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Politica Brasil
Quarta - 04 de Julho de 2012 às 07:01

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Após serem acusados de envolvimento com o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP) terão o curso de seus mandatos parcialmente decididos nesta quarta-feira. Enquanto a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), no Senado, votará o parecer pela cassação de Demóstenes, enviada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, uma possível abertura de inquérito similar contra Protógenes será decidia na Câmara.

A sessão sobre o mandato de Demóstenes está marcada para iniciar às 10h. Ele é acusado de quebra de decoro parlamentar por manter sociedade com o bicheiro em negócios ilegais no Estado de Goiás. No início da semana, o senador usou o plenário para defender seu mandato diante de uma plateia praticamente vazia. "Eu peço perdão; eu peço desculpas", repetiu, por 48 vezes, citando 44 senadores nominalmente e negando qualquer ilegalidades em suas ações.

O pedido de cassação contra o senador, proposto pelo Psol, foi acatado pelo Conselho de Ética no dia 26 de junho. Na quinta-feira, o parecer do senador Pedro Taques (PDT-MT) - relator do caso - foi entregue à CCJ. De acordo com o regimento do legislativo, antes de chegar ao plenário para votação final, o documento precisa do aval da comissão, que verificará a constitucionalidade do processo. A sessão que baterá o martelo sobre o mandato de Demóstenes está prevista para ocorrer no dia 11 de julho.

Na Câmara, o Conselho de Ética analisará a representação enviada pelo PSDB contra Protógenes (PCdoB-SP). O relatório do deputado Amaury Teixeira (PT-BA) pede o aprofundamento das investigações sobre as relações do parlamentar com Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, ex-sargento da aeronáutica e acusado de integrar a organização chefiada por Carlinhos Cachoeira.

Escutas da Polícia Federal, feitas durante a operação Monte Carlo, mostrariam Protógenes dando orientações a Dadá sobre como agir para atrapalhar a investigação da operação Satiagrahada na corregedoria do órgão. Somente se o relatório de Amaury Teixeira for aprovado é que será aberto o processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado, que também alegou inocência e acusou o relator de estar cumprindo acordo entre o PT e o PSDB para desviar as investigações da CPI da empresa Delta.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.





Fonte: Terra

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