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Nacional
Segunda - 07 de Junho de 2004 às 17:38

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Os homicídios e acidentes de transportes estão matando os jovens brasileiros. Essas duas causas foram responsáveis por 55,5% das mortes registradas na população entre 15 e 24 anos em 2002.

Os dados fazem parte do "Mapa da Violência 4", divulgado nesta segunda-feira pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Brasília.

A pesquisa revela que 39,9% das mortes ocorridas nessa faixa etária foram homicídios e 15,6% por acidentes de transportes (que incluem acidentes de trânsito, aéreo e em água) em 2002.

Ao avaliar os dados dos últimos dez anos, o estudo aponta para um crescimento de 88,6% no número de mortes por homicídios entre a população considerada jovem, índice bem mais elevado do que a alta de 62,3% quando a avaliação considera a população total.

Causas externas

O sociólogo da Unesco Júlio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo trabalho, destacou que as "causas externas", nas quais se enquadram os homicídios e acidentes de trânsito, assumiram uma dimensão no registro de mortalidade juvenil antes ocupada por epidemias e doenças infecciosas. Em 2002, essas causas externas foram responsáveis por 72% das mortes entre os jovens.

Segundo o sociólogo, as armas de fogo têm uma presença de destaque na mortalidade da população, principalmente entre os jovens. "Nada menos que 31,2% de todas as mortes juvenis registradas em 2002 foram causadas por armas de fogo. Quatro anos antes, em 1998, essa proporção era de 25,7%", aponta o estudo.

Outro dado considerado alarmante pelo pesquisador foi a taxa de crescimento de 5,5% no número de mortes por homicídios entre 1993 e 2002 no caso da população jovem. Segundo ele, essa taxa vem mantendo com "uma assustadora regularidade" que chega a ser possível prever quantos jovens deverão morrer por ano.

Taxa

A taxa de mortalidade entre os jovens passou de 128 em cada grupo de 100 mil habitantes (1980) para 137 em 100 mil (2002), mesmo com a queda no registro global da mortalidade no Brasil, que passou de 633 em 100 mil habitantes, em 1980, para 573 em 100 mil habitantes no ano de 2002.

As taxas de homicídios entre os jovens saltaram de 30 para 54,5 em cada grupo de 100 mil jovens no mesmo período.

Transportes

O crescimento do número de mortes por acidentes de transporte entre 1993 e 2002 foi de 19,5%. Entre a população jovem, no entanto, o aumento desses casos chegou a 30,5% no período.

Segundo a pesquisa, as mortes por acidentes de transporte chegaram a apresentar um período de queda a partir de 1997, quando entrou em vigor a nova Lei de Trânsito. Mas o fôlego foi recuperado a partir de 2001, quando as altas nesse tipo de registro voltaram a ocorrer.

Exclusão

O representante da Unesco, Jorge Werthein, reconheceu que os jovens são a parcela da população mais vulnerável à violência em todo o mundo, mas considerou "absolutamente inaceitáveis" os índices registrados no Brasil.

Segundo ele, os jovens brasileiros estão morrendo porque são excluídos. "Um país não pode não ter uma política pública para um setor da população que são 35 milhões", criticou.

O sociólogo reconheceu a existência de iniciativas no Brasil que tentam "incluir" a população jovem, mas destacou a necessidade de políticas públicas que integrem as atividades e previnam a violência.

Como exemplos bem sucedidos ele apontou a abertura de escolas nos finais de semana para atividades esportivas e culturais, o programa Segundo Tempo, do governo federal, entre outros.

Mas ele destacou que o governo poderia, por exemplo, associar uma política de emprego a essas atividades. Uma alternativa seria a contratação de jovens monitores para os programas culturais e esportivos dentro do programa Primeiro Emprego.

Werthein lembrou que esse tipo de medida preventiva para a inclusão dos jovens é muito mais barata que medidas repressivas. A internação de jovens na Febem, por exemplo, custa, segundo ele, entre R$ 2.500 e R$ 3.000 por pessoa/mês, enquanto a abertura de escolas nos finais de semana teria um custo de no máximo R$ 10 por pessoa/mês.

"As medidas repressivas são mais caras e não dão certo. As medidas preventivas são mais baratas e dão certo", concluiu.




Fonte: Folha Online

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