Repórter News - www.reporternews.com.br
Politica Brasil
Segunda - 19 de Julho de 2004 às 15:10
Por: Adriana Vandoni Curvo

    Imprimir


Tipo assim Você está ficando velho?

Sabe, tipo assim... muita coisa não foi da minha época, mas outras coisas... bem, nem me lembro mais.

Disco long-play? Fusca? Lurex? John Travolta?

Sei não, "nunca ouvi falar"!

Há uns anos atrás a TV Cultura reprisou o original do Sítio do Pica-pau Amarelo, do meu tempo. Aquele que fazia a mim e às outras crianças saírem correndo do colégio para assistir. Saía do Colégio Coração de Jesus às 11h20, e ia voando pra casa assistir às aventuras da Narizinho, que começavam às 11h30. Hoje provavelmente assistiria aos assassinatos da noite anterior ou veria um acontecendo ao vivo. Poderia também me "distrair" vendo cadáveres ou assistiria à condenação de inocentes, sem qualquer remorso dos seus acusadores.

Mas, voltando à minha infância, um dia, já há pouco tempo, tentei mostrar aos meus filhos algo que marcou meus 11 a 12 anos. Chamei as crianças que brincavam no térreo do prédio para ver o Sítio.

Aí né, em 5 minutos, bem na hora da "tensão", quando o Rabicó ia roubar os bolinhos da Dona Benta, virou um pra mim e disse:

- Mas mãe, isso não é um porco, é um homem! Olha a perna dele!.

Quis morrer!

Passei anos vendo o Rabicó como um porco, sem questionar se a perna aparecia ou não. Agora vem um fedelho acabar com meus sonhos de infância!

Alguém merece? Fala sério!

E a feiticeira do seriado!

Estava eu pulando de um canal de TV para outro, logo que a TV a cabo chegou em Cuiabá, e deparei-me com ela.

Como eu adorava na minha infância! Tínhamos uma brincadeira de colocar durex, da ponta do nariz até a testa, pro nariz ficar arrebitado e balançar mais facilmente. Acho até que ele é um pouco torto de tanto tentar fazer os feitiços dela.

Pois bem, me acomodei no sofá da sala, ansiosa para rever o programa e vi os fiozinhos de náilon que mantinham aquela panela de cozinha suspensa no ar.

Que decepção! Eu um dia acreditei que panelas podiam sair voando com um simples balançar do nariz e não via os fiozinhos de náilon! Senti-me iludida como o próprio eleitor após as campanhas eleitorais.

Mas valeu! Há momentos para cultivarmos a inocência e viajarmos nos nossos sonhos, e momentos para pensar melhor e questionar tudo que pareça factível quando nos apresentam. Há momentos para refletirmos que simples balançadas de narizes não terão o poder que gostaríamos. Que nossos eleitores procurem fiozinhos antes de escolher em quem votar.

Adriana Vandoni Curvo é economista, professora universitária e consultora, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas - RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br




Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/378079/visualizar/