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Politica MT
Terça - 27 de Março de 2018 às 13:10
Por: Leonardo Heitor/Folhamax

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A juíza Selma Rosane Santos Arruda está oficialmente aposentada. O ato foi assinado nesta terça-feira pelo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), desembargador Rui Ramos Ribeiro. Com isso, a magistrada está liberada para se filiar a um partido e se candidatar a um cargo público nas eleições deste ano, já que o prazo final imposto pela legislação eleitoral é 7 de abril.

"No uso de suas atribuições que lhe são conferidas resolve aposentar, ad referendum do Tribunal Pleno, a Exma. Sra. Dra. Selma Rosane Santos Arruda, mat. 6321, Juíza de Direito da Sétima Vara Criminal da Comarca de Cuiabá´- Entrância Especial, com proventos integrais, a partir desta data", diz o ato, assinado pelo presidente do TJ-MT.

Em entrevista nesta segunda-feira, Selma afirmou que tem sido procurada por partidos e que ainda está estudando para onde ir. Ela apontou que só tomara uma decisão na próxima semana.

Entre as exigências feitas por ela para se filiar a alguma legenda, é a de que não quer ser colega de sigla de ninguém envolvido em escândalos, delações ou réus por corrupção.

Ela reforçou que, caso opte por disputar a eleição, terá o combate a corrupção como o "norte" de sua campanha e atuação política em caso de vitória. “Talvez eu vá para um cargo político, por que eu tenho uma vontade de provar para as pessoas que é possível chegar lá de maneira limpa, sem Caixa 2, sem negociatas, sem ficar devendo favores ou fazer leis para beneficiar categorias. Podem me chamar de ingênua. Se eu chegar bem, se não, fico em casa”, completou.

PROCESSOS E LEGADO

A magistrada afirmou que deixa a magistratura com boa parte dos processos relacionados a corrupção já sentenciados, ou próximos da sentença. “Eu tinha uma meta de sentenciar estes processos até o fim do ano passado. A ideia mesmo era no meio do ano passado, mas a coisa vai postergando, postergando, e aí veio delação. Infelizmente não tenho como esperar todo o serviço da vara para aposentar”, lamentou.

Entre os processos já sentenciados, estão os relativos a Operação Sodoma, onde condenou o ex-governador Silval Barbosa, os ex-secretários Pedro Nadaf (Casa Civil) e Marcel de Cursi (Fazenda), além do ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cezar Correa. Ela também condenou o empresário Allan Malouf, na Operação Rêmora.

“Um pouco vou ter que deixar para trás, mas a Sodoma I, por exemplo, que era o grande núcleo, eu já sentenciei. A Rêmora sentenciei Allan Malouf. As outras coisas estão encaminhadas, como o processo do João Emanuel, que havia bastante, também alguns do Riva, na Imperador. O colega que me substituir ficará menos sobrecarregado”, afirmou.

Sobre o legado que deixa após sair da magistratura, Selma Rosane aponta que o brasileiro precisa mudar sua forma de pensar e agir. Ela condenou a pequena corrupção e inclusive citou uma conversa que teve com um vereador, nos últimos dias.

“Gostaria que as pessoas repensassem mesmo, do fundo de coração, é que não adianta falar que o outro é corrupto, se a gente mesmo aprontar. O brasileiro tem raiva do político corrupto que roubou milhões, mas não percebe que ele pode cometer atos diários de corrupção, e que se for vantagem para ele, não é ‘corrupção’, mas ‘jeitinho’. Conversando com um vereador, esses dias, ele me confidenciou que ninguém vai no gabinete para pedir melhoria na rua ou colocar iluminação, mas sim para pedir emprego para filho, irmão. Temos essa cultura de querer benefício próprio. Desse jeito, vamos colocar gente assim lá em cima”, confessou.

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