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Politica Brasil
Domingo - 17 de Junho de 2012 às 08:40

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Cortejado pelo PT desde 2011 para desistir de sua candidatura e compor uma aliança nas eleições de outubro, o deputado Paulinho da Força (PDT) admite que, se o nome petista na disputa fosse o da senadora Marta Suplicy e não o do ex-ministro Fernando Haddad, provavelmente os partidos estariam juntos.

Aliado tanto ao governo de Dilma Rousseff (PT) quanto ao de Geraldo Alckmin (PSDB), Paulinho ironizou o adversário petista, mas elogiou o tucano José Serra.

Em entrevista à Folha, o deputado, que neste sábado (16) foi lançado oficialmente candidato a prefeito, afirma que entrou na disputa por dois motivos: discutir a cidade e triplicar a bancada municipal do PDT --hoje, de apenas um vereador.

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Folha - O sr. larga com 5% de intenções de voto e com 2 minutos na propaganda eleitoral. Acha realmente que pode chegar ao segundo turno?
Paulo Pereira da Silva - Tenho duas coisas que os outros não têm: uma militância maior, por causa do movimento sindical, e minha proposta é melhor. Eles vão discutir São Paulo tradicionalmente. Nós vamos propor uma revolução.
 

  Joel Silva/Folhapress  
O deputado e pré-candidato do PDT a prefeito de São Paulo, Paulinho da Força, Paulo Pereira em sua sala na Força Sindical em São Paulo.
O deputado e pré-candidato do PDT a prefeito de São Paulo, Paulinho da Força, Paulo Pereira em sua sala na Força Sindical em São Paulo.


O que seria essa revolução?

O primeiro princípio é descentralizar São Paulo, fazer com que o subprefeito tenha poderes de administrar e, em um ano, fazer a eleição direta do subprefeito. O segundo é levar o emprego para perto das pessoas, dando incentivo fiscal para as empresas: manter os 5% de ISS [imposto sobre serviço] no centro e baixar para até menos de 2% na periferia. Com isso você acaba com essa loucura de virem 5 milhões de pessoas para o centro de São Paulo todo dia e resolve o segundo maior problema da cidade, o trânsito. O terceiro é cuidar de São Paulo, hoje muito injusto com quem mora aqui.

A periferia tem estrutura para para receber essas empresas?
Você tem de fazer operações urbanas para preparar os bairros.

Isso leva tempo. O que fazer sobre o trânsito até lá? O sr. tem dito que o metrô não é a solução ideal.
Quem fala que vai resolver o problema de trânsito em São Paulo com metrô está mentindo. Você tem que manter o investimento de metrô, fazer corredor de ônibus, transformar os faróis em inteligentes, acabar com a indústria da multa e trabalhar ciclovias nos bairros.

Dois de seus adversários --Gabriel Chalita (PMDB) e Fernando Haddad (PT)-- são ligados à educação.
Ligados e mal ligados. Um deles muito mal. Não conseguia fazer prova, né? Nenhuma prova deu certo. Mas não vou falar mal...

Qual vai ser o peso da educação na campanha?
Educação é um dos três grandes problemas na cidade. Nosso partido tem uma história na educação de tempo integral. Eu aumentaria o período escolar e acabaria imediatamente com a progressão continuada. Implantaria uma escola profissionalizante nos 96 distritos.

Como criticar a gestão Kasab, apoiada pelo PDT?
O Kassab é meu amigo. Eu não vou criticar, só vou dizer que vou fazer diferente. Ele centralizou a administração, tanto que eu acho que um das maiores rejeições que ele tem é disso. Tudo sai do viaduto do Chá. Aliás tem um candidato aí que não sabia onde era a prefeitura, né?

Pelo que você diz, dá para esperar uma campanha mais crítica ao PT do que ao PSDB?
Da minha parte? Não vou falar mal de ninguém, não.

O PSDB estimulou de alguma forma sua candidatura?
Não. Na eleição passada, o PDT compôs com o Mercadante [PT]. Recentemente, [o governador tucano Geraldo] Alckmin me convidou para conversar sobre São Paulo. Eu deixei claro: ªNão falo sobre 2012, se ele topar conversar sem falar sobre 2012, eu vouº. Aí fui lá, e ele não tocou em 2012.

E o PT?
Há uns três meses o Lula teve uma conversa com o Lupi, e o Lupi disse para ele que nós teríamos candidato. Ele nunca mais falou. Na semana passada o [prefeito de São Bernardo Luiz] Marinho me ligou: "O Lula está querendo marcar uma conversa com você". Eu falei: "Vamos marcar para o dia 8 de outubro, às 15h, que de manhã eu vou estar cansado". Não teve pressão, pelo menos diretamente comigo.

Nenhum estímulo para que você se lançasse candidato?
De ninguém. Estou saindo candidato basicamente para discutir a cidade e porque, com isso, se der tudo errado, eu vou pelo menos triplicar a bancada de vereadores.

O sr. vai atrair mais votos de eleitores do PT ou do PSDB?
Eu tenho uma tradição de defesa dos interesses dos trabalhadores. Posso chutar: os metalúrgicos fizeram uma pesquisa dias atrás e eu tive espontaneamente 48% dos votos [entre os metalúrgicos]. Quando pergunta qual partido você prefere, 35% preferem o PT.

Indiretamente o sr. beneficia a candidatura do Serra?
Não sei. Tem gente que me confunde, acha que eu sou do PT. Pode ser.

O PDT apoia o governo Dilma, do PT, e o governo Alckmin, do PSDB. Há contradição?
O PDT hoje tem o Ministério do Trabalho e acordos em diversos Estados-- Minas, São Paulo, Pernambuco. Nacionalmente, acho que hoje o PDT não está tanto na base do governo. Tanto que tem uma tendência de o PDT apoiar o ACM Neto na Bahia-- se o Brizola tiver em algum lugar, ele pode estar se revirando.

O ex-ministro Carlos Lupi, presidente do PDT, foi um dos atingidos pela chamada faxina de Dilma. Teme que essa sombra o afete?
Não, pelo contrário, se essa sombra de corrupção pegar não vai ser sobre nós. Não somos nós que estamos na CPI nem no mensalão. O mensalão vai ser julgado no meio da eleição, para o PT isso é um desastre.

Mas o sr., como presidente da Força, responde a processos e teve duas condenações no ano passado. Como explicar isso para o eleitor?
Os meus eleitores entendem o que aconteceu. Sou presidente de uma central que enfrenta poderosos. As pessoas que votam em mim sabem da minha idoneidade. Mas acho que isso não é um impedimento, até hoje nunca tive na rua alguém que me perguntou sobre isso.

Os problemas eram em convênios. Não faz parte do presidente fiscalizar isso?
É muito difícil fiscalizar um negócio desses, a Força fez cursos de qualificação na metade das cidades do Brasil e tínhamos uma equipe de fiscalização, mas é quase impossível você andar em todo lugar. E as denúncias não são de desvio de finalidade, são de contrapartida.

Por que aqui seria mais fácil fiscalizar os convênios da prefeitura?
Você monta organizações sociais para fiscalizar, [a prefeitura] tem outra estrutura.

Suponha que, como o sr. disse, no dia 8 de outubro o Lula o procure, com Haddad e Serra no segundo turno.
É um bom problema para pensar na hora. Espero ir para o segundo turno, se não for vou sofrer na hora.

O sr. apoiou a Marta em 2008. Se fosse ela no lugar do Haddad já no primeiro turno, sua posição seria diferente?
Tenho uma relação com a Marta antiga, até brinco com ela de vez em quando: "Não é você, então estou fora [da aliança]". Uma relação mais próxima dela. Poderia ser, poderia ser outra [minha posição]. Mas tinha a pressão do partido, enfim. Outra coisa: quando você tem a Marta e o Serra, 70% dos votos já foram. Tem de pensar duas vezes antes de ser candidato.

Mas a tendência é que você estivesse com ela?
Sei lá,difícil falar isso hoje.

O sr. concorre com uma chapa pura. Acha que dá para governar sozinho?
Não, você tem de compor. Quando você ganha a eleição, você tem muita força para aprovar o que você quer e até para enquadrar um pouco a Câmara. Além disso eu sou um negociador.

Mesmo sem citá-lo, o sr. fez várias críticas ao Haddad. Como o sr. o vê?
Eu não conheço o Haddad. Conheci ele no dia 1ë de maio. Fui várias vezes no MEC, pedi audiência, e mandaram assessores me atender. Então não tenho o que falar dele.

E de suas gestões?
Não sou eu que as critico, tem várias críticas. Sobre a questão do Enem... Tem problema lá e ele vai ter que explicar durante a eleição, e não pra mim, vai ter que explicar pra São Paulo.

E a de Serra na prefeitura?
O Serra tem outro estilo de governar, você pode falar o que quiser dele, menos que não é competente. Mas ele ficou tão pouco, né? Ele vai ter que explicar também [ter deixado a prefeitura no início do mandato]. Ele e Haddad têm explicações a dar.

Sua candidatura é um trampolim para 2014?
Não. Sou deputado federal, um dos mais votados. Estou cumprindo um papel em defesa dos trabalhadores, não de São Paulo, mas do Brasil. Ontem eu fui resolver a vida de 15 mil aposentados de Volta Redonda (RJ), se fosse trampolim, estava pensando só em São Paulo, não ganho um voto com isso. Não penso muito nessa coisa de trampolim.






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