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Internacional
Quarta - 09 de Junho de 2004 às 17:25
Por: César Muños Acebes

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SEA ISLAND, EUA - O G-8 endossou nesta quarta-feira o plano americano para promover reformas no Oriente Médio e no Norte da África, mas com modificações significativas, como a ênfase em que a mudança não pode ser imposta de fora.

Versão da declaração conjunta dos líderes do grupo (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia) à qual a EFE teve acesso mostra os traços gerais do plano, ambicioso nos princípios, mas com poucas medidas concretas.

O objetivo do programa, chamado 'Cooperação para o Progresso e o Futuro Comum', é fortalecer a liberdade, a democracia e a prosperidade para todos e promover a liberdade de expressão e a igualdade entre o homem e a mulher.

A divergência entre os líderes das oito nações, reunidos em Sea Island, no estado americano da Geórgia, surgiu na forma de cumprir esses objetivos. Os pontos centrais do plano são os projetos de promoção da educação e o desenvolvimento do setor privado e do comércio, com a idéia de que a longo prazo esses passos levarão à democracia.

O texto, no entanto, não diz quanto custará o programa. Trata-se de uma discussão que os EUA querem ter com seus aliados mais adiante.

O plano original americano aludia à "mudanças de regime" na região, segundo disse à EFE uma fonte da Comissão Européia, braço executivo da União Européia, que participa da cúpula do G-8 como observador.

A versão final do texto, no entanto, não inclui medidas de apoio a partidos para promover a participação dos cidadãos na tomada de decisões nem outros projetos de caráter puramente político. Isso torna um pouco vazia a descrição inicial do programa como um plano para a democratização da região, depois de os EUA se virem obrigado a reduzir seu alcance por causa da oposição dos outros membros do G-8 e dos próprios governos árabes.

"A França nunca rejeitou a idéia de começar um diálogo para ajudar esses países a modernizar a política e a economia", afirmou hoje o presidente francês, Jacques Chirac, acrescentando que é preciso ter cuidado porque as reformas não podem ser impostas.

Esse ponto de vista estará refletido na declaração final, segundo a qual o plano é baseado na cooperação com os governos, o setor privado e a sociedade civil do Oriente Médio e do Norte da África.

Esses comentários visam a acalmar os ânimos das autoridades dos países em questão, que sentiam que sua opinião não estava sendo ouvida antes do plano original americano vazar para a imprensa, em fevereiro, e expressaram seu temor de que o texto fosse imposto unilateralmente pelos EUA.

O texto do programa - que já estava praticamente definido quando começou a cúpula do G-8 - só foi lançado de maneira oficial depois de um almoço dos líderes do grupo com os do Afeganistão, da Argélia, de Bahrein, da Jordânia, do Iêmen e da Turquia. Este foi um claro sinal do G-8 para comunicar que ouviu a voz dos governos desses países na elaboração do texto.

Ficaram de fora da cúpula os representantes da Arábia Saudita e do Egito, duas nações de grande importância na região, mas com regimes autoritários, que não quiseram aceitar o convite do G-8 para participar da reunião de Sea Island.

A declaração também destaca a necessidade de se levar em conta a diversidade da região, depois que o plano original foi criticado por colocar em um mesmo saco países tão diferentes como Marrocos e Paquistão. Além disso, o documento afirma que é importante "um acordo justo, amplo e duradouro no conflito árabe-israelense".

Esta referência não existia no texto original e foi incluída a pedido de líderes como o rei Abdala II da Jordânia e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que consideram que as reformas não terão sucesso sem uma solução para esse problema.

Os membros do G-8 se comprometem ainda na declaração a facilitar "a estabilização completa do Iraque, particularmente promovendo o sucesso do processo político e mediante o fomento da participação útil e realista da ONU".




Fonte: Agência EFE

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