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Nacional
Sexta - 13 de Agosto de 2004 às 09:01
Por: João Carlos Caldeira

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Desde o início do ano, pressionado por diversas ONG´s, pela queda dos índices de popularidade do presidente e pelo fraco desempenho da economia, o governo federal tem atuado duramente no combate ao trabalho escravo em todo o país.

A fiscalização do Ministério do Trabalho tem visitado diversas propriedades rurais, e verificando as condições de higiene, conforto e de segurança dos trabalhadores braçais. Em Mato Grosso, várias Fazendas e Agropecuárias foram autuadas. As multas são pesadíssimas, além do processo criminal que pode ser instaurado contra o proprietário ou administrador.

Agora pergunto a você amigo (a) leitor (a): o que é trabalho escravo? Sempre imaginei que fosse um trabalhador privado de sua liberdade, submetido ao poder e a vontade absoluta de um senhor ou patrão, tratado como propriedade.

Mas pelo que vejo nos noticiários recentes, a fiscalização do Ministério do /trabalho do governo Lula, entende como trabalho escravo, toda e qualquer atividade em que não sejam atendidas todas as condições ideais de conforto, higiene e de segurança de um trabalhador rural.

Como disse um inteligente e sábio colega, ¨beber água de rio e acampar em barraco de lona no meio do mato, virou trabalho escravo¨.

Talvez para nós ¨urbanoides¨, acostumados a beber água gelada, andar em carro ou ônibus com ar condicionado, ir ao shopping todo final de semana, seja difícil imaginar que em alguns trabalhadores rurais, próximos a cidades como Juara, Nova Monte Verde, São Félix do Araguaia ou Matupá, possam trabalhar acampados, cozinhando em fogões improvisados, dormindo em redes e bebendo água de rios como o Teles Pires, Araguaia, Cristalino ou Juruena.

Que fique bem claro que não estou fazendo apologia ao capitalismo, muito menos defendendo os proprietários rurais que não cumprem a legislação trabalhista. Também não sou fazendeiro e nem se quer proprietário de chácara de lazer!

Só quero que me respondam o seguinte: Morar num barraco de cinco metros quadrados, no Jardim Vitória, no São Francisco, ou num dos grilos de Cuiabá e Várzea Grande; sem rua, água encanada, rede de esgoto, com um ¨gato¨na energia elétrica, trabalhando como flanelinha toda noite, ou como catador de latinha não é trabalho escravo?

A diferença é que no caso acima o ¨patrão¨, o ¨senhor¨, ou o ¨fazendeiro¨é o estado, que não consegue cumprir a lei (constituição), que prevê que todo cidadão tem direito a liberdade, a vida, a saúde, a educação.

Somente na grande Cuiabá existem milhares de trabalhadores escravos do estado, vivendo na mais completa miséria e abandono, sem que seus direitos básicos sejam respeitados.

Por que será que a fiscalização do Ministério do Trabalho não multa seu próprio chefe maior, o excelentíssimo presidente da república? Por que será que nenhum governador ou prefeito é preso ou tem os seus direitos políticos cassados quando não conseguem cumprir a lei?

João Carlos Caldeira
Empresário, jornalista, especialista em administração de turismo, hotelaria e lazer.
E-mail: joaocmc@terra.com.br




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