trabalhar, conseguiremos reduzir a violência urbana", destacou.

E foi essa oportunidade de conseguir um emprego, depois de cumprida a pena, que mudou a vida de Devanilda das Neves, 36 anos. Ela foi a primeira mulher a trabalhar na construção de casas populares no programa e tornou-se um exemplo a ser seguido. "Ela foi sempre muito dedicada. E muito respeitada pelos homens também", disse Salim. Tanto empenho rendeu a Devanilda a contratação pela Associação Jet Vida, instituição sem fins lucrativos que dá apoio à família dos reeducandos.

"Nós queremos instalar aqui (barracão onde os presos trabalham) uma estrutura para atendimento odontológico, para os familiares e reeducandos, oficinas de corte e costura e de corte de cabelo", informou o empresário. Devanilda, que já trabalha na assistência das famílias, será uma das principais colaboradoras no projeto. "É muito bom ajudar as outras pessoas, saber que o que aprendi pode ser repassado para alguém", disse Devanilda.

Foi no trabalho na fábrica de casas populares que Devanilda conheceu o reeducando Nilson Francisco, de 34 anos, com quem namorou e casou. Quando as casas do conjunto habitacional do Pedra 90 forem entregues pelo Governo à população, o casal será um dos beneficiados. Outros reeducandos que estão inscritos e trabalhando no programa desde o início também serão beneficiados.

"Só quem esteve numa prisão sabe o que enfrentamos", disse a ex-reeducanda. Além do trabalho na associação, Devanilda também ganha uma renda-extra como revendedora de produtos de beleza. "Alguns clientes sabem do meu passado, mas isso não tem interferido no meu dia-a-dia", afirmou.

REENCONTRO - A construção de uma nova família é o que a reeducanda Daiana Pereira dos Santos, 28 anos, almeja. Depois de perder a mãe há 3 anos, vítima de um derrame cerebral, e a avó há cinco meses, ela conheceu o pai. A coincidência é que o encontro foi justamente no trabalho no programa Nova Chance. João da Silva Oliveira, que já cumpriu 13 anos de prisão, também estava inserido no projeto.

"Eu sempre quis conhecê-lo, mas a minha mãe falava pouco sobre ele", contou Daiana. A mãe dela, Maria Aparecida, a teve quando tinha 23 anos. Com o fim do relacionamento com João da Silva, ela que morava em Cuiabá resolveu ir para São Paulo com a filha. "Ela dizia que tinha muito medo dele me tomar dela", disse.

No trabalho no barracão de construção civil do programa, Daiana conheceu João da Silva e começaram a falar sobre a vida deles. "Quando eu falei o nome da minha mãe ele levou um susto", disse. Na conversa ele revelou que tinha tido uma filha que não conhecia. "No outro dia, quando eu estava indo procurá-lo para dizer que achava que ele era meu pai, ele também estava vindo fazer a mesma coisa", contou.

Segundo Daiana, eles estão convictos de que são realmente pai e filha e não acham necessário fazer o exame de DNA para confirmar cientificamente a paternidade. "Foi uma felicidade muito grande encontrá-lo. Eu tinha pedido muito a Deus", afirmou




Fonte: Secom - MT

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