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Cultura
Quinta - 10 de Junho de 2004 às 09:41
Por: Luiz Carlos Marten

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São Paulo - Ele já vem vindo, informa a assessora da Globo Filmes. Mas Daniel de Oliveira demora um tempão até chegar aonde está o repórter do Estado, na praça de alimentação do Projac, a ilha da fantasia da Globo, em Jacarepaguá. Cadê o cara? Está ali, ó. Daniel, realmente, está a uma dezena de metros do repórter, mas a cada passo chega alguém para conversar. É um enrosco atrás do outro e ele pára, dá atenção a todo mundo. Conversa e você vê, pela cara, que se interessa, não é só o sorriso de candidato em campanha, que olha, cumprimenta mas está olhando através de você. Se houver hoje um concurso de popularidade dentro da Globo, Daniel de Oliveira ganha.

Se houver fora, ele também leva jeito de ganhar ou, pelo menos, de situar-se bem, entre os primeiros. Daniel é o galã de Cabocla, fazendo o papel que foi de Fábio Júnior na primeira versão da trama na Globo. Ele vem de um belo sucesso na minissérie Um só Coração. E, a partir de hoje, toma de assalto 152 salas de cinema de todo o País. Daniel é o astro de Cazuza - O Tempo não Pára, o filme de Sandra Werneck e Walter Carvalho que conta a história do roqueiro que morreu em 1990. Cazuza quem? Ao contrário de Renato Russo, conhecidíssimo dos jovens, Cazuza é um mito de quarentões (ou mais).

O próprio Daniel admite que conhecia pouca coisa sobre o seu biografado. "Era o cara que usava bandana e morreu de aids", diz. Daniel descobriu muito mais. "Era um poeta extraordinário, um cara que viveu como quis e transformou até a morte numa lição de vida." E ele acrescenta: "Cazuza dizia que o tempo não pára. Não ia parar para mim, também. Eu ia aprender um monte de coisas com o tempo, mas só o fato de interpretá-lo me ajudou a queimar etapas. Acho que amadureci muito com o Cazuza."

Mineiro de Belo Horizonte, Daniel de Oliveira começou a carreira em Minas, fazendo teatro e aparecendo no filme O Circo das Qualidades Humanas, que lhe valeu um contrato na Manchete. Foi para o Rio, mas a novela, Brida, foi aquele desastre. A Manchete faliu. Daniel foi parar na Globo, fazendo Malhação. "Muita gente fala mal do Malhação, mas eu peguei uma fase de mudança na série e foi muito bacana. Acho que, na vida, a gente tem de saber tirar o melhor de todas as experiências.

Só assim é que se cresce." Parece filosofia de vida de um homem maduro, não de um garoto, que tem cara de garoto, de 26 anos. Interpretar Cazuza foi um duplo desafio - emocional e físico. Não é fácil interpretar um sujeito sensível, cheio de vida, que se descobre portador do vírus da aids. Daniel foi fundo na interrogação dramática? "Por que eu?" Por que Cazuza? Por outro lado, expressar na tela a fase terminal da doença foi barra.

Muita gente o ajudou no processo. Sandra Werneck, naturalmente. E Walter Carvalho, mas também os profissionais que o ajudaram a preparar a voz, a postura e o conduziram no complicado processo de engorda e, depois, de emagrecimento. Grande ajuda veio de Lucia Araujo, a mãe do próprio Cazuza. "Ela me adotou, me deu todo apoio." O resultado é 10. Digamos, só por dizer, que você talvez não goste do filme. Tem de vê-lo, mesmo assim. Por Daniel. Ele é magnífico. É o 10 de Cazuza.




Fonte: Estadão

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