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Internacional
Terça - 25 de Maio de 2004 às 13:19
Por: Lourival Sant'ana

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Xangai - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom de suas declarações sobre as relações com a China ao afirmar que não há, com outros países, oportunidade de aproximação como essa. "Ontem, na conversa com o presidente Hu Jintao, eu lembrava que possivelmente na história da humanidade não tenha tido nos últimos anos nenhum país que tenha possibilidade de estreitamento de relações como têm hoje Brasil e China" afirmou Lula, referindo-se à reunião privada que teve na segunda-feira com o presidente chinês.

"Por uma razão muito simples: a China não tem contencioso histórico, político e econômico com o Brasil", continuou o presidente, neste caso repetindo uma formulação usada na véspera, no encerramento de seminário empresarial. "China e Brasil portanto estão livres para não perderem um minuto sequer discutindo erros do passado, mas discutindo apenas aquilo que interessa ao povo chinês e ao povo brasileiro, na construção de um futuro de paz e de prosperidade, que é isso que a humanidade deseja." A declaração foi feita de improviso, durante conferência de meia hora - quase toda lida - sobre política externa, proferida na Universidade de Pequim.

Falando a uma platéia de 230 pessoas, predominantemente estudantes chineses, Lula, apresentado pelo mestre de cerimônias como "um líder político muito importante" que "vem da classe trabalhadora", concluiu assim a parte lida do discurso: "Temos a responsabilidade histórica frente a nossos povos de fazer das relações entre China e Brasil um paradigma da cooperação que o mundo espera do século 21."

O presidente listou os acordos comerciais entre o Mercosul e a União Européia, a Índia e a União Aduaneira da África Austral (Sacu, integrada por África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia) e acrescentou: "Esperamos iniciar, em breve, as tratativas para a conclusão de acordo com a China." Lula também incluiu no pacote a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), cujo acordo parece cada vez mais distante.

Lula fez a conferência depois de inaugurar um núcleo de cultura brasileira na Universidade de Pequim. O núcleo já conta com 20 alunos chineses de língua portuguesa. Há cinco cursos de português na China, mas esse é o primeiro que ensina a forma falada no Brasil. Entre os projetos do núcleo está o de reeditar as traduções para o chinês de clássicos da literatura brasileira, que estão esgotadas. A chefe do setor cultural da embaixada do Brasil em Pequim, Maria Lúcia Verdi, pediu doações de livros brasileiros para a biblioteca do novo núcleo.

Na noite de segunda-feira, Lula convidou os sete ministros, seis governadores, um senador e dez deputados que o acompanham na viagem a partir um bolo na Diao Yutai (Casa Oficial de Hóspedes), para celebrar os 30 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e China.

Depois da conferência, Lula inaugurou exposição de arte indígena brasileira na Cidade Proibida, antiga residência do imperador. O presidente percorreu as 344 obras - entre esculturas, cocares, amuletos e utensílios de várias nações indígenas - ao lado da vice-primeira-ministra da China, Cheng Zhiling.

Índios

Ela perguntou ao presidente sobre a situação dos índios no Brasil. Lula respondeu que há 470 mil índios no País, e que essa população praticamente dobrou nos últimos 30 anos, depois da demarcação maciça de terras. "Isso é importante não só para o Brasil, mas também para a humanidade", comentou Zhiling.

Cerca de 12 mil turistas visitam a Cidade Proibida por dia. Espera-se que nos 90 dias de exposição meio milhão de visitantes entre no pavilhão onde estão exibidias as obras. A exposição foi organizada pela BrasilConnects, a mesma que levou os Guerreiros de Xian ao Brasil. O patrocínio é da Companhia Vale do Rio Doce e da Embraer.

No início da tarde, Lula e comitiva, a bordo do Sucatão (Boeing 707 presidencial), seguiram para Xangai, capital econômica e financeira da China, onde participam de uma conferência do Banco Mundial sobre combate à pobreza e de outro seminário empresarial. Na quinta-feira à tarde (horário local), a comitiva parte para Guadalajara, no México, para participar de reunião de cúpula entre América Latina e União Européia.




Fonte: Estadão.com

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