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Sexta - 22 de Junho de 2012 às 10:26
Por: RODRIGO SALEM

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O momento da comédia, no entanto, causa distorções nas salas de cinemas. O diretor Fernando Meirelles desistiu de filmar, ano que vem, a adaptação de "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, por achar "que não compensaria o alto custo e o investimento em tempo e dinheiro na produção."

"Ainda bem que existem essas comédias que andam sustentando nossa indústria nestes últimos anos. Elas conseguem bater em público as comédias de fora. Infelizmente, o mesmo não acontece com os nossos dramas", diz o cineasta, que viaja no fim do mês para Londres filmar "Nemesis", sobre o magnata grego Aristóteles Onassis.

O fracasso do drama "Xingu" foi o sinal amarelo que Meirelles, produtor do filme, recebeu. O longa de Cao Hambuger, com orçamento de R$ 14 milhões, atraiu pouco mais de 300 mil pagantes. "Sou coprodutor de "Xingu" e em nenhum momento achei que passaria de 500 mil espectadores em função da história ser contada de forma quase documental, sem emoção", rebate Carlos Eduardo Rodrigues, diretor Executivo da Globo Filmes.

  Gabriel Borges/Divulgação  
"Gonzaga - De Pai para Filho" é uma das maiores esperanças de bilheteria nacional neste ano
"Gonzaga - De Pai para Filho" é uma das maiores esperanças de bilheteria nacional neste ano

O executivo acha que não há uma política de planejamento e estímulo para a produção de filmes de gênero e por isso a comédia se torna a base das bilheterias. "No Brasil, parece que as autoridades gostam de filmes realistas, dramáticos, para adultos e documentários de pouco apelo público", reclama Rodrigues.

Manoel Rangel, diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), órgão ligado ao Ministério da Cultura para fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica, não concorda. "A Ancine não tem que gostar, nem desgostar dos filmes. Ou melhor, ela gosta de todos os filmes brasileiros que se realizam plenamente e chegam à sociedade."

O problema é uma produção de quase 100 filmes com raros exemplares em condições de disputar com o mercado americano. "O sucesso de público acontece em poucos títulos, cerca de 5% dos longas lançados", fala Carlos Eduardo Rodrigues. "Vi a lista das produções lançadas ano passado e fiquei chocado ao constatar que não ouvi sequer falar da existência de 46 deles", revela Meirelles.

"O drama do cinema brasileiro é o baixo número de filmes comerciais. O que lançamos foram 100 produtos audiovisuais e poucos longas competitivos de verdade", diz o produtor Bruno Wainer. "Lutamos como um pobre gladiador sozinho em uma arena."

O gladiador terá ajuda no segundo semestre para reverter o jogo a favor dos leões. "Minha grande aposta é o filme sobre Luiz Gonzaga. É "Os Dois Filhos de Francisco", mas com música boa", brinca Jorge Furtado citando "Gonzaga - De Pai para Filho", de Breno Silveira. Novas comédias como "Até que a Sorte nos Separe" e "Os Penetras", ambos estrelados por comediantes televisivos (Leandro Hassum no primeiro e Marcelo Adnet no segundo).

O diretor executivo da Globo filmes não deixa dúvidas sobre o ano crucial para o cinema nacional. "A retomada não acabou em "Tropa de Elite 2", mas sim neste [primeiro] semestre. Se estes filmes não funcionarem, retrocederemos 15 anos", crê Carlos Eduardo Rodrigues.






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