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Internacional
Quinta - 07 de Outubro de 2004 às 10:32

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O escritor uruguaio Eduardo Galeano criticou o que ele chamou de "a mídia do espetáculo" que, segundo ele, falha em levar à população uma visão mais crítica do atual cenário político mundial.

Em um evento literário na terça-feira à noite em Londres, o autor do clássico As Veias Abertas da América Latina também chamou o presidente americano, George W. Bush, de maluco e elogiou o PT.

Segundo ele, o Partido dos Trabalhadores é "uma amostra de que é possível desenvolver um senso crítico, mesmo sem o apoio da mídia".

Durante o evento, o escritor ainda criticou o individualismo, o imperialismo e falou sobre o Iraque e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Leia a seguir algumas idéias de Galeano.

Mídia do espetáculo: "O que a mídia do primeiro mundo, principalmente a americana, faz é inadmissível, tratando a invasão do Iraque como um espetáculo. Tratando, assim como o governo, o terrorismo como uma maneira de paralisar as pessoas através do medo. Isso apenas está servindo para legitimar as atrocidades cometidas pelo governo Bush. O que a mídia precisa fazer é ajudar a desenvolver um senso crítico nas pessoas, levar as questões mundiais para serem discutidas. Hoje, a mídia não faz isso".

Esquizofrenia: "O mundo hoje está esquizofrênico, porque o presidente do planeta, George W. Bush, é maluco. Há umas sete pessoas de extrema direita no poder nos Estados Unidos que vêm ditando as regras do planeta e fazendo o que bem entendem. Este governo acha que o mundo é uma caixa cheia de monstros, prontos para atacar os americanos a qualquer momento".

Iraque: "O pior ataque terrorista no mundo ocorre no Iraque, e somos obrigados a acompanhar tudo pela TV e pela internet 24 horas por dia. Se fizermos uma conta proporcional, o que já morreu de civis no Iraque equivaleria a 93 mil americanos - caso fossem os Estados Unidos os invadidos. Isso seria um escândalo. No caso do Iraque, vira apenas notícia".

Ignorância: "Estava dando aula como professor visitante na Universidade de Stamford, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos. Um americano altamente graduado, um cientista, veio falar comigo sobre a Guatemala. Ele não sabia onde ficava a Guatemala. Eu respondi que fica na América Central. E ele me disse que achava que o Kansas é que ficava na América Central. Os americanos têm um conhecimento específico muito bom das coisas. Não é à toa que são ótimos profissionais. Mas é triste saber que o destino de tanta gente no planeta está nas mãos de pessoas sem consciência nenhuma do que está ao redor delas".

Visto: "Como os Estados Unidos incrementam a sua segurança? No formulário para eu entrar lá, me perguntam se tenho a intenção de praticar um ataque terrorista no país. Alguns anos antes, me perguntaram se eu tinha a intenção de matar o presidente americano. Brinquei e respondi que tinha, sim. Hoje, não faço mais isso, brincar não é mais permitido. Mas será que um terrorista fala que praticaria um ataque? É tudo um pouco ridículo, na minha opinião". (risos)

Venezuela: "Estive na Venezuela como observador do plebiscito de Hugo Chávez. Acho um absurdo as visões distorcidas que vejo no primeiro mundo sobre Chávez e a Venezuela e a perseguição que ele sofre pela mídia de seu próprio país. A votação ocorreu de forma muito tranquila e foi 100% legítima. Na hora de criticar tanto o Chávez, o mundo precisa saber que ele promoveu uma inclusão social de mais de 5 milhões de venezuelanos, que viviam em uma situação de quase indigência, sem nem documentos de nascimento. Além disso, foi o único presidente da história recente que pediu para o povo escolher se ele ficaria ou não no poder. Acho isso um mérito dele".

PT: "Falo sobre a manipulação da mídia na Venezuela, mas nem sempre é assim na América Latina. No caso do Brasil, os conglomerados de comunicação sempre foram contra o partido de esquerda, o PT. Mas o PT elegeu um presidente, elege governadores, prefeitos. Uma amostra de que é possível desenvolver um senso crítico, mesmo sem o apoio da mídia".




Fonte: BBC Brasil

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