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Internacional
Quinta - 25 de Junho de 2015 às 15:58

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O debate sobre a bandeira dos Estados Confederados voltou a ganhar fôlego entre os americanos, após o massacre na semana passada em uma histórica igreja da comunidade negra na cidade deCharleston, em que um atirador matou nove pessoas – um crime que teria sido motivado por ódio racial.

A bandeira foi usada pelos Estados do sul do país durante a Guerra Civil (1861 - 1865), quando estes, os chamados Estados Confederados, buscaram independência para impedir a abolição da escravatura. Para os negros, a bandeira é vista como um símbolo da supremacia branca.

Mas não é apenas nos Estados Unidos que a polêmica bandeira é hasteada. Ele é alçada às alturas também em Santa Bárbara D’Oeste, uma cidade no interior de São Paulo, a 140 quilômetros da capital.

Todos os anos, há uma festa tradicional dos descendentes dos cerca de 10 mil confederados que deixaram os Estados Unidos com destino ao Brasil durante a Guerra Civil americana.

"A Festa Confederada tem coisas que são estereótipos do sul do país (EUA) como dançar 'square dance' (semelhante à quadrilhas), comer frango frito e ouvir George Strait (cantor de country)", conta Asher Levine, correspondente da agência de notícias Reuters em São Paulo.

"E a bandeira dos Estados Confederados está em todos os lugares."

'Cena surpreendente'
Apesar de estarem na sexta ou sétima geração, muitos moradores de Santa Bárbara ainda mantém uma forte ligação com a cultura sulista americana e ficam orgulhosos de portar a bandeira confederada.

Mas segundo Levine, para os moradores, a bandeira é mais um símbolo étnico do que político.

"Até um certo ponto, eles se veem como etnicamente americanos", diz o jornalista. "Em um festival italiano, você vê pessoas com bandeiras da Itália. Ou no Saint Patrick's Day, com bandeiras da Irlanda. É isso. Não há afiliação política nem nada disso."

Com o passar do tempo, os descendentes americanos se misturaram aos brasileiros. Assim, há pessoas de diferentes cores de pele carregando a bandeira dos Estados Confederados – uma cena que pode surpreender os americanos.

"Muitos dos descendentes desses confederados têm sangue africano também, então você vê pessoas negras com a bandeira", diz Levine.

Ele conta que conversou com um americano no festival que ficou completamente chocado ao ver uma menina cantando "Amazing Grace" – que costuma ser cantado em igrejas da comunidade negra – com uma bandeira dos Estados Confederados.

O símbolo, aliás, está também em bandeirinhas levadas por crianças e em estampas de vestidos usados por muitas mulheres.

"Para eles, o simbolismo foi totalmente perdido. Mas para nós (americanos), é um grande contraste."

Levine diz ainda que a matança em Charleston está sendo vista no Brasil mais como um problema do controle de armas do que uma questão racial.





Fonte: BBC

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