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Cidades/Geral
Quarta - 06 de Outubro de 2004 às 13:53
Por: João Carlos Caldeira

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A convite de um amigo, estive visitando a região de Alta Floresta, localizada no norte de Mato Grosso, a 800 quilômetros de Cuiabá. O objetivo da visita não teve nenhum cunho científico ou empresarial, só uma boa e relaxante pescaria no Rio Teles Pires.

Utilizamos praticamente todos os meios de transporte. Fomos de ônibus pela empresa Real Norte (que por sinal deixou muito a desejar, o veículo ficou na estrada a 80 Km de Alta Floresta por problemas mecânicos), andamos de carro pela cidade, e nos deslocamos de avião monomotor da até a pousada no Rio Teles Pires.

Na pousada, que fica as margens do rio, na divisa com o estado do Pará, os únicos meios de transportes são os barcos, por motivos óbvios. O retorno de Alta Floresta para Cuiabá foi de avião, com a Trip, tranqüilo, quente (o ar condicionado não gelava) e rápido.

A pescaria foi um sucesso, com alguns Tucunarés, Matrinchãs e Jaús de até 60 quilos, todos devidamente fotografados e filmados, até porque palavra de pescador não vale muito. Todos os peixes foram devolvidos ao rio! Só se permite pesca esportiva na pousada.

Nos dias seguintes a nossa estada, uma equipe da TV Record de São Paulo, esteve no local fazendo uma série de reportagens sobre turismo ecológico, pesca esportiva e aldeias indígenas da região.

Durante dois anos, em 1987 e 1988, morei em Alta Floresta e desde então não havia voltado à cidade. Com essa visita, pude fazer uma comparação de dois momentos distintos do desenvolvimento da região. Ha quinze anos atrás, a economia era baseada totalmente na atividade garimpeira.

A exploração do ouro de aluvião no rio Teles Pires era irracional e devastadora para o meio ambiente. Milhares de Dragas se instalavam no leito do rio, deixando um rastro de óleo diesel, gasolina e mercúrio.

A situação mudou completamente e felizmente para melhor. Não existe mais exploração de ouro na região e a pecuária extensiva e a exploração da madeira transformou a ¨cara¨do município. A cidade cresceu ordenadamente, preservando grandes áreas de florestas, apesar do desmatamento crescente e intenso dos últimos anos.

Alta Floresta, Paranaíta, Nova Monte Verde, Apiacás e outras pequenas comunidades, estão se transformando em pólos produtores de arroz, café, cacau, milho e até de soja, além da pecuária e da madeira.

Enquanto sobrevoava naquele pequeno monomotor de Alta Floresta à pousada no Rio Teles Pires (uma hora de vôo), pude constatar que apesar do desmatamento desenfreado, das derrubadas não autorizadas e das queimada que assolam Mato Grosso, ainda sim, temos muita área preservada de floresta Amazônica, que deve ter a atenção e o cuidado de todos nós, independente da soja, do algodão e do crescimento do agronegócio.

Para que nossos filhos e netos possam ter o prazer de pescar um Jaú de 60 quilos, de visitar aldeias indígenas, de andar por horas num barco pelo rio Teles Pires sem encontrar um hectare que seja de área desmatada e conhecer ao vivo, a beleza e grandiosidade de um ecossistema único no planeta terra.

João Carlos Caldeira
Empresário, jornalista, especialista em administração de turismo, hotelaria e lazer.
E-mail: joaocmc@terra.com.br




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