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Meio Ambiente
Terça - 18 de Maio de 2004 às 08:49

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A Organização para Agricultura e Alimentação da ONU (FAO) afirmou que a biotecnologia poderia ajudar os fazendeiros do Terceiro Mundo a alimentar mais dois bilhões de pessoas em trinta anos, mas até agora poucos países e apenas alguns grupos têm se beneficiado do avanço da ciência nesta área.

Em um grande relatório divulgado hoje, a FAO afirmou que os organismos geneticamente modificados já ajudaram financeiramente fazendeiros, trouxeram alguns benefícios econômicos e nenhum prejuízo à saúde. O principal problema com a biotecnologia na agricultura até agora, de acordo com a FAO, é o fato de a técnica não ter chegado rapidamente até os agricultores pobres e ter sido focada na maioria das vezes a favor de interesses econômicos.

O relatório "Biotecnologia Agrícola: Respondendo às Necessidades dos Pobres?" promete alimentar o debate sobre produtos geneticamente modificados - os chamados transgênicos - num momento em que essa tecnologia continua a enfrentar oposição do público em países europeus, africanos e latinos.

"A biotecnologia é uma grande promessa para a agricultura em países em desenvolvimento, mas até agora só fazendeiros de alguns poucos países em desenvolvimento estão colhendo os lucros desses benef!cios", disse a FAO.

O documento diz que o mundo terá 2 bilhões de pessoas a mais para alimentar em 30 anos, um desafio que a biotecnologia pode ajudar a enfrentar, disse o documento. Mas até agora houve pouco progresso. Em vez de melhorar o valor nutricional de culturas importantes para a alimentação como o arroz e a mandioca, a indústria desenvolveu quatro variedades principais de transgênicos: algodão, milho, canola e soja, disse a FAO.

Para a FAO, os pobres não recebem os benefícios dos transgênicos porque os produtos de que necessitam são "culturas órfãs", que não são alvo dos US$ 3 bilhões investidos todos os anos em pesquisas sobre a biotecnologia agrícola.

"Não estamos dizendo que a biotecnologia vá resolver todos os problemas", explicou o delegado diretor-geral da FAO, Hartwig De Haen. De Haen afirmou que espera que o relatório "seja útil para os países que querem ter a oportunidade de tomar suas próprias decisões".

Barreiras para a pesquisa "Outras barreiras incluem procedimentos regulatórios inadequados, questões complicadas de propriedade intelectual e mercados e transporte de sementes deficientes", disse o chefe da FAO, Jacques Diouf.

Seis países contam com 99% da área total de plantações de transgênicos: Argentina, Brasil, Canadá, China, África do Sul e Estados Unidos. Em muitos países, preocupações ambientais e com a segurança alimentar impedem o crescimento dessas culturas.

Brasil, China e Índia, que têm os maiores programas públicos de pesquisa pública em agricultura dos países em desenvolvimento, gastam menos de meio bilhão de dólares por ano. Os projetos na área privada são negligenciados na maioria das nações deste grupo. Um sério obstáculo nos países em desenvolvimento é a falta de capacidade de pesquisa, principalmente na área de reprodução vegetal e animal, segundo a FAO.

A União Européia barrou novas importações de transgênicos em 1998. Desde então, vem implementando testes e sistemas de monitoramento, e deve suspender sua moratória ainda esta semana. A gigante Monsanto desistiu esta semana de lançar a primeira variedade de trigo genético, depois de uma tempestade de críticas.

No ano passado, o presidente dos EUA, George W. Bush, iniciou uma ação comercial contra a UE, afirmando que o bloqueio estava prejudicando as exportações americanas, além de provocar a rejeição de transgênicos por países africanos.

Meio ambiente

O relatório diz que as preocupações sobre os efeitos da engenharia genética sobre o meio ambiente são justificadas e que os transgênicos têm de ser cuidadosamente regulamentados para evitar qualquer risco e ganhar a confiança dos consumidores.

"Os cientistas em geral concordam que os transgênicos atuais e os alimentos feitos com eles são seguros", disse Diouf. "Mas pouco se sabe obre os efeitos de longo prazo."

O relatório cita o desenvolvimento de um algodão resistente a insetos pela China como exemplo de como os países em desenvolvimento podem se beneficiar dos transgênicos. Quatro milhões de pequenos agricultores chineses cultivam algodão transgênico, que fez as safras aumentarem 20% e reduziu o uso de pesticidas na China em um quarto, segundo a FAO.




Fonte: Terra

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