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Meio Ambiente
Segunda - 13 de Setembro de 2004 às 16:36
Por: Maurício Cardoso

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O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) atuarão juntos na gestão florestal dos assentamentos agrários da Amazônia. O acordo de cooperação técnica entre as duas instituições foi assinado hoje, em Brasília, durante o Encontro Nacional dos Superintendentes do Incra e Delegados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

A idéia é conciliar reforma agrária, meio ambiente e desenvolvimento econômico a partir do controle das queimadas e dos desmatamentos praticados pelos trabalhadores rurais assentados na região. A meta é criar um novo modelo de exploração que valorize a floresta como fonte de renda. “É importante mostrar que a floresta vale mais em pé do que abatida. E isso vale tanto para os grandes como para os pequenos assentamentos”, ressalta o presidente do Ibama, Marcus Barros.

Para ele, o acordo firmado hoje entre o responsável pela concessão das áreas de assentamento e o responsável pela proteção dessas áreas marca o início da racionalização do aproveitamento dos recursos madereiros dentro das pequenas propriedades. Marcus Barros explicou que o nível de desmatamento provocado pela soma dos pequenos assentamentos é muito alto e que o não aproveitamento da área desmatada consolida a devastação na região.

“Não devemos nos preocupar apenas com os grandes assentamentos que, obviamente, desmatam na mesma intensidade da sua dimensão. Existe uma série de pequenos assentamentos que, somados entre si, registram níveis alarmantes de desmatamento”, alertou o presidente do Ibama. Marcus Barros reconhece que abolir a queimada da cultura rural brasileira não é uma tarefa fácil, mas é perfeitamente viável através da comunhão entre Incra e Ibama.

“Isso não se faz por decreto: a partir de hoje não haverá mais fogo”, afirmou, ressaltando que à medida que se substitui o fogo por novas tecnologias de desmatamento e de queimadas controladas é possível reverter este quadro. Como exemplo, Marcus Barros citou o caso das tradicionais queimadas em Roraima, que este ano quase não apareceram na mídia porque a incidência de desmatamento por fogo foi pouco expressiva. “ È uma prova de que estamos no caminho certo”, afirmou.

Diretor executivo do Incra para a região Amazônica, Raimundo Lima explicou que o acordo de cooperação técnica permitirá um estudo mais aprofundado sobre o desmatamento em assentamentos, a elaboração de um inventário florestal nessas áreas e o aproveitamento da madeira que será derrubada. “É a primeira etapa de um grande programa que prevê o fim dos desmatamentos nos assentamentos em um futuro próximo”, enfatizou.

O primeiro passo é orientar os assentados para a importância de se manter as áreas de preservação permanente e permitir que os pequenos trabalhadores rurais, dentro das normas e com novas tecnologias, possam utilizar o potencial econômico da floresta através da prática do corte raso, que pode gerar até 30 metros cúbicos de madeira por hectare.

Segundo Raimundo Lima, a próxima etapa será oferecer alternativas do manejo florestal e comprovar aos assentados que esta atividade é superior a qualquer atividade agropecuária na região e mantém o patrimônio ambiental preservado para gerações futuras. “Não queremos fazer disso uma atividade econômica no assentamento. Vamos apenas promover o aproveitamento daquilo que ele geralmente queimava, transformava em cinza, e que nada deixava para o assentado”.





Fonte: Agência Brasil

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