Empresas rastreiam celulares para vigiar empregados
Empresas de rastreamento de celulares estão atraindo principalmente pequenas e médias companhias de setores como vendas, entregas em domicílio e consertos cujos empregados trabalham fora da sede.
Kevin Brown, gerente de vendas da Follow Us, que vende o rastreamento no sistema pré-pago, conta que a empresa londrina foi aberta em março de 2003, nunca buscou financiamento de investidores e já tem 20 mil usuários registrados.
"A vantagem do sistema, além do preço, é que não é necessário nenhum equipamento especial ou instalação de nenhum programa," diz Brown.
Simplicidade
Em vez de utilizar o sistema GPS, de rastreamento por satélite, as empresas britânicas fazem contratos com as operadoras de celular e usam o sistema europeu de comunicações de celular (GSM - Global System for Mobile Communications).
Vodafone, Orange e T-Mobile calculam a distância entre as antenas e os aparelhos a serem rastreados e envia os dados para as empresas, que, por sua vez, enviam um mapa com a localização do celular para os clientes.
Em áreas urbanas, a margem de erro é de aproximadamente 100 metros. Em áreas rurais, com menos antenas disponíveis para o cálculo da distância, a precisão pode ser bem reduzida.
Os custos são muito inferiores ao rastreamento por satélite. Uma busca custa o equivalente a R$ 1,25.
Big Brother
Brown afirma que o interesse despertado por empresas como a Follow Us no país seria causado por uma combinação de empregadores querendo espionar os empregados e questões de segurança.
"É bom para os clientes saber onde os funcionários estão e garantir que estejam efetivamente trabalhando no horário de trabalho. Mas tem mais. Empregados que passam mal, podem receber ajuda com mais facilidade", afirma.
Na Grã-Bretanha, a questão da privacidade é especialmente levada a sério. Qualquer um pode ser registrado para ter seu telefone rastreado ou criar um grupo de telefones a serem rastreados.
Mas, na primeira vez em que o serviço é acionado para buscar a localização de um aparelho, o usuário é notificado antes. Ele recebe uma mensagem de texto com uma senha. E registra a senha respondendo à mensagem ou no website da empresa.
"Estamos rastreando uma pessoa e não um bem. E este indivíduo, sob o Ato de Direitos Humanos de 2000 na Grã-Bretanha, tem o direito de dizer não. O empregador tem o direito de rastreá-lo durante as horas de trabalho, mas fora delas, ele pode bloquear. Se sair de férias, pode nos avisar via internet que não quer ser rastreado", diz Brown.
Barganha
O poder de barganha de funcionários pode ser restrito, no entanto. Em casos pessoais, quando uma esposa rastreia o celular do marido, por exemplo, ele pode escolher as horas do dia em que quer ser rastreado. Ou simplesmente desligar o celular. As antenas só podem captar onde um celular está até o momento em que ele é desligado.
"É preciso ter o consentimento permanente da pessoa que está com o aparelho," acredita Brown, que faz questão de frisar que a empresa envia mensagens regulares a celulares rastreados, avisando que eles podem voltar a ser bloqueados quando o usuário quiser.
Na Grã-Bretanha, as empresas são obrigadas a seguir a Carta de Direitos Humanos adotada pela União Européia.
Resta saber se o direito à privacidade vai ser exportado junto com o serviço, que deve chegar nos próximos meses ao Paquistão.
O país tem deficiências graves de infra-estrutura, e a única forma confiável de comunicação são os celulares.
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