Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Politica MT
Terça - 27 de Março de 2018 às 12:03
Por: Lucas Rodrigues/Midianews

    Imprimir


O chefe de gabinete e o assessor parlamentar do deputado Baiano Filho (PSDB), Luiz Otávio Souza e Wilson Medrado, respectivamente, afirmaram que os cheques que receberam em 2014 do empresário Claudemir Pereira dos Santos (alvo da Operação Bereré), no valor de R$ 35 mil, foram usados para pagar as despesas de gabinete do deputado.

As declarações foram dadas à Delegacia Fazendária (Defaz) em 22 e 23 de fevereiro, dias após a deflagração da operação. Os depoimentos embasaram a decisão do desembargador José Zuquim em autorizar uma investigação contra Baiano Filho.

A Operação Bereré apura esquema de fraude, desvio e lavagem de dinheiro no âmbito do Detran-MT, na ordem de R$ 27,7 milhões, que operou de 2009 a 2015.

Segundo as investigações, parte dos valores repassados pelas financeiras à EIG Mercados por conta do contrato com o Detran retornava como propina a políticos, dinheiro esse que era “lavado” pela Santos Treinamento – parceira da EIG no contrato - e por servidores da Assembleia, parentes e amigos dos investigados.Claudemir Pereira foi um dos sócios da Santos Treinamento até 2015, e é apontado pelo MPE como um dos responsáveis por lavar o dinheiro da propina arrecadada pelo grupo.

Pagamento de contas

Na oitiva, Luiz Otávio Souza disse que na condição de chefe de gabinete era praxe o uso de sua conta pessoal para pagar as despesas do deputado Baiano Filho no gabinete.

“Todo mês é depositado na minha conta e esse valor varia de acordo com o mês, sendo que normalmente o deputado faz transferência da conta dele para a minha conta pela conta do banco do Brasil”.

Luiz Souza relatou que os três cheques que recebeu nos dias 13 e 14 de outubro de 2014, de R$ 10 mil cada, emitidos por Claudemir Pereira, foram usados para pagar as contas do gabinete do deputado.

“Eu verifiquei em meus extratos bancários que logo após os depósitos do cheque, paguei as contas do gabinete do deputado Baiano Filho, e não me recordo se eu mesmo depositei em minha conta ou quem fez o deposito em minha conta, mas sei que o dinheiro foi utilizado para pagar as contas do gabinete do deputado Baiano Filho, tendo tais cheques sido creditados na minha conta ou depositado por alguém a pedido do deputado”.

O chefe de gabinete ainda argumentou que desconhece qualquer relação de Baiano Filho com o empresário Claudemir Pereira.

Versão semelhante foi dada pelo assessor parlamentar Wilson Medrado, que é subordinado de Luiz Souza. Ele contou que sempre assessorou o político e que já recebeu valores em suas contas bancárias ou efetuou saques em dinheiro ou de cheques de terceiros, “tudo a pedido do chefe de gabinete que distribui os serviços”.

Quanto ao cheque de R$ 5 mil depositado por Claudemir Pereira em sua conta, em novembro de 2014, Wilson alegou que acredita ter sido igualmente usado para despesas de gabinete.

“Tal cheque acredito que eu tenha efetuado saque em razão do trabalho que desempenho, pois faço trabalhos externos no gabinete do deputado Baiano Filho, e já efetuei serviços externos bancários a pedido do chefe de gabinete Luiz Otávio Borges de Souza. Presto o serviço de office boy no gabinete do deputado Baiano Filho algumas vezes. Nesses casos, quando saco cheques, a pedido do gabinete do deputado, pago as contas do gabinete, outras vezes saco os cheques e entrego em dinheiro para o chefe de gabinete Luiz Otávio”, disse.

Outro lado

A redação tentou entrar em contato com o deputado Baiano Filho, mas o celular dele estava desligado.

Veja fac-símile de trecho do depoimento de Luiz Otávio:

print depoimento luiz otavio assessor de baiano filho

A operação

A operação Bereré foi desencadeada em fevereiro com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, em imóveis e escritórios, além da sede da empresa em Brasília.

Foram alvos da operação o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB), o ex-deputado federal Pedro Henry, servidores públicos, empresas e particulares.

A operação é desdobramento da delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o "Dóia". Ele revelou esquemas de corrupção na autarquia, iniciados em 2009, e que renderia, ao menos, R$ 1 milhão por mês.

Também contribuíram para a investigação os depoimentos do ex-governador Silval Barbosa e de seu irmão Antonio Barbosa, delatores da Operação Malebolge, que confessaram ter participado do esquema no Detran.

As empresas FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltda (que agora usa o nome de EIG Mercados Ltda.) e a Santos Treinamento Ltda teriam sido usadas para lavar dinheiro no esquema.

A EIG Mercados venceu uma licitação, em 2009, para prestar serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos, por um período de vinte anos.

Até julho de 2015, a empresa ficava com 90% da arrecadação anual - estimada em R$ 25 milhões - e o órgão com 10%. Em julho de 2015, já na gestão Pedro Taques (PSDB), o Detran fez um termo aditivo ao contrato, passando a receber 50% da arrecadação.

Conforme as investigações, parte dos valores milionários pagos pelo Detran à FDL eram repassados para a empresa Santos Treinamento, que seria de fachada e atuaria apenas para “lavar” e distribuir a propina aos políticos. Dezenas de servidores e parentes de servidores do Poder Legislativo também teriam sido usados para lavar o dinheiro arrecadado por meio do esquema criminoso.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/428177/visualizar/