Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Politica Brasil
Segunda - 02 de Julho de 2012 às 02:39

    Imprimir


Um vídeo encontrado pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, que prendeu o bicheiro Carlinhos Cachoeira, em fevereiro, mostra o prefeito de Palmas (PT), Raul Filho (PT), em negociação com Cachoeira. As imagens, achadas na casa do ex-cunhado do bicheiro e divulgadas pelo Fantástico, são de 2004 e foram registradas durante a campanha que elegeu o petista prefeito de Palmas pela primeira vez. Na gravação, os dois estão acompanhados por assessores e o então candidato diz a Cachoeira que tem um "projeto de poder no Tocantins". "Palmas é um estágio", diz, ao que o bicheiro demonstra interesse.

No registro, Cachoeira oferece ajuda para a campanha do petista, questionando se um grande show seria bom para a candidatura. "Palmas tem uma série de oportunidades a serem exploradas, no campo imobiliário, transporte. Lá tem uma questão que nós vamos rever ela mesma, a concessão da água", diz o futuro prefeito, mostrando os setores em que o grupo de Cachoeira poderia atuar. Segundo a PF, semanas depois, o contraventor se reuniu com um suposto assessor de Raul Filho e tratam de como levar R$ 150 mil para Tocantins. O assessor diz que vai passar contas de "pessoas que não têm nada a ver com campanha" para que o pagamento fosse "pulverizado pequenininho". A prefeitura de Palmas afirmou que não conseguiu localizar Raul Filho para que ele comentasse a denúncia.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes. 





Fonte: Terra

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/47659/visualizar/