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Copa 2014
Sexta - 25 de Novembro de 2011 às 08:58
Por: ANTONIO DE SOUZA

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O governador Silval Barbosa (PMDB) comandou um lobby para que a presidente Dilma Roussef mudasse, "a toque de caixa", os projetos relacionados ao transporte público para a Copa do Mundo de 2014, e que levou o Governo de Mato Grosso a trocar o sistema Bus Rapit Trânsit (BRT, de ônibus articulado) pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

A revelação é da Folha de S. Paulo, que aponta ainda o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), como um dos que fizeram pressão para que a presidente também beneficiasse Salvador com mudanças sem critérios nos projetos de transportes para a capital baiana.

Segundo a reportagem, graças à interferência, as cidades de Salvador e Cuiabá puderam trocar o BRT por sistemas mais caros e com conclusão mais demorada, como metrô e VLT.

Na quinta-feira (24), o jornal O Estado de S. Paulo denunciou que o Ministério das Cidades, com o aval do ministro Mário Negromonte, teria forjado o projeto para favorecer exclusivamente o Governo de Mato Grosso.

Conforme a denúncia, teria havido fraude, o que levou o MPE e o MPF a abrirem investigações paralelas e sugerirem a interrupção do projeto de implantação do VLT em Cuiabá.

Confira a íntegra da reportagem da Folha, de autoria dos repórteres Dimmi Amora, Breno Costa e Valdo Cruz:

Pressão de Estados fez Dilma alterar projetos da Copa-2014

Após pressão de governadores, a presidente Dilma Rousseff ordenou ao Ministério das Cidades que mudasse a toque de caixa projetos de transportes para a Copa-2014.

Graças à interferência, as cidades de Salvador (BA) e Cuiabá (MT) puderam trocar o BRT (ônibus em corredores exclusivos) por sistemas mais caros e com conclusão mais demorada, como metrô e VLT, o Veículo Leve sobre Trilhos.

Os governadores Jaques Wagner (PT-BA) e Silval Barbosa (PMDB-MT) capitanearam o lobby pela mudança.

Em Cuiabá, houve inclusive substituição de um parecer técnico favorável ao BRT por outro defendendo o veículo leve, conforme noticiou ontem o jornal "O Estado de S. Paulo".

Na Bahia, Jaques Wagner recebeu o sinal verde de Dilma em 5 de agosto, durante viagem no avião presidencial a Salvador. Até então, a presidente insistia nos sistemas de transporte do plano original da Copa.

O BRT tinha sido priorizado pelo governo federal em 2009, sob a justificativa de que os outros sistemas não seriam concluídos a tempo do Mundial de futebol.

Empreiteiras e empresas de equipamento ferroviário, entretanto, se opuseram e passaram a pressionar pela alteração.

O ministro Mário Negromonte (PP) chegou a esboçar resistência à mexida, mas cedeu ao lobby que teve a participação até do vice-presidente Michel Temer (PMDB).

Em Salvador, onde o projeto de BRT já tinha até financiamento garantido, a solução foi simplesmente retirar o plano do PAC da Copa.

Dias após a determinação do Planalto, o Ministério das Cidades desconsiderou portaria interna e abriu brecha em outro programa federal, o PAC Mobilidade Urbana Grandes Cidades, para acolher o metrô soteropolitano.

Além disso, ainda em agosto, Negromonte autorizou que fosse dilatado o prazo para análise dos projetos de transporte dos Estados. Em outubro, ampliou novamente o limite.

Em Cuiabá, a troca do BRT pelo VLT representou um aumento de 140% nos custos -de R$ 500 milhões para R$ 1,2 bilhão. Segundo a reportagem do "Estado", a manobra foi feita com participação do chefe de gabinete de Negromonte, Cássio Peixoto.

O jornal divulgou trechos de gravação de reunião em que a diretora do departamento de mobilidade urbana do ministério, Luiza Gomide, contou a colegas que recebera orientações superiores e que o trabalho deles era "para o governo".

Na conversa, ela menciona também ter recebido instruções de Guilherme Ramalho, coordenador de infraestrutura da Copa e servidor do Ministério do Planejamento.

O Ministério Público Federal de Brasília decidiu ontem investigar se houve improbidade administrativa por parte de funcionários do Ministério das Cidades.

Planalto

O Planalto defendeu que "toda irregularidade" no projeto de Cuiabá deve ser investigada, mas sustentou que a mudança de modelos foi legal, amparada em projeções de demanda e amplamente discutida em público.

Segundo a Presidência, o BRT teria um tempo de vida curto por conta do aumento de usuários. Além disso, o custo da troca de modelo caberá aos Estados.

O caso, ainda segundo o Planalto, não afeta a posição de Negromonte. Ele segue no governo, mas deve sair na reforma ministerial de 2012.

Negromonte sofre desgaste desde agosto, quando rachou a base de apoio dentro do seu partido, o PP.






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