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Meio Ambiente
Sábado - 22 de Maio de 2004 às 15:46

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Nas últimas quatro décadas, os cientistas têm observado um declínio de 1,3% na quantidade de luz solar atingindo a superfície terrestre a cada dez anos. Este fenômeno, apelidado de "embaçamento solar" ou "embaçamento global", deve-se a mudanças nas nuvens e na poluição do ar que impedem os raios solares de penetrar a atmosfera. Cientistas acreditam que a combinação de quantidades crescentes de partículas aerossóis na atmosfera e maior umidade fazem a capa de nuvens ficar mais espessa.

Apesar deste declínio na radiação solar, a superfície terrestre continua se aquecendo. Uma nova pesquisa, liderada pelo Dr. Beate Liepert, do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, sugere uma explicação para este paradoxo, assim como indicações de que um mundo mais quente pode ficar mais seco e escuro.

O estudo publicado na revista Geophysical Research Letters mostra que a radiação solar está sendo refletida e ao mesmo tempo contida na camada de nuvens e aerossol, diminuindo assim a quantidade de radiação que normalmente atingiria a superfície terrestre. É amplamente aceito que a contenção de gás pelo efeito estufa está provocando aquecimento global. O que ainda não foi compreendido até agora é que as temperaturas estariam aumentando ainda mais rápido se a camada de nuvens e aerossol não estivesse refletindo parte da radiação.

Além disso, os pesquisadores concluíram que a combinação de menos radiação solar e maior temperatura de superfície levará a um enfraquecimento das correntes de ar quente e conseqüentemente menos evaporação e precipitação, o que deixaria o mundo mais seco.

Embora temperaturas em elevação devessem deixar a atmosfera mais úmida, a pesquisa mostra que os aerossóis artificiais em suspensão condensam a água para formar gotículas menores, processo que contribui para o crescimento da camada de nuvens da Terra. Gotículas menores não são pesadas o suficiente para cair em forma de chuva. Como resultado, as nuvens duram mais e há menos chuva. "A água possui um tempo característico de permanência na atmosfera antes de cair como chuva. Em um mundo mais quente, essa permanência é maior porque uma atmosfera mais quente pode conter mais água. Aerossóis afetam as nuvens suprimindo as chuvas e aumentando este tempo de permanência. O efeito no final das contas é que a água da chuva está meio dia mais velha", afirma Liepert, cientista-adjunto de pesquisas em Doherty.

Exemplos de dados em favor desta nova hipótese incluem estudos indicando uma diminuição estável na evaporação de água do Hemisfério Norte nos últimos 50 anos. Nas últimas seis décadas, grande parte da Eurásia viram a umidade do solo aumentar mais de um centímetro a cada dez anos, embora nenhuma mudança significativa tenha sido registrada. O embaçamento solar também resultou em diferenças observáveis na luminosidade de cada dia. A atmosfera está mais poluída e por isso mais escura, mesmo em áreas remotas. A neblina que você vê hoje é 3% mais espessa do que há 40 anos atrás.




Fonte: Terra

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