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Politica Brasil
Segunda - 11 de Outubro de 2004 às 09:04
Por: Rubens de Souza

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Excelente administrador, politicamente inexperiente. Este é o governador Blairo Maggi, que nas eleições municipais de 3 de outubro mostrou não ter ainda a tarimba necessária para o comando político do Estado. Apesar do PPS ter feito 44 prefeitos em Mato Grosso, o governador acabou perdendo as eleições em municípios pólos, considerados importantes para a administração estadual. Derrotas como aconteceram em Alta Floresta e Barra do Garças, Sinop e Cuiabá por exemplo, mostram que Maggi precisa melhorar no quesito político se quiser continuar sonhando com a reeleição em 2006 e comandar, realmente, a engenharia política mato-grossense.

Ninguém no Estado consegue contestar o excelente trabalho administrativo que o governador Blairo Maggi e sua equipe vem fazendo. Mato Grosso cresceu nestes últimos dois anos, vem conquistando espaço internacional com a exportação de soja, algodão e outros produtos agropecuários. Vende para o Estados Unidos, Europa e também para a Ásia, graças a experiência de Maggi, que vem do setor agrário e com um trânsito muito bom perante a classe produtiva do mundo.

Maggi conseguiu também levantar o moral dos servidores públicos estaduais, que depois de décadas sem saber a data de seus salários sabem hoje que recebe nos três primeiros dias de cada mês. Resolveu a situação de saúde do setor, que hoje tem um plano próprio, o MT Saúde. O governador vem conseguindo também melhorar uma situação que sempre foi considerado caótico para Mato Grosso: a precariedade das estradas. Com um custo muito menor que o apresentado por seu antecessor está melhorando as estradas, tanto as rodovias como as vicinais, importante para o transporte da safra agrícola.

Mas se o governador Blairo Maggi, consegue se destacar no plano administrativo e vem sendo sempre chamado para palestras no Brasil, como semana passada em Curitiba, no Paraná, e até no exterior, no plano político deixa a desejar. Mostrou claramente isso nas eleições para Cuiabá, quando em nome da retribuição aos apoios que recebeu para a sua eleição em 2002 acabou tendo de engolir sapos e aceitar para a disputa à Prefeitura de Cuiabá, por seu partido, o PPS, alguém que não era de sua afinidade. Resultado, viu o candidato pepessista terminar o pleito na terceira posição, péssimo para quem era chamado de situacionista. Pior, terá agora de decidir quem vai apoiar no segundo turno. Se um amigo pessoal, hoje candidato do PSDB ou o candidato do PT, com quem mantém laços a nível federal. Ficar em cima do muro, neste momento é impróprio. E a razão é simples. Se não apoiar o petista Alexandre César corre o risco de ficar em situação ruim no Planalto e não ver as verbas que tanto pleiteia chegarem a Mato Grosso. Se apoiar o amigo Wilson Santos, poderá ver sua base política, que no momento anda em frangalhos piorar ainda mais.

Maggi não viu sua engenharia política florescer no resto do Estado como vê sua atitude administrativa ganhar elogios até de adversários. Além da derrota, em Cuiabá, viu sua articulação despencar em vários municípios pólos. Em Alta Floresta, seu candidato Neto, do PTB, obteve apenas 29,93% dos votos, terminando na terceira posição. Seus adversários, Maria Izaura, do PDT e Ademir, do PT, somados alcançaram 67,07% dos votos.Em Barra do Garças resolveu apoiar Miguelão, do PFL que ficou na última posição com 9,82% dos votos. Seus adversários, Chaparral, PC do B, o prefeito eleito, recebeu 39,01% enquanto que o ex-governador Vilmar Peres de Faria, que foi o coordenador de Blairo na campanha para governador ficou com 31,56%. Escolha, portanto, considerada errada do governo.

Em Sinop, outro município importante do Estado e um dos principais pólos de desenvolvimento, outra derrota incontestávael. Blairo resolveu arriscar e apoiar seu ex-secretário de Esportes, Baiano Filho, contra o prefeito Nilson Leitão, PSDB que sempre teve o apoio dos munícipes. Perdeu feio. Baiano conseguiu apenas 38,19% dos votos contra 51,71% de Leitão.

As vitórias de Blairo Maggi nos municípios pólos foram conquistadas apenas em Rondonópolis e Cáceres. Em Rondonópolis, seu quintal político, Adilton Sachetti, conseguiu se eleger com 35,91% dos votos. Um percentual pequeno que não deu para garantir a maioria na Câmara Municipal. Os adversários juntos conseguiram 62,75% por cento do eleitorado.

Em Cáceres, o ex-secretário de Turismo, Ricardo Henry venceu com 44,93% dos votos. Mas nesta cidade não se pode dizer que o peso político de Blairo Maggi fez a diferença. Ali, a força do deputado federal Pedro Henry, PP, falou muito alto do que qualquer afirmação feita pelo governador. Em verdade, em Cáceres, Maggi quase colocou tudo a perder com uma malfadada declaração sobre a federalização da Unemat, tema explorado durante toda a campanha pelos adversários de Henry.

Enfim, o pleito de 3 de outubro, mostra que Blairo Maggi, apesar da ampla habilidade administrativa ainda carece de comando político. Vive a sombra de caciques que como os prefeitos Roberto França, em Cuiabá e Jaime Campos, em Várzea Grande, foram os grandes derrotados. Portanto, o governador, se quiser ainda sonhar com a reeleição não poderá viver apenas dos louros administrativos. Precisará demonstrar muito mais do que isso, força política para fazer valer suas posições e armar a engenharia política para 2006. Do contrário terá, fatalmente de entregar o cargo a um político mais acostumado as costuras e conchavos com os outros partidos.




Fonte: 24 Horas News

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