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Cidades/Geral
Quarta - 21 de Julho de 2004 às 14:45
Por: Neusa Baptista

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Ter uma bolsa de pesquisa é o sonho de muitos estudantes. Na graduação ou na pós-graduação, a bolsa significa, na maioria das vezes, além da valorização do trabalho intelectual do aluno, a possibilidade de ter contato com pessoas, lugares e eventos que lhe acrescentarão muito conhecimento.

A experiência de ter uma bolsa de iniciação científica está sendo experimentada pela primeira vez em Mato Grosso por estudantes do Ensino Médio, selecionados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) para o programa de bolsas PIBIC Júnior, que concede auxílio financeiro para que os alunos tomem contato com as atividades de pesquisa.

BILL GATES - O professor Alberto Arruda, do departamento de Física da UFMT explica que a ferramenta básica da Física Teórica é a computação e, para isso, é necessário desenvolver programas para resolver equações matemáticas da disciplina. Ao seu lado, manuseando números e fórmulas que pouco ou nada interessam à maioria das meninas de sua idade, a bolsista PIBIC Júnior Cleide Alves Coelho está aprendendo a programar, isto é, a ‘fabricar’ programas de computador para resolver cálculos em física. Estudante da escola estadual Cesário Neto, em Cuiabá, ela diz que o contato com os cálculos em física tem ajudado a compreender melhor as aulas teóricas que recebe na escola. “Além de já me integrar no ambiente da universidade, aumento o meu conhecimento até para prestar o vestibular. ”O professor, satisfeito, comenta: “Bill Gates Começou assim.” Sobre a Fapemat, opina: “Ela tem um papel essencial para o desenvolvimento científico do Estado. Com recursos fortes, poderá melhorar a qualidade da ciência mato-grossense.”

Bem distante dali, no Vale do São Lourenço – que abrange cidades como Dom Aquino e São José do Povo – o leite produzido está passando, desde o início de 2004, por uma rigorosa inspeção de qualidade, num trabalho de análise microbiológica e físico-química feito pela equipe do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Vicente (Cefet-São Vicente). A equipe, da qual fazem parte três bolsistas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (DTI), estuda as condições de higiene dos manipuladores e dos animais no leite natural e no resfriado.

TRABALHO – O trabalho é feito em parceria com a cooperativa de produtores de leite Comajul, com 159 membros. As medidas também são feitas na própria escola e no município de Juscimeira. O objetivo é observar as mudanças na composição química do leite desde a ordenha à industrialização; além da bolsa, o financiamento de R$ 24 mil ajudou na melhoria do equipamento dos laboratórios. Para a bolsista Marleide Guimarães de Oliveira, estudante do terceiro ano de Tecnologia de Alimentos, a bolsa tem significado tranqüilidade também no aspecto econômico. Moradora de Cuiabá, o dinheiro da bolsa tem ajudado em sua locomoção até à escola, além de ajudar na compra dos materiais necessários.

“Estou aprofundando meus conhecimentos, conhecendo de dados que até agora só tinham sido abordados de forma superficial”, diz ela. “Para nós, enquanto pesquisadores, a Fapemat é a luz no fim do túnel.” Assim opina a professora Nagela Magave Picanço, do departamento de Tecnologia de Alimentos. Segundo ela, apenas na Bacia estudada há cerca de 300 produtores. Alguns resultados já são visíveis: “Alguns produtores precisam melhorar e muito a qualidade de sua produção”, diz ela, informando que, ao final do trabalho, será elaborada para os produtores uma cartilha com orientações referentes principalmente à higiene. “Queremos trabalhar junto com o produtor do início até o final. Isso será bom tanto para nós quanto para ele e, claro, para o consumidor final”, diz ela.

PAIXÃO - Para o bolsista PIBIC Caiubi Emanuel Souza, a oportunidade proporcionada pela bolsa atende a uma paixão tão antiga quanto séria. Estudioso de Arqueologia desde criança, ele está descobrindo, por meio dos estudos coordenados pela professora Silvana Chisuco Hirooka (verificar nome)na escola estadual Ana Tereza Albernaz, que Chapada dos Guimarães “tem uma beleza e uma riqueza histórica além da turística.” Aulas teóricas e práticas têm levado os alunos a explorar a história, a Arqueologia e a Paleontologia de Chapada dos Guimarães, técnicas de escavação, coleta e demarcação. Em uma aula de campo, os alunos encontraram fósseis de animais marinhos da era paleozóica. “É importante estudar um dos locais onde a presença do homem é uma das mais antigas no mundo, cerca de 12 mil anos. Descobrimos um grande patrimônio que está sendo degradado”, ressalta a bolsista Gislaine do Nascimento Silva.

Já a mamona que estará sendo plantada em Mato Grosso daqui a alguns anos pode depender de um estudo que está sendo realizado na Universidade de Várzea Grande (Univag) pelo professor. Valter Slveira. Ao lado dele, dois bolsistas ITI (Iniciação Tecnológica Industrial), alunos de Agronomia, auxiliam na pesquisa que pretende determinar a linhagem de mamona que mais se adapta ao solo e condições climáticas mato-grossenses. O estudo compara seis tipos da fruta mato-grossense às variedades nordestina, paraguaçu e pernambucana. O projeto, denominado “Pesquisa e Desenvolvimento da ricinocultura em Mato Grosso” é feito em parceria com a Embrapa. Para o bolsista Franciano Thiago Machado Santana, o trabalho em campo proporcionado pela bolsa é muito importante, pois o curso é integral e não dá tempo aos alunos para fazer muita coisa além de estudar. “A mamona é uma cultura nova, que há pouco tempo era considerada uma planta daninha”, explica o bolsista.

Grupos apresentarão painel na SBPC Jovem

Os bolsistas PIBIC Júnior de Chapada dos Guiamarães estão entre os que apresentarão resultados de trabalhos de pesquisa na SBPC Jovem, programação paralela que ocorre durante a 56ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que acontece na UFMT entre os dia 18 e 23. “Quando se fala em Arqueologia e Paleontologia logo se pensa na Grécia, mas nós temos que mostrar que aqui também tem riquezas”, lembra o Caiubi Emanuel. E eles mostrarão isso por meio da exposição de fósseis e livretos relacionados ao tema. Aqui não há preservação porque não há informação.”

Bolsista estuda Nanotecnologia

Nanotecnologia. Essa palavra estranha define o ramo de estudo escolhido pelo doutor Maurício Godói, é um dos bolsistas DCR radicados em Mato Grosso. Graduado em Física pela UFMT e pós-graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para ficar mais perto da família e retornar a Mato Grosso, ele se inscreveu na bolsa DCR, considerada uma grande oportunidade. “Estudo das propriedades magnéticas de nanopartículas” é o título de sua pesquisa, que é a primeira sobre o tema desenvolvida no Estado. “O Brasil ainda tem muito o que crescer nessa área.” A presença do novo professor e do novo tema de estudo também atraiu bolsas de Iniciação Científica. “A idéia é criar um ambiente de pesquisa que estimule os alunos”, explica Godói.




Fonte: Secom - MT

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