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Esportes
Sábado - 12 de Junho de 2004 às 19:27
Por: Livio Oricchio

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Montreal, Canadá - A ausência do ídolo local, Jacques Villeneuve, não reduziu o interesse dos canadenses pelo evento esportivo mais importante da cidade: cerca de 100 mil torcedores estarão neste domingo no circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, para assistir à oitava etapa do campeonato.

"Essa procura impressionante por ingressos é uma resposta à ameaça de perdermos a prova", disse sexta-feira Normand Legault, promotor e organizador do GP do Canadá. Custou caro para os canadenses sua permanência no calendário do Mundial. Ano passado, durante reunião da Comissão de Fórmula 1, onde pilotos, diretores de equipes, promotores de corridas e patrocinadores têm representação, Bernie Ecclestone colocou a todos que havia interesse do Canadá em manter a prova.

Havia sido cancelada por causa da aprovação de lei que proíbe a propaganda de cigarros. Como forma de compensar as cinco equipes que contam com investimentos de empresas tabagistas, os organizadores se propuseram a pagar US$ 10 milhões, ou seja, US$ 2 milhões para cada uma.

Ocorre que Frank Williams pediu a palavra na reunião e disse: "Por que só eles têm direito de receber o dinheiro? Nós que não contamos com marcas de cigarro nos carros também temos." Nesse instante, Ecclestone chamou para si a responsabilidade e declarou: "Você tem razão Frank. Se os canadenses desejarem continuar na Fórmula 1 terão de gastar não US$ 10 milhões, mas US$ 20 milhões. Cada equipe terá direito a US$ 2 milhões."

A questão foi colocada para Normand Legault, que aceitou o desafio de arrecadar o dinheiro. Sexta-feira, no restaurante Alexandre, na rue Peel, no centro de Montreal, até o prefeito da cidade, Gérard Tremblay, compareceu à cerimônia de agradecimento a Legault pela sua iniciativa de convencer os empresários de investir mais no evento. Todos os carros de Fórmula 1 não têm, no Canadá, propaganda de cigarro.

"Quando assinamos um contrato de patrocínio, garantimos a exposição da marca, em vários países, durante as provas. Qualquer alteração, reduzindo esse espaço publicitário, requer uma revisão nos valores previamente acertados entre nós e a empresa tabagista", explicou Ron Dennis, diretor da McLaren, que divulga a marca West.

A edição deste domingo é a 36ª da história do GP do Canadá, disputado pela primeira vez em 1967, no circuito de Mosport, próximo a Toronto, no estado de Ontario. Montreal, no estado de Quebec, recebeu a Fórmula 1 a partir de 1978, para nunca mais deixá-la. "O que me parece claro, hoje, é que os canadenses aprenderam nesses anos todos a gostar de Fórmula 1, independente de termos um representante a disputando", analisa Legault. Para ele e muitos dos torcedorers que hoje vão estar nas arquincadas, uma edição em especial teve sentido maior: "Sem dúvida a de 1981", diz.

Naquela corrida, o ídolo local não era Jacques Villeneuve, mas seu pai, Gilles Villeneuve, piloto da Ferrari. Apesar de Jacques ter sido campeão do mundo, em 1997, pela Williams, e Gilles vencer apenas seis corridas em toda sua carreira, a empatia dos canadenses, e de fãs no mundo todo, com Gilles sempre foi muito maior. Na prova de 1981, Gilles correu à la Gilles, ou seja, coragem extrema, determinação feroz e muita, muita velocidade.

Sob chuva, bateu a Ferrari, se arrastou com o aerofólio dianteiro de pé, quase no seu capacete, rodou, empurrou os outros, mas completou as 63 voltas da competição. E incrível: em terceiro lugar. Poucos pódios foram tão festejados pela torcida como o daquele GP.

Neste domingo também a Fórmula 1 lembra um passagem triste vivida exatamente há 22 anos na largada do GP do Canadá, no mesmo circuito Gilles Villeneuve. Riccardo Paletti, da Osela, faleceu em razão de um acidente ocorrido no grid ainda.

Didier Pironi, da Ferrari, pole position, deixou o carro morrer e Paletti, último no grid, não conseguiu desviar. O choque o matou. Mas como afirmou Legault, "o GP do Canadá ainda está bem vivo."




Fonte: Estadão.com

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