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Policia MT
Terça - 18 de Maio de 2021 às 06:27
Por: Diego Frederici/Folha Max

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Os negócios para o empresário Eder Augusto Pinheiro, proprietário do Grupo Verde, sopraram “de vento em popa” na década de 2010. Dono de várias empresas de transporte intermunicipal de passageiros, em Mato Grosso, ele faturou somente entre os anos de 2013 e 2017 mais de R$ 409,3 milhões.

A informação consta da decisão que autorizou a deflagração, na última sexta-feira (14), da 3ª fase da operação “Rota Final”. As diligências foram realizadas pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), que apura um esquema de pagamento de propina a pelo menos dois deputados estaduais de Mato Grosso, além da atuação de empresários, para “barrar” a concessão do transporte público intermunicipal de passageiros no Estado.

Segundo as investigações do Gaeco, o esquema tinha como objetivo a manutenção das empresas de ônibus que prestam o serviço de transporte de passageiros em Mato Grosso – com Eder Augusto Pinheiro à frente. As organizações mantinham contratos precários com o Estado, que por décadas deixou de colocar regras no negócio.

“O investigado Eder Augusto Pinheiro é apontado pelos delegados de Polícia e membros do Ministério Público Estadual como líder da organização criminosa e principal responsável por manter o monopólio do mercado estadual de transporte intermunicipal de passageiros, frustrando o procedimento licitatório”, diz trecho dos autos.

Com a falta de regulação no mercado, que poderia ser imposta por meio do edital de licitação, o Grupo Verde “nadou de braçada” no transporte de passageiros em Mato Grosso, faturando em apenas quatro anos (entre 2013 e 2017), mais de R$ 409,3 milhões. Um dos motivos do case de sucesso, de acordo com o Gaeco, foi o superfaturamento das passagens comercializadas pelas viações que prestavam o serviço.

Os habitantes do Estado que viajavam pela Verde Transportes, por exemplo, pagavam pelo menos 50% a mais do que o real valor dos deslocamentos. “O faturamento das empresas do Grupo Verde, entre os anos de 2013 e 2017, teria atingido R$ 409.374.876,00 milhões. Os preços reais de mercado seriam substancialmente menores do que os até então praticados pelas empresas do Grupo Verde, geridas por Eder Augusto Pinheiro”, diz trecho dos autos, ao acrescentar que “a título de exemplificação, o valor das passagens do trecho de Cuiabá- Sinop, após a licitação emergencial, abaixou 49,66%, a evidenciar que a organização criminosa obtinha lucros vultosos às custas da população dependente do transporte público, a qual pagava valores abusivos pelas passagens comercializadas”.

ROTA FINAL

O Gaeco deflagrou na última sexta-feira a 3ª fase da operação “Rota Final”. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências do deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM), do suplente Pedro Satélite (PSD), e de uma assessora parlamentar, suspeitos de envolvimento no esquema.

Os agentes policiais também deveriam ter cumprido uma ordem de prisão preventiva contra o empresário Eder Pinheiro, dono da Verde Transportes, que seria o líder da organização criminosa, mas ele está foragido. Já o empresário Júlio César Sales, representante do Sindicato dos Empresários do Setor de Transporte Intermunicipal de Passageiros (SETROMAT), esta utilizando tornozeleira eletrônica.

As diligências também cumpriram uma ordem de sequestro de bens dos investigados até o montante de R$ 86 milhões, abrangendo vários imóveis, duas aeronaves (aviões), vários veículos de luxo, bloqueio de contas bancárias e outros bens necessários ao ressarcimento do prejuízo acarretado pela prática dos crimes.

A suposta organização criminosa atuou para “barrar” a concessão do transporte público intermunicipal de passageiros em Mato Grosso – um negócio de mais de R$ 11,25 bilhões. Sem a licitação, as empresas que operavam o sistema por meio de contratos precários não possuíam regulação do Estado, ou seja, cobravam o preço que queriam, e ofereciam os serviços dos quais estavam “disponíveis” a prestar.





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