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Internacional
Terça - 15 de Junho de 2004 às 15:26

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O chefe da equipe de advogados de defesa de Saddam Hussein denunciou, em declarações concedidas à EFE, que o ex-presidente iraquiano sofreu torturas "físicas e morais" em seu cativeiro, ao se referir a um relatório confidencial da Cruz Vermelha.

"Recebemos um relatório confidencial do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que diz que o presidente iraquiano foi submetido à tortura física e moral em 21 de janeiro de 2004 e que, como conseqüência delas, teve feridas", disse Mohamed Rashdan, um dos mais proeminentes advogados da Jordânia.

Um porta-voz do CICV em Amã, que pediu o anonimato, não quis se pronunciar sobre o suposto relatório. "Não posso fazer isso porque é confidencial", explicou.

Ontem, a porta-voz do CICV em Bagdá, Nada Doumani, instou os Estados Unidos a apresentar acusações concretas contra Saddam Hussein ou libertá-lo.

Segundo Rashdan, esta nova posição de firmeza por parte do CICV é uma conseqüência de "uma áspera reunião da equipe de advogados (de Saddam) com o chefe do escritório do CICV em Amã, em 9 de junho".

"Dissemos que o CICV está obrigado a fazer alguma coisa de acordo com a legalidade internacional", assegurou.

O porta-voz do CICV em Amã confirmou que essa reunião tinha acontecido, mas assegurou que este assunto não foi discutido, motivo pelo qual se mostrou "um tanto surpreso" com as declarações do advogado.

Até o momento, o CICV informou sobre duas visitas realizadas por seus funcionários a Saddam no lugar onde está detido no Iraque -que se mantém em segredo-, e, em ambos os casos, o ex-ditador entregou a seus interlocutores duas mensagens para seus familiares.

"Sua família recebeu primeiro uma carta de dezessete palavras depois que os ocupantes americanos omitiram três quartos (dela)", disse Rashdan, que assegurou que a segunda carta continua em poder das tropas americanas.

Saddam escreveu a segunda carta para sua família na presença dos enviados do CICV em abril, mas a missiva foi entregue aos representantes da coalizão para que fosse submetida à censura preventiva. Aparentemente, ela segue em seu poder.

Rashdan dirige o grupo de advogados de defesa do deposto presidente iraquiano, que inclui dezenas de profissionais renomados, árabes e não árabes.

Segundo ele, só na Jordânia, 700 advogados se apresentaram como voluntários para defender Saddam Hussein, cifra que chega a 1.500 em todo mundo árabe.

Este advogado, designado pela mulher de Saddam, Sajeda, para ser seu representante, chegou a ser presidente do primeiro Conselho Nacional de Direitos Humanos criado pelo rei Hussein e hoje preside a União de Advogados Árabes.

A denúncia de torturas contra Saddam acontece durante a polêmica sobre se ele deve ser entregue às autoridades iraquianas para ser julgado em breve.

Dentro do novo governo que tomará posse em 30 de junho, o primeiro-Ministro Iyad Allawi e o presidente Gazhi al Yawer asseguraram que Saddam será entregue às autoridades iraquianas antes dessa data pelos militares americanos que o mantêm detido.

No entanto, o presidente dos EUA, George W.Bush, disse hoje na Casa Branca que para que a entrega de Saddam aconteça é preciso garantir primeiro "a segurança apropriada" no Iraque, dando a entender que isso demandará mais tempo.

Se forem confirmadas as torturas e maus-tratos de Saddam, se agravaria o escândalo ainda não esquecido da prisão de Abu Ghraib, onde os casos de tortura não só se confirmaram mas foram documentados em fotografias difundidas pelas televisões e jornais de todo o mundo.

O advogado de Saddam já tinha denunciado, na França, que pensava acionar os EUA por não dar nenhuma informação sobre o estado de saúde de Saddam Hussein e disse estar "muito preocupado com as condições de sua detenção", mas desta vez foi mais longe, denunciando torturas.




Fonte: EFE

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