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Meio Ambiente
Sexta - 06 de Agosto de 2004 às 11:52

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Durante dois meses, 60 cientistas de 13 países vasculharam as profundezas que rodeiam a Dorsal Atlântica, a maior cordilheira submarina do mundo, para revelar os mistérios de uma das regiões mais desconhecidas do Oceano Atlântico.

O resultado foi o Mar-Eco, uma das expedições marinhas mais detalhadas da História. O projeto descobriu em águas do Atlântico Norte o que podem ser várias novas espécies de peixes e lulas numa área que até agora era considerada uma espécie de deserto marítimo.

A Dorsal Atlântica é uma cordilheira que divide o oceano em dois: desde a Islândia até um ponto 7.200 quilômetros a leste do extremo sul da América do Sul, com picos submarinos que alcançam os 5.000 metros de profundidade e uma largura da base de 1.500 quilômetros de leste a oeste.

O estudo desta região do oceano foi muito difícil até agora porque, como explica à EFE o norueguês Odd Aksel Bergstad, diretor do projeto Mar-Eco, não havia tecnologia disponível.

"Analisar a Dorsal era como querer passar um navio pelos Pireneus ou pelos Alpes".

Mas a situação mudou nos últimos anos com o avanço de novas tecnologias que foram aplicaradas na expedição Mar-Eco. Entre elas, os "eco-sounders", um sofisticado tipo de sonar que consegue captar animais de poucos centímetros de comprimento a uma distância de até três quilômetros abaixo da superfície.

Este sonar - tão preciso quanto o radar utilizado para orientar vôos de aviões comerciais - dirigiu as pesquisas por veículos remotos, autênticos robôs que da nave-mãe "G.O. SARS", centro nevrálgico da expedição, submergiam para fotografar a vida no fundo do mar.

O resultado foi "mais que satisfatório" para Bergstad e o resto da equipe científica. Em dois rodízios, os cientistas participaram duas vezes da prospecção da região da Dorsal entre a Islândia e os Açores, até o ponto em que alcançaram "uma nova descrição da biodiversidade da área".

Os cientistas listaram mais de 80 mil espécimes que a partir de agora serão analisados por cientistas de todo o mundo. Enquanto esperam os resultados finais, eles acreditam ter identificado cinco novas espécies de peixes e duas de lulas.

No total, mais de 200 espécies de peixes de águas intermediárias foram identificadas, além de cerca de 100 espécies abissais.

O mais espantoso para os integrantes do Mar-Eco é que acreditava-se que muitas das espécies encontradas não existiam na região. Das cerca de 50 espécies de lula listadas, algumas não eram contempladas pelos cientistas há um século, durante a expedição do "Challenger".

Dos dois cefalópodos recém-descobertos, o primeiro pertence à família "Promachoteuthidae", da qual até agora se conheciam 11 espécies, enquanto que a segunda lula pertence à "Planctoteuthis".

Além disso, outros cinco exemplares de peixes foram catalogados inicialmente como novas espécies. Entre eles, uma nova espécie de "Ophidormes", uma das ordens mais comuns de peixes abissais.

"A descoberta de novas espécies não ocorre muito freqüentemente", explica Bergstad. O norueguês considera que os cientistas recolheram material suficiente para manter-se ocupados durante quatro anos. O relatório final sobre a expedição só deve sair em 2008.

Mas, à parte das novas espécies, Bergstad destaca a nova visão da Dorsal Atlântica que a Mar-Eco está proporcionando como um fértil terreno.

E quando perguntam sobre o valor da pesquisa, o cientista norueguês não tem nenhuma dúvida.

"Se deixássemos de recolher informação nova, conhecimentos novos sobre qualquer área, nos empobreceríamos como espécie".




Fonte: EFE

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