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Meio Ambiente
Sexta - 31 de Outubro de 2025 às 08:21
Por: Marcos Lemos/Diário de Cuiabá

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Mato Grosso volta a compor entre os estados que mais sofrem com o desmatamento na Amazônia
Mato Grosso volta a compor entre os estados que mais sofrem com o desmatamento na Amazônia

Apesar da redução geral no desmatamento da Amazônia em 2025, Mato Grosso seguiu na contramão da tendência e voltou a registrar aumento expressivo na destruição de florestas.

O Estado contabilizou 1.572 km² de área devastada entre agosto de 2024 e julho de 2025, um avanço de 25,05% em relação ao período anterior, quando o sistema Prodes apontou 1.257 km².

O levantamento coloca Mato Grosso como o segundo estado com maior área desmatada da Amazônia Legal, atrás apenas do Pará, que registrou 2.098 km².

Juntos, os dois estados responderam por mais da metade da devastação total da floresta no último período.

De acordo com o coordenador do Programa BiomasBR do Inpe, Claudio Almeida, a alta mato-grossense foi determinante para limitar a redução global da taxa de desmatamento na Amazônia.

“O Pará e Mato Grosso continuam sendo os motores da pressão sobre a floresta, e é essencial que o controle territorial avance nessas duas frentes”, observou durante a apresentação dos dados em Brasília, na quinta-feira (30).

PRESSÃO CONCENTRADA - A análise espacial mostra que o desmatamento se concentrou principalmente nas regiões Norte e Noroeste de Mato Grosso, áreas de forte expansão agropecuária e de intensa ocupação fundiária.

Municípios como Colniza, Aripuanã, Juína, Apiacás, Nova Bandeirantes e Alta Floresta aparecem novamente entre os que mais contribuíram para a perda de vegetação nativa.

Essas regiões integram o chamado “arco do desmatamento”, uma faixa de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, onde a expansão da pecuária e da produção de grãos avança sobre áreas de floresta primária.

Dados do Inpe indicam que a maioria das áreas suprimidas em Mato Grosso é resultado de corte raso, e não de degradação progressiva — uma evidência da conversão direta de floresta em uso agropecuário.

FISCALIZAÇÃO E DESAFIOS - Mesmo com o aumento dos alertas, o estado registrou crescimento de autuações ambientais e ações de fiscalização no período.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizou 687 operações em todo o país, sendo várias em unidades de conservação federais localizadas em Mato Grosso, como o Parque Nacional do Juruena e a Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt.

Essas ações resultaram em R$ 398 milhões em multas aplicadas, 2.126 autos de infração julgados e a ampliação do quadro de fiscais federais.

O Estado também recebeu apoio de operações conjuntas com o Ibama, Polícia Federal e Força Nacional, que atuaram em áreas de conflito fundiário e garimpo ilegal.

Apesar disso, fontes do Ministério do Meio Ambiente admitem que a capacidade de resposta estadual ainda é desigual.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), embora tenha intensificado o uso de sistemas de monitoramento remoto, enfrenta limitações de pessoal e estrutura para acompanhar a velocidade das novas frentes de desmate — especialmente em propriedades privadas de grande porte.

RISCO AMBIENTAL - Especialistas apontam que a pressão sobre o território mato-grossense está ligada à expansão da fronteira agrícola em direção ao Norte do Estado, impulsionada pela valorização da terra e pela abertura de rotas logísticas como a BR-163, a BR-174 e a Ferrogrão.

A região concentra também uma série de conflitos socioambientais, incluindo invasões em terras indígenas e unidades de conservação, além de áreas de amortecimento de parques federais.

A atuação de grupos econômicos ligados à grilagem e ao garimpo ilegal ainda é uma das principais preocupações das autoridades ambientais.

AVANÇO ISOLADO - Os dados do Inpe mostram que a Amazônia perdeu 5.796 km² de floresta no período, uma redução de 11,08% em relação ao ciclo anterior (2023–2024).

É a terceira menor taxa da série histórica, iniciada em 1988, e marca o terceiro ano consecutivo de queda desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acumula redução de 50% no desmatamento em comparação a 2022.

Entre os estados que mais reduziram as derrubadas estão Tocantins (-62,5%), Amapá (-48,1%), Roraima (-37,3%), Rondônia (-33,6%), Acre (-27,6%), Maranhão (-26%), Amazonas (-16,9%) e Pará (-12,4%).

Mato Grosso destoou dessa tendência, respondendo sozinho por 27% de toda a área devastada na Amazônia Legal.

QUEDA NO CERRADO - O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro, também apresentou retração: a taxa oficial foi de 7.235 km², queda de 11,49% em relação ao período anterior.

Mesmo assim, a destruição permanece concentrada no chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), responsável por quase 78% do total de supressão vegetal registrada.

CONTROLE - O resultado positivo nas demais regiões é atribuído ao fortalecimento das ações de fiscalização ambiental.

Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), de agosto de 2024 a julho de 2025 foram realizadas 687 operações, com R$ 398,5 milhões em multas aplicadas, 2.126 autos de infração julgados e a formação de 130 novos agentes de fiscalização.

O órgão também intensificou o uso de drones, aeronaves e operações remotas, além de promover ações conjuntas com as forças policiais e bases fixas em áreas críticas.

Na Amazônia, foram registradas 312 operações de fiscalização, que resultaram em 1.301 autos de infração e 816 embargos.

META ZERO - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que a redução nas taxas gerais de desmatamento é resultado da reconstrução da governança ambiental e da ampliação do Fundo Amazônia, que financia projetos de controle e desenvolvimento sustentável.

“A queda consecutiva na Amazônia e no Cerrado mostra que a agenda ambiental é prioridade e condição essencial para o desenvolvimento econômico sustentável do país”, afirmou Marina.

O Governo Federal reafirmou o compromisso de zerar o desmatamento até 2030, com apoio de planos nacionais e cooperação entre 19 ministérios, Ibama, ICMBio e governos estaduais.





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