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Quinta - 27 de Maio de 2004 às 15:40

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"Não dá para botar só os gols e tirar o resto?", foi a pergunta do irmão de Pelé, Zoca, ao assistir pela primeira vez à montagem quase pronta de Pelé Eterno, filme sobre a trajetória do irmão.

"Não, Zoca. Eu estou chorando porque vi a mãe falando, não só por causa dos gols", respondeu um Edson emocionado, enxugando as lágrimas.

Apesar do apelo do irmão, Pelé Eterno é muito mais que as maravilhas feitas pelo maior jogador de futebol do século 20 dentro dos campos. "Tudo o que se refere a Pelé está no filme", afirma o diretor Aníbal Massaini, amigo do ex-jogador há mais de 40 anos.

Com estréia marcada para o dia 25 de junho, depois de ter sido adiada sucessivas vezes, o documentário é a primeira co-produção da Universal Pictures International no Brasil. A expectativa é que, como VHS e DVD, o filme supere todos os recordes no país, com estimativas de 500 mil cópias vendidas.

Por enquanto, antes da estréia, o personagem principal não esconde a vontade de que uma pessoa em particular assista à sua trajetória na tela do cinema. "Eu oro sempre pelo Maradona. Rezo porque ele é muito novo e tem uma vida pela frente. E também porque quero que ele vá ver o filme na Argentina e tire as suas conclusões sobre quem foi o melhor", afirmou Pelé, aos risos.

A idéia do documentário com ares de "definitivo" nasceu no começo dos anos 80, quando Pelé recebeu o título de "atleta do século" pela revista L´Equipe. Na época, o diretor seria Jayme Monjardim, mas Aníbal Massaini já estava envolvido na produção. "Naquela década, achamos que o filme não seria muito diferente dos outros que já haviam sido feitos sobre ele", explica Massaini.

Em 1999, a idéia renasceu. De lá para cá, em nenhum momento, os trabalhos de produção foram interrompidos. "Esses 5 anos foram necessários e fundamentais para a pesquisa", ressalta o diretor.

Dessa pesquisa minuciosa, que adiou várias vezes a estréia por causa de novos vídeos e materiais a serem explorados, Pelé participou de perto. "Ficava com eles vendo tapes. Ia para dar opinião sobre os vídeos, decidir se ia entrar mais gols ou mais fatos. Não interferi na parte técnica, como a montagem, porque eu não sou um profissional", explica o ex-jogador. Entre as imagens que foram vistas durante a produção está a polêmica expulsão dele na Colômbia. "A torcida se revoltou e acabaram tirando o juiz e colocando o Pelé de volta ao campo", relembra, sempre falando dele mesmo como quem fala de um personagem.

Vida pessoal

Pelé participou de perto da pré-produção, mas faz questão de dizer que não fez nenhum tipo de censura. Pelo contrário, ele ressalta que integrantes da equipe do documentário cogitaram não citar Sandra Regina Machado e Flavia Kurtz, filhas que ele teve fora do casamento, e que, nadando contra a corrente, ele achou que seria "injusto" que o filme ignorasse o fato.

"O problema dessas duas filhas que eu tenho - com uma tenho contato (Flávia) e com a outra não (Sandra), pela forma como ela abordou a questão da paternidade - foi a única parte em que eu interferi", justifica. "Queria que entrasse. E o Aníbal encontrou uma forma de apresentar as duas de forma digna."

Outra questão "delicada" durante a produção do documentário foi em relação a alguns lances envolvendo outros jogadores. "Algumas jogadas tiveram que ser cortadas por causa de questões de direitos. O Garrincha, por exemplo, aparecia em um lance e, para isso, teríamos que pedir a autorização dos 12 filhos dele. Mas eu fiz questão. Demoramos 1 ano, mas conseguimos a autorização de todos", diz Pelé.

Enquanto Garrincha aparece em Pelé Eterno, teve gente que ficou magoado por ter tido a sua participação limada de um lance do qual nasceu um gol espetacular. "O Gerson ficou muito chateado porque isso aconteceu com ele. Pedi para ele tentar entender", conta.

Melhores momentos

Resumir uma carreira vitoriosa em 2 horas de filme foi a tarefa mais árdua para a produção. Por isso mesmo, fica difícil também para o próprio personagem principal dessa história escolher os melhores momentos do documentário. Difícil, mas não impossível. "Um momento marcante do filme é a imagem do gol que fiz aos 16 anos, no Maracanã. Foi um combinado Santos e Vasco. Vendo as imagens, eu nem me reconheci porque estava com a camisa do Vasco. Perguntei quem era aquele crioulo magrinho e feinho", relembra, aos risos.

Como os gols foram muitos, dois deles tiveram que ser reconstituídos. Um deles, o chamado "gol de placa", aconteceu no dia 6 de março de 1961, no Maracanã. Os cinco registros que existiam do gol foram perdidos e a equipe comandou a reconstituição com a participação de jogadores juvenis do Fluminense.

O outro gol, conhecido como "o gol da Rua Javali", não teve sequer nenhum registro e foi recriado com recursos de computação gráfica.

Para tentar driblar o fator "tempo", Pelé Eterno virará minissérie ano que vem, quando Pelé celebra 50 anos que começou a carreira.




Fonte: Terra

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