Pesquisa revela que Pivetta, Janaína e Mauro são viáveis para 2026 A questão é saber se o governador vai disputar o Senado e construir alianças. "Fantasma" de Dante assombra grupo político
Como qualquer político, que tem uma grande dificuldade entre as posições assumidas na teoria, durante todo o mandato, e a mudança para a prática que é algo inevitável, ainda mais no mundo político-eleitoral, o governador Mauro Mendes (União Brasil) recebeu como um bálsamo, uma benção divina, os resultados de avaliação de sua gestão e de possível cenário eleitoral em 2026.
O problema maior é que os resultados - publicados pelo Instituto Paraná Pesquisas, na sexta-feira (23) - não dão margem para que Mauro reveja seu futuro político, nem mesmo o seu compromisso pessoal com o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos).
Ou seja, a palavra que não pode voltar atrás é de que Pivetta terá o apoio de títular do cargo para disputar sua sucessão, em 2026.
Resta saber se Pivetta vai disputar o cargo sentado na cadeira e com a caneta do Poder Executivo na mão, o que tornaria a disputa desigual para outros pré-candidatos, ou se ele vai apenas contar com o compromisso político do companheiro de disputa vitoriosa em 2018 e em 2022.
Por mais de uma vez, Mauro Mendes respondeu, em tom, àss vezes, sarcástico, às vezes de reprimenda, que compromisso feito é para ser cumprido.
Chegou, inclusive, a declarar em junho do ano passado - portanto, a menos de um ano -, durante a inauguração da sede do PRD (Partido Renovação Democrática): “Quando vocês me viram falando uma coisa e, sem nenhuma explicação lógica, voltar atrás?”.
O governador, quando nada, deixa sempre uma lacuna ou uma válvula de escape para qualquer emergência, para dizer que seu candidato a governador é seu vice.
O levantamento do Paraná pesquisas não deixa dúvidas de que Pivetta tem chances em disputar a sucessão de Mauro Mendes, mesmo aparecendo atrás de outros dois potenciais candidatos, a deputada Janaina Riva (MDB) e o senador Wellington Fagundes (PL).
O senador está na metade do seu segundo mandato. Portanto, se ele disputar o Governo (o que aconteceria pela segunda vez, já que disputou em 2018, na metade do seu primeiro mandato de senador, justamente contra Mauro Mendes, então eleito para seu primeiro mandato, pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e for derrotado, ainda teria mais quatro anos de mandato, já que, em 2026, estarão em disputa para o Senado as vagas de Jayme Campos (UB) e Carlos Fávaro (PSD).
Aqui se inicia o imbróglio eleitoral, pois todos os pretensos candidatos supostamente estão no mesmo grupo político. Até mesmo, Wellington Fagundes, que é de direita, mas não extrema-direita (como os bolsonaristas pregam e exigem dos seus candidatos), costura a possibilidade de ter o apoio de Mauro Mendes, que investiu para se filiar ao PL (antes da denuncia de Bolsonaro por crime contra a democracia pelo STF), ou então que se possibilitasse a filiação de Otaviano Pivettano PL, já que o seu atual partido não tem musculatura, nem envergadura para sustentar uma disputa majoritária, o que leva o candidato do grupo a ter que fazer concessões a outros partidos políticos aliados.
Mauro Mendes e Otaviano Pivetta, mesmo tendo respaldo do ex-presidente Jair Bolsonaro, ouviram um sonoro “não” por parte do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, que não vetou a ida deles para a sigla, apenas deixou tácito que o partido tem nomes para disputar o Governo de Mato Grosso (Wellington Fagundes, preferido de Costa Neto) e Senado (José Medeiros, preferido de Bolsonaro).
Ambos, pela avaliações, têm chances reduzidas, se não compuseremm com outros grupos político, como, por exemplo, o do próprio União de Mauro Mendes, que formalizou uma federação com o (PP) e se tornou o União Progressista, hoje disparada a maior força política dentro do Congresso Nacional, tanto no número de deputados federais, como senadores, bem como em número de prefeitos e vices.
O União Progressista já é uma realidade, mas necessita ainda passar por convenção partidária e pelo crivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pois federação, segundo a legislação, se torna um único partido e deve ser mantida por quatro anos.
Portanto, se acontecer de fato em 2026, UB e PP terão ue se manter unidos nas disputas municipais de 2028, o que passa a exigir maiores amarrações e acordos futuros, o que, em política se torna um risco iminente.
Mas, voltando a questão Mauro Mendes e Otaviano Pivetta, o governador do Estado assumiu publicamente que seu vice é candidato a disputar sua sucessão, mas em nenhum momento, Mauro (pelo menos publicamente, mas é o que acontece de praxe na política partidária e eleitoral), admitiu que deixaria o mandato para Pivetta concorrer no exercício do cargo.
Por mais de uma vez, empresário de sucesso, multimilionário, sempre deixou claro sua vontade de disputar o Governo de Mato Grosso, mesmo que não seja sentado na cadeira de governador do Estado. Mas, nos bastidores, deixa claro espera que o compromisso seja cumprido pelo atual chefe do Executivo Estadual.
Também é natural - e o próprio Paraná Pesquisas deixou claro, avaliando o cenário político eleitoral para as duas vagas de Mato Grosso no Senado da República - que o governador Mauro Mendes é quem, neste momento - a 16 meses ou 487 dias das eleições de 4 de outubro de 2026, em primeiro turno - reúne as melhores condições para disputar uma das duas vagas para o Senado.
Vale lembrar que todas as unidades da Federação tem três senadores que representam os Estados e o Distrito Federal e, em 2026, estarão em disputa 2/3 das 81 vagas, ou seja, 54 cargos de senador e, provavelmente, 10 vagas de deputados federais (hoje são oito deputados), estes representantes da população.
Aqui também se tem outro imbróglio a ser "desamarrado". Se Mauro Mendes disputar as eleições de senador, precisa necessariamente se desincompatibilizar, ou seja, deixar o cargo de governador até 4 de abril.
Mas, o mais provável é que seja em 30 de março de 2026, o que eleva Otaviano Pivetta à condição de chefe do Poder Executivo, nem que seja por nove meses e também comandante do processo eleitoral, se ele for candidato.
Vai necessitar de muita saliva e muita argumentação, diante do cenário com outros possíveis nomes e uma infinidade de partidos que querem estar juntos, mas precisam se sentir “estimulados" a caminharem juntos.
O outro problema a ser desenrolado pelo governador é a natural candidatura do senador Jayme Campos (União), e que detém muita simpatia e favoritismo perante a cúpula nacional da sigla, além de ter disputado seis eleições, todas elas com vitória.
Se Jayme não encontrar guarida à sua candidatura à reeleição, pode disputar o Governo do Estado, o que afastaria o União Brasil (ou a federação União Progressista) de uma candidatura liderada por Pivetta e pelo próprio Mauro.
Também se tem a iminente candidatura da deputada Janaina Riva (MDB), que pleiteia uma vaga no Senado, lembrando que são apenas duas vagas majoritárias e dois suplentes para cada candidato.
Com uma postura independente, mas dentro do esperado para quem foi eleita por um partido que estava na coligação lá em 2018, quando Mauro venceu sua primeira disputa para o Governo do Estado de Mato Grosso e repetiu-se em 2022, na sua reeleição, agora tanto o governador como a parlamentar, travam disputas públicas de críticas e cobranças que podem desequilibrar a disputa eleitoral, do tanto que eles se engalfinham e mutuamente.
Mauro Mendes e sua cúpula também carregam o estereótipo (que está mais para um fantasma político) uma herança deixada por Dante de Oliveira, o primeiro governador de Mato Grosso, na era moderna, a ser reeleito para um mandato consecutivo e que deixou o comando para disputar a vaga de senador da República, com alta aprovação nas pesquisas eleitorais e foi fragorosamente derrotado, cedendo a vaga para a então deputada estadual pelo PT, Serys Slhessarenko, hoje filiada ao PSB.
Mesmo sendo cenários totalmente distintos e outras épocas, não se deve desconhecer as realidades que uma eleição provoca e que leva a resultados totalmente distintos do esperado, bastando ver as eleições municipais de 2024.
Estes são os principais problemas que vão levar o governador Mauro Mendes a ter que refletir entre cumprir o compromisso assumido com seu vice, lá em 2018, ou encontrar um motivo - “uma explicação lógica”, como declarado por ele mesmo em 2024, para mudar sua posição.
Ou então, apoiar Pivetta sem deixar o Governo do Estado e tentar evitar que seu partido se enfarele todo, já que tem Jayme Campos como candidato natural à reeleição para uma vaga no Senado ou então, aceitar que o senador dispute o Governo do Estado pela Federação União Brasil.
O somatório de esforços vai deixar de ser projeto pessoal para ser projeto eleitoral e de partido, sob pena do União Brasil e seus principais líderes serem assombrados pelo fantasma de Dante de Oliveira.
Aliás, em todas as conversar e entendimentos partidários, a conta a ser fechada é contemplar os partidários, atender aos partidos aliados e marchar unidos para as eleições em busca de vitórias. Do contrário, todos perdem e os resultados passam a ser desconhecidos, pelo menos neste momento.
Mauro Mendes e a federação União Progressista ainda têm outra missão pela frente, administrar a tendência do eleitorado local que, em 2024, nas eleições municipais marcharam com Jair Bolsonaro, mais para direita do que para a esquerda.
Mas não se pode duvidar da capacidade de articulação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de que o Bolsonarismo é muito mais extrema-direita do que direita, e os resultados das gestões das três principais cidades de Mato Grosso - Abilio Brunini (Cuiabá), Flávia Moretti (Várzea Grande) e Cláudio Ferreira (Rondonópolis) -, justamente os três maiores colégios eleitorais, todos eles do PL e extrema-direita, vão trabalhar arduamente para eleger os candidatos mais próximos deles mesmos e do ex-presidente, do que de eventuais ou pseudos aliados.
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