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Meio Ambiente
Quinta - 03 de Dezembro de 2020 às 15:35
Por: Da Assessoria

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Neste momento, a região Centro-Oeste vive uma onda perigosa de calor, com recordes de temperatura alta e intensificação dos incêndios florestais. As chuvas são muito aguardadas para amenizar o calor e ajudar a controlar, finalmente, a temporada seca mais letal da história do Pantanal - dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam 18.259 focos de incêndio na região, maior registro da história e alta de 46% em relação a 2019. Mas quando as primeiras tempestades chegarem, uma nova tragédia ambiental com a morte de milhares de animais será desencadeada, desta vez na água.

Quando a floresta é queimada, toneladas de gases são jogadas na atmosfera contribuindo para o aumento do efeito estufa e consequentemente para as mudanças climáticas globais. Parte da matéria orgânica carbonizada fica no solo, que depois será carreada pelas águas das chuvas até rios e lagoas. Na água, esse material irá se decompor, e nesse processo, a oxigenação da água diminuirá muito, matando peixes por asfixia e causando danos a praticamente todas as espécies que vivem na água. Como os rios da região, incluindo o Rio Paraguai, registram secas históricas, o volume baixo de água tornará esse processo, chamado de decoada, ainda mais intenso.

Quem explica é o professor Wilkinson Lopes Lázaro, pesquisador do Centro de Estudos em Limnologia, Biodiversidade e Etnobiologia do Pantanal da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Ele faz parte de um grupo de pesquisa com especialistas em várias áreas - biólogos, geógrafos, economistas, engenheiros ambientais e cientistas sociais - que tentam entender o que está impactando os recursos hídricos da região.

“Entre 2008 e 2018 houve uma mudança no padrão das chuvas na região, com diminuição da precipitação em aproximadamente 16%. Foram mais dias sem chuva na época mais seca do ano e diminuição no volume das chuvas desse período de estiagem”, explica. "A decoada não ocorre por causa das cinzas. Na verdade são as cinzas que têm o potencial de aumentar a decoada, que é um fenômeno natural dentro do Pantanal"

O grupo do professor Lázaro e outros em todo o mundo também querem esclarecer porque a seca deste ano na região foi tão atípica. Há muitas hipóteses e elas não são excludentes: expansão da pecuária sobre zonas úmidas; um padrão cíclico da região ainda pouco conhecido (o Pantanal também pode viver cheias atípicas); influência das mudanças climáticas no padrão de precipitação; e intensificação do fenômeno la niña (um resfriamento prolongado das águas do Pacífico que altera o tempo em todo o continente, podendo tornar o Centro-Oeste temporariamente mais seco).





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