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Policia MT
Quarta - 25 de Junho de 2025 às 16:03
Por: Nathalia Okde/Primeira Página

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Dois feminicídios registrados nesta semana trazem à tona a gravidade da situação em Mato Grosso, o estado já contabiliza 25 casos apenas nos seis primeiros meses deste ano. Os dados atualizados são do Observatório Caliandra, plataforma do Ministério Público Estadual, que monitora e divulga estatísticas sobre a violência contra a mulher.

O índice de morte de mulheres, enquadrado na classificação de feminicídio, colocou o estado no topo das estatísticas de assassinatos de mulheres motivados por gênero em todo o país.

Em comum, o fim trágico de histórias marcadas por violência doméstica e controle abusivo. (Foto: Reprodução)Em comum, o fim trágico de histórias marcadas por violência doméstica e controle abusivo. (Foto: Reprodução)

Feminicídios em 2025

Em comum, o fim trágico de histórias marcadas por violência doméstica e em alguns casos, controle abusivo. Neste recorte, 13 vítimas tiveram seus nomes e trajetórias reveladas — mulheres de diferentes idades, profissões e cidades, mas unidas por uma mesma estatística brutal.

A maioria dos crimes ocorreu dentro de casa ou em locais públicos, sempre com um elemento em comum: a agressão partiu de homens com os quais as vítimas tinham ou tiveram relacionamentos afetivos.

Em alguns casos, as mulheres já enfrentavam relacionamentos abusivos ou tentavam se desvincular deles. Outras, foram mortas diante dos filhos — e, em ao menos dois episódios, as crianças também foram alvos da violência.

As narrativas mostram ainda a diversidade de armas usadas nos assassinatos — facas, revólveres, fogo, golpes e estrangulamento — e escancaram a repetição de padrões: ciúmes, sentimento de posse, inconformismo com o fim do relacionamento ou uma decisão tomada pela mulher.

Apesar das diferenças individuais, os casos reforçam que o feminicídio é sempre o desfecho extremo de um ciclo de violência que poderia ter sido interrompido antes. A seguir, conheça os nomes, rostos de 13 dessas mulheres.

Tainara

A jovem Tainara Raiane da Silva, 21 anos, morreu no dia 21 de fevereiro, após ficar internada por 43 dias no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). Ela teve o corpo incendiado pelo namorado, dia 9 de janeiro deste ano.

Segundo a Polícia Civil, Tainara foi atacada pelo namorado após uma suposta crise de ciúmes e teve o corpo incendiado por ele. O crime aconteceu na casa onde a vítima morava, em Nobres, a 151 km de Cuiabá.

A jovem Tainara Raiane da Silva, 21 anos, morreu após ter o corpo incendiado pelo namorado. (Foto: Reprodução)A jovem Tainara Raiane da Silva, 21 anos, morreu após ter o corpo incendiado pelo namorado. (Foto: Reprodução)

Regiane


No dia 30 de janeiro, Regiane Alves da Silva, de 29 anos, foi morta a facadas pelo marido, Emival Antunes Barbosa, de 47 anos, em um bar de Confresa, a 1.160 km de Cuiabá.

A vítima foi morta na frente das duas filhas do casal, de três e oito anos de idade. Ele e Regiane eram casados há oito anos.

Regiane Alves da Silva, de 29 anos, foi morta a facadas pelo marido, Emival Antunes Barbosa, de 47 anos, em um bar de Confresa. (Foto: Reprodução)Regiane Alves da Silva, de 29 anos, foi morta a facadas pelo marido, Emival Antunes Barbosa, de 47 anos, em um bar de Confresa. (Foto: Reprodução)

Vitoria

No dia 15 de fevereiro, Vitoria Camily Carvalho Silva, de 22 anos, foi vítima de feminicídio em Várzea Grande, região metropolitana da capital, pelo ex-namorado Helder Lopes de Araújo.

O suspeito confessou o crime e disse que teria sido motivado pela vítima ter supostamente interrompido uma gravidez e por ele não aceitar o fim do relacionamento.

Vitoria Camily Carvalho Silva, de 22 anos, foi vítima de feminicídio pelo ex-namorado. (Foto: Reprodução)Vitoria Camily Carvalho Silva, de 22 anos, foi vítima de feminicídio pelo ex-namorado. (Foto: Reprodução)

Numa tentativa de escapar das ameaças do ex-namorado, Vitória planejava sair do país. A irmã da vítima conta que cerca de uma semana antes de ser morta, a jovem havia tirado o passaporte.

O crime aconteceu durante uma comemoração na casa da irmã de Vitoria, no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, quando Helder invadiu o local armado. Ele disparou quatro vezes contra a jovem, atingindo-a no tórax e na cabeça.

Em seguida, apontou a arma para a amiga da vítima e tentou atirar, mas a pistola falhou, possibilitando que a jovem escapasse com vida.

Vanusa

A agente de saúde Vanusa dos Santos, de 43 anos, foi encontrada morta dentro da casa em Nova Guarita, a 667 km de Cuiabá, na noite de 23 de fevereiro. No mesmo local, também foi encontrado o corpo de Walter Aparecido Silva, de 46 anos, ao lado de uma arma de fogo.

Segundo informações da Polícia Militar, o caso foi relatado pelo filho de Vanusa, que encontrou a mãe sem vida dentro de casa. O jovem denunciou o crime em estado de desespero, afirmando que o padrasto havia matado sua mãe.

Agente de saúde Vanusa dos Santos, de 43 anos, foi encontrada morta dentro da casa. (Foto: Reprodução)A agente de saúde Vanusa dos Santos, de 43 anos, foi encontrada morta dentro da casa. (Foto: Reprodução)

Heloysa

Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos, foi assassinada no dia 22 de abril em Cuiabá. O corpo da adolescente foi encontrado em um poço de aproximadamente nove metros de profundidade, em uma área de mata no bairro Ribeirão do Lipa.

O principal suspeito de ser o mandante do feminicídio é padrasto da vítima, Benedito Anunciação Santana, de 40 anos, ex-servidor da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso. Ele teria articulado o crime com a ajuda do filho, Gustavo Benedito Júnior, de 18 anos, e dois adolescentes, de 16 e 17 anos.

Heloysa foi morta estrangulada com cabo USB. (Foto: Reprodução)Heloysa foi morta estrangulada com cabo USB. (Foto: Reprodução)

Segundo relatos da advogada da família, Suellen Alencastro, mãe da adolescente, tentou encerrar o relacionamento abusivo com Benedito por diversas vezes durante os quatro meses de namoro.

De acordo com a Polícia Civil, o grupo simulou um assalto à residência da vítima e agrediu também a mãe de Heloysa, que sobreviveu ao ataque.

As investigações indicam que Benedito deixou os adolescentes na porta da casa e tentou encobrir o feminicídio como um crime de roubo seguido de sequestro. A encenação, no entanto, foi rapidamente desvendada pelas forças de segurança. Em menos de 24 horas, todos os envolvidos foram presos ou apreendidos.

O delegado Guilherme Bertoli afirmou que há fortes indícios de que o crime tinha como objetivo eliminar tanto a adolescente quanto a mãe dela. A intervenção de uma amiga da família, que estava com um bebê no momento do ataque, teria impedido a segunda morte.

Ivaldete

O corpo de Ivaldete Coutinho de Oliveira Polesello, de 58 anos, foi encontrado pelo neto, um adolescente de 14 anos. A mulher foi morta a facadas, no dia 8 de maio em casa, na cidade de Sorriso, a 420 km de Cuiabá.

O principal suspeito do crime é o próprio marido da vítima, um homem de 69 anos, que foi preso em flagrante poucas horas após o crime. Eles estavam juntos há 38 anos, segundo apurado pela polícia.

Ivaldete Coutinho de Oliveira Polesello, de 58 anos, foi morta a facadas pelo marido. (Foto: Reprodução)Ivaldete Coutinho de Oliveira Polesello, de 58 anos, foi morta a facadas pelo marido. (Foto: Reprodução)

Segundo o comandante da Polícia Militar de Sorriso, tenente-coronel Jorge Luis de Almeida, ainda não é possível determinar o número exato de facadas, mas foram “vários” golpes. A causa da morte será confirmada por exame de necropsia do Instituto Médico Legal (IML). O suspeito não revelou o que teria motivado o ataque.

Quitéria

Quitéria dos Santos Costa, de 29 anos, foi assassinada pela ex-namorada em uma sorveteria localizada em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, no dia 13 de maio. A suspeita e ex-namorada, Emanuelly Vitória Domingos de Oliveira, e a atual namorada dela, que teria ajudado no crime, foram presas em flagrante.

Emanuelly alegou à Polícia Civil que agiu por vingança, após supostas ameaças feitas pela vítima. Uma câmera de segurança registrou o momento em que a suspeita chega ao local e dá vários golpes de faca na vítima. Ela foi autuada em flagrante por feminicídio.

Quitéria dos Santos Costa, de 29 anos, foi assassinada pela ex-namorada em uma sorveteria. (Foto: Reprodução)Quitéria dos Santos Costa, de 29 anos, foi assassinada pela ex-namorada em uma sorveteria. (Foto: Reprodução)

Gabrieli

Gabrieli Daniel de Moraes, de 31 anos, foi mota a tiros na noite do dia 25 de maio pelo marido, o policial militar Ricker Maximiano de Moraes, de 35 anos.

O crime aconteceu na residência do casal, localizada na Rua Paraju, ao lado da casa 83, no bairro Praeirinho, em Cuiabá. Após o crime, o suspeito fugiu do local com os filhos do casal.

O policial militar Ricker Maximiano de Moraes, de 35 anos, matou a esposa Gabrieli Daniel de Moraes, de 31 anos, a tiros. (Foto: Reprodução)O policial militar Ricker Maximiano de Moraes, de 35 anos, matou a esposa Gabrieli Daniel de Moraes, de 31 anos, a tiros. (Foto: Reprodução)

A polícia foi acionada após vizinhos terem ouvido barulho de tiros vindo da residência e, logo em seguida, visualizarem o homem, que estava fardado, deixando o local com as crianças.

De acordo com o delegado do caso Edson Pick, ele deixou os filhos na casa dos avós e se entregou à polícia horas depois do crime. Ricker foi autuado em flagrante e permaneceu em silêncio.

Vânia

Vânia Cristina Benini, de 38 anos, estava grávida de quatro semanas quando foi morta a facadas por Yuri Alexandre Rodrigues da Silva, de 28 anos, no dia 5 de junho, em Ribeirãozinho, a 465 km de Cuiabá. O homem foi preso em flagrante.

Vânia Cristina Benini, de 38 anos, estava grávida de quatro semanas quando foi morta a facadas por Yuri Alexandre Rodrigues da Silva, de 28 anos. (Foto: Reprodução)Vânia Cristina Benini, de 38 anos, estava grávida de quatro semanas quando foi morta a facadas por Yuri Alexandre Rodrigues da Silva, de 28 anos. (Foto: Reprodução)

Yuri é gerente de uma empresa de transmissão de energia elétrica na cidade e Vânia trabalhava como vigilante no local. Segundo a polícia, ela mantinha um relacionamento extraconjugal com o suspeito e o crime pode ter sido motivado pela recusa da gestante em interromper a gravidez.

Em depoimento, ele relatou que teve um relacionamento com Vania há cerca de três meses e que os dois se encontraram aproximadamente quatro vezes. Yuri também disse à polícia que não sabia da gravidez da vítima e relatou que os dois chegaram a ter desentendimentos no ambiente de trabalho.

O suspeito do crime é casado, pai de três filhas e a esposa está grávida do quarto filho.

Paulina

Paulina Santana, de 52 anos, morreu no dia 17 de junho, após cinco dias de internação. Ela foi esfaqueada pelo ex-marido no município de Vera, a 486 km de Cuiabá, no dia 13 de junho. O suspeito foi preso no mesmo dia do ataque.

Paulina Santana, de 52 anos, morreu no dia 17 de junho, após ser esfaqueada pelo ex-marido. (Foto: Reprodução) Paulina Santana, de 52 anos, morreu no dia 17 de junho, após ser esfaqueada pelo ex-marido. (Foto: Reprodução)

De acordo com a Polícia Civil, Paulina e o investigado foram casados por aproximadamente 10 anos, mas estavam separados há mais de seis meses. O crime ocorreu quando o suspeito chegou à residência da ex-mulher e a encontrou conversando com um amigo.

Tomado por ciúmes, ele pegou uma faca que estava no local, ameaçou o visitante que deixou a casa e esfaqueou Paulina no abdômen. Após o ataque, fugiu de motocicleta.

Gleici

Gleici Oliboni, de 42 anos, foi morta a facadas nessa terça-feira, dia 24 de junho, em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá. O suspeito é o marido, o engenheiro agrônomo Daniel Frasson, que também esfaqueou a filha dele, de 7 anos.

Depois de supostamente matar a mulher e ferir a filha, Daniel teria tentado tirar a própria vida e, por isso, está hospitalizado. A filha dele foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Cuiabá. O estado de saúde da criança, esfaqueada pelo próprio pai enquanto dormia ao lado da mãe, segue grave.

Gleici Oliboni, de 42 anos, foi morta a facadas. O suspeito é o marido, o engenheiro agrônomo Daniel Frasson. (Foto: Reprodução)Gleici Oliboni, de 42 anos, foi morta a facadas. O suspeito é o marido, o engenheiro agrônomo Daniel Frasson. (Foto: Reprodução)

Roseni

Uma mulher identificada como Roseni da Silva Karnoski, de 52 anos, morreu após ser atingida com um tiro de espingarda na comunidade Distrito de Ranchão, na zona rural de Nova Mutum, a 269 km de Cuiabá, também nessa terça-feira, dia 24 de junho.

Segundo a Polícia Militar o suspeito é o marido da vítima, de 57 anos, que, ao ser localizado, apresentava sinais de embriaguez. A vítima foi conduzida ao Hospital Hilda Strenger Ribeiro, onde foi socorrida, mas morreu após sofrer três paradas cardíacas.

Uma equipe da PM foi até a casa do casal, onde foi encontrada uma espingarda calibre 12 sobre o sofá, sangue pela casa, além de uma porta danificada e munições de outro calibre sobre a geladeira.





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