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Quarta - 22 de Setembro de 2004 às 07:51

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A Prefeitura de Tangará da Serra decreta estado de emergência por 60 dias, depois do temporal que atingiu a cidade na tarde de domingo. O temporal destruiu duas casas, destelhando totalmente outras quatro e mais de 50 casas foram parcialmente destelhadas, segundo informações que a Defesa Civil do município colheu até a tarde de segunda (20/09).“Estamos coletando as informações sobre os danos causados à população. As pessoas podem ligar no 193 ou vir até o Corpo de Bombeiros para se cadastrarem. Provavelmente esse número deve aumentar. Nosso objetivo é fazer um relatório até o final da semana, para entregar à prefeita e também para a Defesa Civil Estadual para serem tomadas as medidas cabíveis”, explicou o Major Alves, do Corpo de Bombeiros de Tangará.

Os ventos que vieram da direção sudoeste atingiram velocidade, entre às 15:00 e 16:00 horas, de mais de 90km/h e choveu 10.2mm, conforme informações da Estação de Meteorologia da Universidade Estadual de Mato Grosso, UNEMAT. “As rajadas de vento chegaram aqui na estação, na UNEMAT, a atingir uma velocidade de 74km/h, mas na cidade, provavelmente esses ventos chegaram a mais de 90 km/h”, informou o responsável pela estação, o professor em meteorologia e climatologia da UNEMAT, Gustavo Schiedeck.

Segundo o professor, esse é o segundo ano consecutivo que esse fenômeno acontece. “No ano passado, nessa mesma época, aconteceu esse mesmo episódio, só que os ventos chegaram a 108 km/h. No mês de setembro é normal acontecerem esses eventos, por ser um período de transição entre o inverno e a primavera”, explicou o professor.

EMERGÊNCIA: Segundo o Major, o Corpo de Bombeiros não registrou nenhuma solicitação de resgate mais grave causado pelo temporal. “Nós apenas atendemos, graças a Deus, solicitação de pessoas passando mal pelo desespero de ver sua residência sendo destruída pelo temporal e também alguns ferimentos leves, além, é claro, das inúmeras ligações das pessoas que estavam solicitando a ajuda dos bombeiros por terem suas casas destruídas”, informou o Major.

O Corpo de Bombeiros também realizou na tarde de domingo 15 cortes de árvores e distribuição de lonas para as famílias que solicitaram. “Ontem nós entregamos lonas para várias famílias. Inclusive a uma senhora que estava grávida e teve sua casa totalmente destruída no Jardim Vitória. Estamos coletando doações, sejam de lonas, materiais de construção, roupas, móveis, o que a população quiser doar que possa ajudar essas famílias”, contou.

A população mais atingida pelo temporal, que durou menos de uma hora, foi os moradores dos bairros Novo Tarumã, Jardim Olímpico, Dona Júlia e alguns locais na região central e com menos intensidade em vários locais da cidade como os bairros Santa Izabel e Jardim vitória.

Desespero. Essa é a palavra que retrata a situação que a família de Cacilda de Oliveira, 40 anos, empregada doméstica, mãe de dois filhos, moradora da Rua 50, Q 27, N° 23 do Bairro Novo Tarumã, está enfrentando. A casa que demorou nove anos para ser erguida teve todo o teto levado pelo vendaval em menos de 30 minutos. “Não desejo isso para ninguém. Até agora não acredito no que vejo quando olho para minha casa. Como vou conseguir levantar isso tudo de novo, com o que ganho como empregada que é apenas um salário mínimo? Isso tudo foi fruto de muito esforço durante nove anos. O que vou fazer? Estou desesperada”, indagou Cacilda.

Cacilda, que está separada do marido há mais de nove anos, conta que trouxe os dois filhos para morar com ela há menos de dois meses porque a casa já estava quase pronta. “Minha casa ficou toda pronta tem, apenas, uma semana. Meus filhos vieram morar comigo, porque agora tinha um teto para dar para eles e com isso eles iriam poder estudar. E agora, onde vamos morar, já que minha casa está sem o teto? Eu não posso ficar morando em casas de parentes e amigos, não é justo com eles e nem comigo que lutei sozinha para conseguir isso tudo”, contou emocionada à reportagem do DS.

Na hora do temporal, Cacilda estava na casa juntamente com a sua irmã, seu cunhado e um sobrinho. “Vi o teto passando pelas nossas cabeças. A telha passou por um fio da cabeça do meu cunhado. Foi uma situação desesperadora. As minhas coisas, que não são muitas, estão todas no tempo. Perdi toda a minha comida. Fiz o cadastramento no Corpo de Bombeiros, mas vai saber quando vou conseguir ter um teto para dar para os meus filhos novamente. É triste você ver tudo que conseguiu durante toda uma vida ser tirado de você em um instante”, confessou.

Como Cacilda, muitas famílias tangaraenses tiveram seus telhados e casas destruídos. Além disso, postes, placas, ruas destruídas pelas águas da chuva foi o saldo que o município herdou do temporal.




Fonte: Diário da Serra

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