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Economia
Sábado - 26 de Novembro de 2011 às 07:41
Por: MARIANNA PERES

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Milhões que circularão a mais serão revertidos ao consumo
Milhões que circularão a mais serão revertidos ao consumo
Pouco mais de 277 mil pessoas tem um salário mínimo como rendimento mensal, em Mato Grosso. Caso o novo valor do piso nacional proposto pelo governo federal, de R$ 622,73, seja aprovado pelo Congresso Nacional, haverá um adicional mensal de mais de R$ 21,32 milhões na economia, cifras que em doze meses poderão ultrapassar o montante de R$ 255,94 milhões. Essa injeção monetária, conforme representantes do comércio, será totalmente revertida para o consumo, já que o piso proposto garante ganhos reais, ou seja, acima da inflação de 2011.

O montante prospectado se refere aos R$ 77 adicionais, diferença entre o atual salário mínimo de R$ 545 para o proposto de R$ 622,73, multiplicado pelo contingente de 277 mil mato-grossenses. Deste universo que depende diretamente do mínimo, no Estado, cerca de 249 mil são beneficiários da Previdência e 28 mil assalariados.

De acordo com estatísticas do Ministério da Previdência Social, até o primeiro semestre deste ano, 310.776 estavam amparados por benefícios, dos quais 80%, ou, 249.315 receberam um salário mínimo (R$ 545). Entre os beneficiários, estão em suma, aposentados e pensionistas. Completando o universo mato-grossense que depende exclusivamente do salário mínimo estão cerca de 28 mil trabalhadores com carteira assinada, estimativa apurada pela Secretaria de Estado de Planejamento, mediante dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo IBGE.

O economista Vivaldo Lopes frisa que o impacto financeiro do salário mínimo na economia será muito maior, já que outras categorias têm seus reajustes indexados pelo piso nacional e que há um outro universo de trabalhadores informais que também são direta ou indiretamente influenciado, assim como centenas de servidores públicos. “Existem no Estado mais de 1,7 milhão de pessoas economicamente ativas. Esse volume de 28 mil é apenas o observado nos empregos formais, aqueles com carteira assinada. Temos um outro contingente de trabalhadores da economia informal e outros que recebem dois, três salários mínimos e que serão beneficiados com a alta do piso, mas esse universo não tem como ser mensurado. O que sabemos é que a injeção de dinheiro é bem maior do que aquilo que podemos contabilizar”.

Mesmo sendo uma proposta, o novo piso é bem recebido pelo segmento empresarial do Estado. O valor do novo piso nacional é 14,26% superior ao que vigora em 2011. “Com a inflação de 2011 de cerca 6,6% descontada desse percentual de mais de 14%, temos um aumento real, sem a corrosão inflacionária, de quase 8% e isso vai direto ampliar o poder de consumo das famílias e fortalecer o mercado interno”, avalia o economista Carlos Vitor Timo Ribeiro.

Conforme proposta do Ministério do Planejamento, o mínimo foi elaborado com uma previsão de inflação de 6,65%, mais a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, que foi de 7,5, o que levou ao aumento de 14,26%, ou para R$ 622,73.

PROBLEMAS – O ganho acima da inflação, mesmo altamente benéfico àqueles que são vinculados direta ou indiretamente pelo piso nacional, pode se tornar um desafio para prefeituras de pequenos municípios que acabam sendo o maior empregador da cidade e na maioria pagam um salário mínimo aos seus servidores. Sabendo do reajuste do piso – que pode ou não chegar aos anunciados R$ 622,73 - o prefeito de Santo Antônio de Leverger (34 quilômetros de Cuiabá), Harrison Ribeiro (PSDB), está ciente dos ajustes que terá de fazer de agora em diante para honrar a folha de pagamento do município, orçada em R$ 889 mil. “Cortes em despesas administrativas serão inevitáveis”. Conforme o prefeito – que acabou de assumir o cargo, após a realização de eleições suplementares no município de 18.463 habitantes – são cerca de 720 servidores em folha, dos quais 313 são efetivos, 328 contratados, 75 comissionados e oito eletivos. “Sei que a maior parte ganha um salário mínimo. Como acabei de assumir, estamos ainda tomando conhecimento da real situação de Santo Antônio, mas de antemão afirmo que essa alta nos preocupa. Temos informações extraoficiais de que a folha de pagamento supera o limite proposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal e tudo exige nosso esforço”. A lei limita os gastos das receitas municipais em até 54% com a folha de pagamento e com os repasses para a Câmara Municipal. O prefeito disse que o limite imposto está sendo apurado para se saber se realmente há descumprimento da lei. “Mesmo adiante de um cenário complicado, não cortaremos investimentos e ainda lançaremos em janeiro o edital para realização de um concurso público no município, já que a maior parte dos contratados é para suprir demandas nas áreas de educação e saúde”.





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