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Internacional
Sábado - 22 de Maio de 2004 às 16:24

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NAÇÕES UNIDAS - A violência contra as mulheres e a perda de sua tradicional característica maternal constituem grave ameaça à vida e às tradições dos povos indígenas, principalmente na América Latina.

Esta é a principal conclusão do Terceiro Fórum Permanente para os Assuntos Indígenas, que durante quinze dias se reuniu na ONU com o objetivo de buscar soluções para os problemas destes povos, formados por 370 milhões de pessoas em todo o mundo.

A reunião deste ano se concentrou, basicamente, no papel da mulher, que é considerada o eixo da manutenção das tradições e dos costumes de suas comunidades.

A exploração dos recursos naturais pelas grandes multinacionais provoca, em muitas ocasiões, o abandono da agricultura como modo de vida e a emigração para as cidades.

Estas situações costumam levar as mulheres à prostituição ou para trabalhos mal remunerados, longe de suas casas ou nas mesmas companhias que exploram suas terras.

Deste modo, as mulheres passam de proprietárias da terra funcionárias das empresas e perdem o controle sobre suas vidas e a capacidade de viver dignamente e transmitir sua cultura, tradições e língua aos mais jovens.

Perdem ainda o papel de protagonistas na tomada de decisões, já que as multinacionais falam exclusivamente com os homens na hora de alugar as terras, quando tradicionalmente é a mulher quem administra os recursos do lar.

Em algumas ocasiões, esta mudança contribui para o alcoolismo e a violência doméstica.

O comissário de Direitos Humanos especialista em violência de gênero, Yakin Erturk, exigiu no Fórum que os Estados implementem normas que garantam os direitos das mulheres indígenas "principalmente em momentos de conflitos armados’.

Segundo Erturk, quando uma sociedade tradicional em uma situação economicamente precária entra em contato com um grande grupo masculino -como por exemplo os mineradores-, as adolescentes geralmente viram prostitutas para ajudar as famílias.

Atualmente, o comércio sexual é uma indústria crescente na América Latina, e o Brasil é, depois da Tailândia, o país com maior tráfico sexual de crianças, crime que atinge entre 250 mil e dois milhões de menores, segundo números recentemente divulgados na ONU.

Outro problema que atinge gravemente as mulheres indígenas são os conflitos armados, porque neles elas perdem os maridos e os filhos, de acordo com a diretora da rede educativa Ambayata do Equador, Carmen Jerez.

Através de programas específicos, as ONGs, em colaboração com a ONU, tentam potencializar a capacidade das mulheres para prevenir os conflitos e manter a paz.




Fonte: Agência EFE

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