Repórter News - www.reporternews.com.br
Esportes
Terça - 10 de Fevereiro de 2015 às 03:49

    Imprimir


Reprodução/ Instagram
Rafael desistiu da carreira no futebol e foi estudar administração
Rafael desistiu da carreira no futebol e foi estudar administração

O estudante de administração Rafael Licks, natural de Vitória, no Espírito Santo, é conhecido atualmente por ser um dos participantes do BBB 15. Entretanto, até meados de 2014 ele perseguia o mesmo sonho de muitos jovens brasileiros: se tornar um jogador de futebol.

Jogando no meio-campo, ele atuou pelo Nacional, time da segunda divisão de Minas Gerais, pelo Figueirense e pelo Brasil de Farroupilha. Em julho, havia conseguido entrar no Botafogo-SP, mas logo depois resolveu mudar de rumo.

De acordo com a assessoria de imprensa do clube de Ribeirão Preto, Rafael estava no elenco que ia disputar a Copa Paulista — torneio criado para manter os times do interior em atividade e que dá vaga para a Copa do Brasil — mas após duas semanas de treino comunicou à diretoria que não queria mais ser jogador e que pretendia se dedicar aos estudos.

O caso dele, por incrível que pareça, não é exceção. Em época de contratações nos grandes times, que chegam com seus enormes salários, é difícil mensurar isso. Mas, segundo empresários ouvidos pelo R7, a quantidade de garotos que tentou ser jogador e fracassou é de 90%. Uma conta imprecisa, claro, mas que traça um bom panorama do que essas pessoas veem no seu dia a dia de trabalho.

Sorte?

Para Hamilton Bernard, empresário do meia Maicon, autor do gol que deu o título ao Corinthians na final da última Copa São Paulo de Juniores, uma série de fatores pode determinar a chegada de um jogador da base ao sucesso profissional.

— Em toda função se pode ser bem sucedido ou mal sucedido. Imagina se todos esses meninos, das quase 100 equipes da Copa São Paulo, vão se tornar jogadores de futebol? Não existe tanto clube para tanto jogador. Existem algumas coisas somadas que vão chegar ao resultado positivo. Um pouco de sorte, estar no lugar certo na hora certa, sendo bem assessorado, num clube que proporciona uma divulgação maior.

Há ainda aqueles que não consigam vislumbrar no futebol uma chance de sucesso e que por isso desistem de investir na profissão. É o caso do professor de Educação Física Carlos Bernardo Filho, que foi aprovado nas peneiras do Juventus, da Mooca, e do Corinthians, entre outros, mas não quis seguir adiante com o sonho.

— Sempre gostei de jogar bola e treinei. Mas faltou disposição e faltou parar pra pensar. Porque aí a disposição ia aparecer. Eu era muito novo para refletir sobre a oportunidade que eu tinha. Jogar bola é uma coisa que eu adoro, mas nunca pensei que poderia me trazer um futuro profissional.

Em sua breve passagem pelo time da Rua Javari, Bernardo jogou com o volante Thiago Mota, que defende as cores do Paris Saint-Germain, e com o zagueiro Irineu, que teve passagem pelo Flamengo. Apesar de Bernardo não ter se profissionalizado, o futebol segue persente em sua vida.

— Hoje sou professor, acordo as 5h da manhã para dar aula. Nunca parei para pensar o que o futebol poderia dar para mim. Me formei em educação física e trabalho com futebol no hospital Sírio Libanês, na parte de atividade física dos filhos dos funcionários do hospital.

Formação

Para o recém eleito presidente do Santos — reconhecido por seu trabalho nas categorias de base —, Modesto Roma, é papel dos clubes garantir a formação dos jovens que ali estão.

— É preciso dar essa formação. Da base, se saírem 5%, 10% para a vida de futebol profissional, para o clube formador já está ótimo. Não vai vingar muito mais do que isso. E o resto dos meninos vai ter que parar. Temos professores que acompanham os atletas. Temos psicólogo, assistente social, para prepará-los para todas as possibilidades. Inclusive a de virar jogador, que acontecerá com a minoria.

Roma diz que aqueles que não estudam não conseguem jogar nas categorias de base do Santos:

— Se não estuda, não joga. Mas não é só pra ser uma condicionante, mas sim que eles tenham uma formação verdadeira. O garoto já vai percebendo se ele vai vingar ou não. Muitos buscam espaço num clube menor e outros procuram diferentes caminhos para seguir sua vida.

Na avaliação do empresário Gilmar Veloz, que tem em sua cartela de clientes nomes como o do atacante Alexandre Pato e o do técnico Tite, a chave da questão é encontrar um clube carente daquilo que o jovem aspirante tem a oferecer.

— É preciso encontrar o clube certo com as necessidades que se encaixam nas características que esses garotos têm. Caso contrário, acontece essa queima de etapas que faz com que muitos jovens não vinguem. Esses meninos que disputaram a final da Copa São Paulo, por exemplo, nenhum está pronto para o profissional.

Veloz diz que falta paciência para que os garotos tenham a formação adequada, o que os faz “bater no profissional e não dar certo”.

— Há também o problema que hoje em dia eles são muito incensados na base, se fala muito sobre eles, o empresário, o técnico ou opai enche a cabeça deles e, na hora de ser puxado para o time de cima, não têm aquilo que é necessário.





Fonte: Do R7

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/408347/visualizar/