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Meio Ambiente
Quinta - 22 de Abril de 2004 às 10:05
Por: Antônio de Souza

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Aripuanã, MT - Localizado a 1.010 km a Noroeste de Cuiabá, o Município de Aripuanã é uma das maiores reservas de floresta e de água potável do Estado de Mato Grosso. Esses dois belos presentes da natureza, ao longo dos anos, têm contribuído para que a população urbana disponha de uma melhor qualidade de vida (a Prefeitura controla um moderno sistema de abastecimento da água captada do Rio Aripuanã) e o próprio Município coloque em destaque, como uma das suas principais atividades econômicas, o turismo ecológico (há uma fartura de cachoeiras, inclusive, na área urbana).

Nas duas últimas décadas, porém, o Município enfrenta um grave problema: o desmatamento desenfreado, que não leva em consideração os critérios de preservação de nascentes e das margens dos rios. Para piorar a situação, constatou-se que a legislação que trata da preservação ambiental, sob todos os seus aspectos, simplesmente não é respeitada por absoluta falta de conhecimento de parte da própria população.

Esse é um dos fatos que levaram os 539 alunos do Ensino Médio da Escola Estadual São Francisco de Assis a desenvolverem, durante o ano que passou, o projeto denominado "Água nossa de cada dia", dentro do programa "Inovações Pedagógicas", uma iniciativa do Governo Blairo Maggi, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc). O programa visa contribuir para que as escolas estaduais "superem os desafios postos pela nova concepção curricular do Ensino Médio", conforme destaca a secretária de Educação, Ana Carla Muniz.

O "Água nossa de cada dia" é um dos 12 projetos do "Inovações Pedagógicas" premiados pelo Governo do Estado, em 2003, dentro do que se convencionou classificar de "primeira inserção na democratização do conhecimento" sobre o trabalho executado pelos profissionais da Educação dentro das escolas. E foi com base na premissa de que a água é a principal fonte de vida do Planeta, e sentindo a necessidade de luta pela preservação do meio ambiente – conseqüentemente, da qualidade de vida de todos os seres -, que os alunos da Escola Estadual São Francisco de Assis apresentaram aos professores uma proposta considerada desafiadora de elaborar um projeto de estudo sobre esse recurso natural não-renovável.

"Os alunos perceberam a necessidade de mobilizar-se para conscientizar, a si próprios e a comunidade onde estão inseridos, sobre a vital necessidade de preservar nossas matas e nossos recursos hídricos", explica a professora Nilze Malagutti, que, juntamente com a professora (licenciada) Lourdes Jacomine, coordenou o projeto. Para ela, Aripuanã e região têm um papel muito importante diante dessa questão, considerando que pertencem à Bacia Hidrográfica Amazônica, famosa no mundo inteiro pela sua disponibilidade de água e pela quantidade de ecossistemas, sendo a mais extensa rede hidrográfica da Terra.

De acordo com a professora Nilze Malagutti, foi justamente levando em conta que a principal atividade econômica de Aripuanã é o extrativismo vegetal (há, pelo menos, 47 madeireiras na cidade, que atuam no beneficiamento do produto e na fabricação de laminados) e a pecuária extensiva e que a grande maioria dos alunos depende, direta ou indiretamente, disso para a própria sobrevivência, que a direção da escola acatou a proposta visando fazer com que o Município continue mantendo seus recursos naturais – principalmente, os hídricos.

Mobilização – Com o apoio dos professores, os alunos do Ensino Médio da Escola São Francisco de Assis mobilizaram a comunidade aripuanense em geral, a partir de março de 2003, sobre a importância da preservação dos recursos hídricos, buscando contribuir para uma possível mudança de postura em relação ao tratamento dado a esses recursos, ameaçados pela negligência com que o homem vem se relacionando com a natureza de um modo geral.

Com os professores de Português, os estudantes analisaram, de modo crítico, vários tipos de texto buscando formar cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade sócio-ambiental; compreenderam e fizeram uso de informações contidos nos textos, correlacionando situações da realidade e diferentes opiniões; utilizaram diferentes linguagens (verbal, musical, gráfica, plástica e corporal) como meio para produzir, expressar e comunicar idéias em relação à importância da preservação dos recursos hídricos. Na área da Matemática, calcularam o desperdício de água, fizeram comparação e analisaram resultados. Em Sociologia, buscaram compreender e valorizar a vida e as manifestações culturais para as quais é imprescindível zelar pelo ecossistema e a sobrevivência das espécies; além de construir uma visão mais critica sobre as transformações culturais, bem como resgataram a valorização dos recursos naturais não-renováveis, que, em nome do progresso, foram agredidos pelo homem.

Os estudantes ainda estudaram a questão da água como fonte de vida nas áreas de Biologia (compreenderam a importância de água para os organismos vivos), de Geografia (observaram, analisaram e identificaram mapas, gráficos e tabelas relacionados à distribuição de água no Planeta) e de História (estabeleceram relações entre ruptura e transformações sociais no processo histórico, observando as conseqüências do progresso e do desenvolvimento sócio-político e econômico-cultural na relação homem-natureza).




Fonte: Redação/Secom - MT

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