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Copa 2014
Terça - 03 de Junho de 2014 às 21:51

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Com fama de ser um país acolhedor, receptivo e hospitaleiro, o Brasil acaba se tornando destino de muitas pessoas que procuram morar fora de sua terra natal. O problema é que nem todo mundo sai de seu país porque quer. É o caso de Salvador Afonzo Fernandez, de 65 anos, que nasceu na Espanha e veio morar em terras tupiniquins aos 8, sob influência do pai, pela imigração pós-Guerra. Dono de um sotaque meio enrolado e alguns costumes brasileiros, que o acompanham por viver há tanto tempo por aqui, o espanhol não se intimida com a diferente rotina.

Apesar de morar desde criança no Brasil, a torcida dele na Copa do Mundo continua sendo pela Espanha. Fernandez é desses que acredita que ninguém nega a pátria que nasce e desconfia da veracidade do discurso dos que dizem torcer para outro país que não o de nascença.

- Eu torço pela Espanha. Não adianta estrangeiros falarem que torcem para o time do país onde moram porque é mentira. Ninguém nega a pátria que nasce. Quando o Brasil joga nos Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra, seja aonde for, os brasileiros que moram lá vão torcer para o Brasil. Você pode gostar do país que você mora e optar por ele, inclusive, mas a sua terra natal você nunca vai esquecer.

Se Neymar é a grande esperança da seleção para conquistar o hexa em casa, o pensamento do espanhol não é diferente. Mas, além do atacante, ele considera outros atletas também essenciais para a equipe de Felipão e "corneta" o meia Oscar.

- Eu vejo o Neymar a grande esperança e estrela do Brasil. Também gosto do Thiago Silva, acho que a segurança de defesa passa por ele. Marcelo e Ramires são boas apostas. E o Fred, que na seleção é oportunista e faz bastante gols. Mas não acho que seja um Mundial para o Oscar, por exemplo. Ele é só mais um - disse Fernandez.

O torcedor da Espanha vive em uma chácara na cidade de Suzano, na Região Metropolitana de São Paulo, onde mora com a família. A casa fica totalmente isolada do centro comercial do município e é lá que os espanhóis ficam, na companhia de alguns animais: galinhas, macacos, gansos, patos e outros, que compõem o cenário verde e natural do ambiente, cercado por árvores.

- A gente tem uma ligação com o campo. Não para trabalhar, mas o ar é muito bom. Então resolvi comprar uma chácara em Suzano. Li no jornal e quis conhecer o lugar. Quando conhecemos, foi amor à primeira vista, então viemos para o Alto Tietê. Antes era tudo estradinha de terra, mas temos sangue de trabalhador, então arrumamos tudo para viver – contou ele.

Apesar de morar no Brasil, a família Fernandez tem o hábito de visitar a Espanha, não deixando as origens para trás. O espanhol "anti-catalão", como ele próprio se define, é torcedor do Real Madrid e fã de Sérgio Ramos, que acredita ser o grande nome da seleção espanhola para a Copa do Mundo. No Brasil a torcida é pelo Santos, time que ganhou uma bandeira gigantesca no alto do quintal da casa espanhola.

- Quando cheguei ao Brasil desembarcamos em Santos. Antes a imigração vinha toda por lá e acabei gostando do time da cidade. Mas na seleção da Espanha estou gostando muito do Sérgio Ramos. Não pelos gols que tem feito, mas pela segurança que ele dá para a defesa do Real (Madrid) e da própria Espanha - contou o estrangeiro, que tem camisa da seleção espanhola com o nome de Iniesta, craque do rival Barcelona e autor do gol que deu o único título mundial ao país.

A polêmica de Diego Costa ter rejeitado a seleção brasileira para defender a Espanha também preocupou o espanhol. Ele conta que não acha certo estrangeiros defenderem outras seleções que não sejam a sua e que seu país tem jogadores em boas condições de representar a tradicionalidade espanhola em Copas.

- Eu sou literalmente contra a presença de estrangeiros em qualquer seleção. Acho que a Espanha tem jogadores do nível dele (Diego Costa), é questão de recuperá-los. É um grande jogador, mas daqueles que surgem lá, não aqui (no Brasil). Por mais que ele se declare, nunca vai ser espanhol.

Nem a presença do centroavante brasileiro e o fato de defender o título dão à Espanha o favoritismo. Para Fernandez, Neymar pode desequilibrar. Já os espanhóis, terão dificuldades por causa do estilo de jogo que se tornou visado por todos, principalmente quem acompanha jogos do Barcelona.

- A Espanha tem um sistema de jogo muito marcado, todo mundo sabe como ela joga, por causa do Barcelona. E atrapalha também o envelhecimento dos principais craques espanhóis. Foi uma geração de ouro que ganhou tudo. Hoje, não vejo a Espanha como favorita para ir à final contra o Brasil, acredito muito na final Brasil e alguém - concluiu ele.





Fonte: Globo Esporte

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