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Meio Ambiente
Quarta - 31 de Maio de 2023 às 11:42
Por: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá

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CNA Wenderson Nunes Trilux

Mato Grosso emite anualmente uma média de 68 toneladas de gases de efeito estufa por habitante, quase sete vezes mais do que a média nacional de 10,5 toneladas por pessoa ao ano, sendo o segundo estado brasileiro que mais emite gases poluentes per capita no Brasil. Situação que causa impactos à biodiversidade e tornando os eventos climáticos extremos, como secas e inundações.

Cenários como estes foram discutidos durante a instalação da Câmara Setorial Temática das Mudanças Climáticas, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), formada por nove membros de instituições públicas e científicas. A ideia é que durante 180 dias, pesquisadores, ambientalistas e o setor produtivo discutem e atuem na busca de soluções estaduais para amenizar os efeitos do aquecimento global.

“As mudanças climáticas trazem inúmeras consequências, não apenas para o ser humano, para a economia e para o Estado de Mato Grosso, que é um grande produtor de alimentos”, disse o presidente da CST da Mudança Climática, deputado estadual Júlio Campos.

Ao final, será elaborado um relatório a ser disponibilizada a todos os interessados. Durante a reunião de instalação da CST das Mudanças Climáticas, cientistas apresentaram pesquisas e dados que mostram a evolução do desmatamento, das emissões de gases e as consequências para a vida no planeta.

Presente na reunião, o professor Carlos Nobre, climatologista membro da Academia Brasileira de Ciência e um dos primeiros estudiosos da crise climática no país entende que Mato Grosso tem como grande desafio zerar o desmatamento ilegal, a degradação de florestas e criar projetos de restauração florestal.

Conforme ele, grande parte das emissões está ligada às atividades agropecuárias, uma vez que 86% das emissões registradas no estado estão vinculadas à mudança do uso da terra e desmatamento. “A emissão de gases de efeito estufa é um fenômeno natural e importante para manutenção da temperatura da terra. Por outro lado, quando há um desequilíbrio, as temperaturas ficam acima da média e os extremos climáticos começam a ser registrados com maior frequência, como é o caso das chuvas e secas intensas, incêndios florestais, quebras de safras”, disse.

O professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Bem Hur Marimon Júnior, apresentou estudos que apontam a perda de vegetação nativa no Cerrado e na Amazônia como consequência da seca e do calor extremo. Os dois pesquisadores, porém, foram enfáticos ao afirmar que a agropecuária é o problema, mas também parte da solução das mudanças climáticas. O Estado é o maior produtor de grãos e carne bovina no país.

Carlos Nobre destacou que, nos últimos anos, a produção agropecuária dobrou na região amazônica, ao mesmo tempo que o desmatamento caiu consideravelmente. Isso, segundo ele, é consequência do investimento em técnicas que permitem intensificar a produção de alimentos com a integração dos sistemas produtivos lavoura-pecuária-floresta. Outra solução apresentada por Nobre foi com relação à restauração florestal, sistema que contribui para a captação de gás carbônico e ainda tem grande potencial de gerar renda para as pessoas.





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