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Politica Brasil
Sexta - 09 de Julho de 2004 às 15:11
Por: Onofre Ribeiro

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As mudanças no conceito do emprego nos últimos anos vêm derrubando as posições tradicionais da escola de nível médio, do nível técnico e até mesmo da universidade. Levas de jovens não decolam e acabam se marginalizando de um modo ou de outro.

Recordo-me que até uns 15 anos, ao sair da faculdade, os espaços se abriam para qualquer jovem graduado. Isso foi mudando lentamente. Hoje a faculdade não dá garantias.

Trago o assunto por conta de uma experiência fantástica que está acontecendo em Mato Grosso. É o programa de Cursos de Aprendizagem Industrial que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai, está implantando. Ontem conversei longamente com o diretor regional em Mato Grosso, Gilberto Gomes de Figueiredo.

O programa é uma alternativa do Senai nacional para a questão do primeiro emprego na área industrial. Em Mato Grosso são 926 vagas abertas em 22 cursos, com 40 turmas em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Rondonópolis, Barra do Garças, Primavera do Leste, Tangará da Serra, Juína e Sinop, onde existem unidades do Senai.

A seleção se deu no último domingo. Em Cuiabá e Várzea Grande inscreveram-se 4.375 candidatos, numa proporção de 30 candidatos por vaga. Mais concorrência do que o vestibular da UFMT e de muitos concursos públicos. O sucesso da idéia está no fato de que esses jovens terão chances enormes de serem contratados imediatamente pelo mercado de trabalho.

O programa nacional atende à exigência das Leis Trabalhistas e da lei que determina quotas de jovens-aprendizes a serem contratados pelas empresas. O programa atende exatamente a esse propósito. Em geral as empresas deixam de contratar as quotas de jovens porque não existem pessoas preparadas no mercado. O programa de aprendizagem industrial traz cursos com 400 horas de duração em cursos considerados seguros e sem riscos de salubridade para os jovens.

Mas, para abranger o maior universo possível, há um curso capaz de cobrir a visão mais larga do trabalho dentro de uma indústria. É o “Aprendiz Administrativo Industrial”. A sua grade curricular contempla a visão gerencial do processo industrial, de modo a que o jovem seja capaz de atuar largamente na empresa.

A oportunidade do projeto, lembrou Gilberto Gomes, se na procura, que surpreendeu muito além do esperado. E mais: o número de desistentes á seleção foi mínimo. “É um pingo d´água na chapa quente”, prevê ele para assinalar que a demanda é muitas vezes maior do que a primeira leva.

Os cursos têm a vantagem de serem gratuitos. Custarão R$ 1 milhão ao todo. O sistema exigirá dos alunos desde o uso do uniforme, doado pelo Senai junto com kit de material didático, até cantar o Hino Nacional antes do início das aulas. É educação abrangente, diz ele.

Gilberto arrisca que se outros serviços congêneres fizerem o mesmo, o mito do desemprego na juventude começará a desaparecer. No caso do Senai isso representa também a retomada da missão histórica de 60 anos do órgão, que marcou a idéia de formação profissional no Brasil.

O jovem precisa de formação para o mercado de trabalho. Não adianta a educação formal apenas, porque exige-se habilidades que precisam ser ensinadas. No caso do programa de aprendizagem industrial o treinamento não termina no treinamento, diz ele. “É um programa resolutivo, porque resulta no efetivo emprego aos estudantes”.

Voltarei ao assunto.




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