Corintiano que parou Pelé pede três marcadores em volta de Neymar
"Onde ele cair, tem que ter alguém. Ele não pode ter espaço, tem que povoar o setor. Pegou na bola, tem que ter um, dois ou três caras naquela região, para ele ter dificuldade. Alguém dá o combate, e os outros ficam de olho. O Neymar não pode dominar. Talvez o Jorge Henrique possa voltar para ajudar, e o volante fechar um pouquinho a jogada", comentou o ex-jogador, em entrevista concedida à GE.Net
"Nunca tinha visto o Pelé de perto. Era meu primeiro ano de fato como titular, eu era fã do Santos e ia enfrentá-lo pela primeira vez, com aquela coisa toda de tabu de mais de uma década (ou 22 jogos) a semana inteira. Diziam para eu ter cuidado com o Pelé, falavam para fazer isso, aquilo. E eu pensava: "caramba". Dormi mal. No dia do jogo, eu estava aquecendo no Pacaembu, todos continuaram a falar do Pelé para mim, eu peguei e falei que não ia jogar mais", recorda.
O então presidente Wadih Helu foi o responsável por convencê-lo a enfrentar o medo e subir a campo, até porque a súmula já havia sido assinada. “Quando pisei no gramado, me veio uma paz de espírito, uma tranquilidade... Eu era garoto e comecei a pensar "o Pelé não tem nada que eu não tenha, sou maior do que ele, hoje o pau vai comer". Encarei ele de igual para igual e fui feliz. Fui eleito com unanimidade pela imprensa o melhor jogador da partida. Mas todo o time jogou muita bola. Foi uma partida memorável”, completa.
"Foi uma época diferente. Eu cansei de combater o Pelé e o Ditão pegar o Coutinho, sendo que atrás da gente não tinha ninguém. Hoje é difícil ocorrer isso. É o meio-campo que combate, tanto que não tem mais duelo entre zagueiro e atacante. Na minha época ficava marcado, era eu e o Pelé. Agora o adversário precisa antes passar pelo meio, que é congestionado. Mudou", compara o ex-defensor, para justificar a opinião de que Neymar não deve receber marcação individual.
"No mano a mano ele vai passar, vai cavar falta, porque ele é muito habilidoso. Mas acredito que o Corinthians possa pará-lo, sim. No Paulista desse ano, sem o time completo, perdeu por 1 a 0, na Vila. É que ele requer cuidado, como aconteceu com os times do exterior que enfrentaram o Santos. Ele não dominou sozinho, não bateu sozinho com um jogador", prevê o quarto-zagueiro aposentado, apostando no coletivo corintiano frente aos talentos santistas.
"O Leandro Castán está jogando muito, e o Chicão seria um grande zagueiro, o que atrapalha é a estatura (tem 1,80m). Hoje em dia ele é baixo para a posição, eu seria também (com 1,82m), teria que jogar com três zagueiros. Mas a zaga tem ajuda do Fábio Santos, que tem estatura razoável, do Ralf, com boa impulsão também... Vão ser dois jogos equilibrados, e o primeiro é muito importante. Os dois times se equivalem. O Santos tem algumas peças que podem desequilibrar, e o Corinthians tem a força do conjunto", conclui aquele que um dia parou o "rei".
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