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Internacional
Terça - 18 de Maio de 2004 às 21:37
Por: Juan Lara

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No dia em que completa 84 anos, o papa João Paulo II lançou hoje, terça-feira, sua autobiografia, "Levantai-vos! Vamos!", em cinco idiomas.

O livro foi apresentado pelo cardeal Giovanni Battista Re e o porta-voz vaticano, Joaquín Navarro Valls, escrito pelo papa entre março e agosto de 2003.

Seu título "Levantai-vos! Vamos!" foi tomado do evangelho de São Marcos e em suas 192 páginas João Paulo II narra de modo autobiográfico sua experiência como bispo da Cracóvia até sua eleição como pontífice.

"Busco o manancial da minha vocação". Assim começam suas memórias que têm como ponto de partida o ano de 1958, quando o jovem Karol Wojtyla foi nomeado bispo auxiliar da Cracóvia.

Conta que soube de sua nomeação passeando de canoa e foi o cardeal Stefan Wyszynski que lhe chamou a Varsóvia para comunicá-lo.

Wojtyla, algo "assustado", lhe disse: "Vossa eminência, sou muito jovem, só tenho 38 anos".

"Essa é uma fraqueza da qual se libertará em breve, lhe rogo aceite a vontade do papa", respondeu o cardeal. Ele diz que temeu não voltar a desfrutar mais de férias de canoa, mas anos depois conseguiu reoetí-las.

As lembranças de 1958 a 1978, quando foi eleito Papa, o levam a evocar sua infância, adolescência e a luta que travou contra o regime comunista e já, como pontífice, suas viagens pelo mundo.

Sua primeira viagem como papa foi em 1979 ao México. João Paulo II não esqueceu quando se prostrou pela primeira vez diante da Virgem de Guadalupe nem o amor que os mexicanos e americanos sentem pela Virgem Morena, um nome que lhe lembra a sua querida Virgem negra de Jasna Gora.

O Papa inclui no livro um canto popular mexicano que fala do amor de um rapaz por uma moça e que as atribuem à Virgem:

"Conheci a uma linda Moreninha e a amei muito. Pela tarde eu ia apaixonado e carinhoso vê-la. Ao contemplar seus olhos minha paixão crescia. Ai Moreninha minha, não te esquecerá. Há um amor muito grande que existe entre os dois, entre os dois", escreve o papa, quem também lembra as serenatas noturnas que lhe cantavam os mexicanos.

Para João Paulo II os maiores santuários são Guadalupe na América e Czestochowa na Polônia e lembra o canonização em 2002 do índio Juan Diego ao qual apareceu a Virgem de Guadalupe, e que é o primeiro indígena elevado à glória dos altares.

Outros momentos lembrados são seus encontros com a Madre Teresa de Calcutá, sua viagem à Terra Santa em 2000 e a impossibilidade, pela oposição do regime de Saddam Hussein, de visitar a cidade iraquiana de Ur, a pátria de Abraham.

No livro, o papa reflete sobre o sacerdócio e a vida do bispo; insiste na castidade, pobreza, obediência e no celibato, que diz, permite dedicar-se de corpo e alma ao próximo e à Igreja e pede aos bispos que não tenham medo.

Em seus anos de pontificado foram desenvolvidos novos grupos dentro da Igreja, nos quais "sentiu o sopro do Espírito Santo", como o Opus Dei.

O Papa narra com profusão seus anos na Cracóvia, e os do Concílio Vaticano II, do qual participou, o trabalho pastoral realizado na diocese polonesa e os numerosos encontros com os jovens e as famílias.

Dedica também vários capítulos a sua luta contra o regime comunista polonês para a construção de uma igreja no bairro de Nowa Huta, na Cracóvia, construída pelos comunistas como o protótipo do bairro socialista, sem Deus.

E ressalta seu amor pela música, sua infância, quando os comunistas pretenderam tirar a santidade de Papai Noel e mudaram seu nome para "o avô de gelo".

O livro do papa foi lançado na Itália pela editora Mondadori e foi para as livrarias coincidindo com seu 84º aniversário. Hoje foram postas à venda as edições em espanhol, italiano, francês, polonês e alemão, com tiragens de 500.000 exemplares.




Fonte: Agência EFE

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