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Nacional
Quarta - 11 de Janeiro de 2012 às 21:26

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Uma cabeleireira de 56 anos foi presa na última sexta-feira após chamar uma operadora de caixa de "preta e burra" no supermercado Bompreço do Rio Vermelho, na orla de Salvador. A delegada Elza Bonfim estava na fila e deu voz de prisão a Edicelia Brito dos Santos. "Perguntei se ela estava falando com a funcionária, e ela virou para mim perguntando o que eu queria também. Me apresentei e dei a voz de prisão", afirma Elza.

Edicelia foi levada para a 7ª Delegacia Territorial (Rio Vermelho), onde foi autuada em flagrante por injúria preconceituosa. A delegada plantonista, Acácia Nunes, arbitrou fiança de quatro salários mínimos (R$ 2.488), quantia paga no mesmo dia.

Na terça-feira, a caixa Sidnea dos Santos Oliveira, 29 anos, foi à Defensoria Pública buscar orientação. "Me senti ofendida e discriminada. Não quero nada dela. Só quero que ela seja julgada criminalmente e tenha respeito às outras pessoas", declara. A operadora sofreu as ofensas depois de informar à cliente que a fila onde ela estava só poderia passar até 20 itens. "A cliente disse que eu a destratei, mas só informei o procedimento da empresa. Na hora de pagar, ela disse "tome aqui a porcaria do dinheiro. Isso só poderia ser arte de preto que não estudou"", lembra Sidnea.

A pena para o crime de injúria, com a utilização de elementos referentes a cor, raça, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, varia de um a três anos de detenção e multa. O Bompreço informou por meio de nota que preza pela integridade de seus clientes e funcionários e ressalta que irá oferecer todas as informações necessárias para a conclusão do caso. A delegada Elza Bonfim, titular em exercício da Delegacia dos Barris, diz que esta foi a primeira vez em 20 anos de carreira que realiza uma prisão em flagrante por discriminação racial.

"Não poderia me omitir porque também sou negra, e o sangue de polícia ferve nas veias", afirma, antecipando que toda vez que presenciar uma atitude desse tipo vai efetuar a prisão. "Fico envergonhada, entristecida em ver uma atitude assim numa terra em que a maioria é negra", lamenta. Elza conta que Edicelia não acreditou ao receber voz de prisão e tentou ir embora. "Na hora, chamei os seguranças e disse que ela estava presa."





Fonte: Terra

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