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Meio Ambiente
Segunda - 16 de Agosto de 2004 às 15:10

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Pesquisadores brasileiros e americanos vão tocar fogo na Amazônia a partir desta segunda-feira - literalmente, mas no bom sentido. O experimento faz parte do Projeto Savanização, que vai estudar a dinâmica do fogo e os seus efeitos sobre a floresta em áreas de transição com o cerrado - a savana brasileira.

Os pesquisadores querem saber detalhes como a velocidade de propagação, a temperatura e a altura das chamas de uma queimada em diferentes situações. E a única maneira de estudar isso é provocando uma.

Os incêndios controlados serão realizados em uma área de 300 hectares na Fazenda Tanguro, do Grupo AMaggi, em Querência, Mato Grosso. O laboratório natural foi dividido em três blocos de 100 hectares: um para ser queimado anualmente, outro para ser queimado a cada três anos e o último para servir de controle.

A pesquisa, chefiada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), deve terminar só em 2010.

Savanização acelerada

A expectativa dos cientistas é mimetizar o processo de savanização, que já ocorre na Amazônia e ameaça transformar grande parte da floresta em cerrado nas próximas décadas. "A savanização é um processo natural entre os dois biomas", explica a coordenadora de Pesquisa do Ipam, Cláudia Azevedo Ramos.

"Nossa preocupação é que isso está sendo acelerado pelo desmatamento e pela agricultura, na qual o fogo é muito utilizado e acaba escapando para dentro da floresta", completa.

A partir disso, inicia-se um processo em que incêndios sucessivos vão enfraquecendo a mata, tornando-a mais seca e alterando sua composição.

"O fogo faz parte da ecologia do cerrado, mas não da floresta", diz o pesquisador Carlos Nobre, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "Se o fogo prevalece numa área de transição, portanto, o ecossistema que vai ganhar a briga é o cerrado."

Desmatamento e aquecimento

Modelos feitos por ele indicam que de 20% a 60% da Amazônia pode virar savana até o fim do século, levando em conta o desmatamento e o aquecimento global - sem contar o fogo.

Além do Ipam e do CPTEC, o projeto tem a participação de pesquisadores da Universidade de Brasília, da Universidade Federal de Mato Grosso, do Woods Hole Research Center, do US Forest Service e das Universidades de Yale e Stanford.

O fato de a pesquisa ser realizada numa fazenda também permite estudar opções sustentáveis de convivência entre atividades econômicas e a preservação ambiental, afirma Cláudia.




Fonte: Olhar Direto

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