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Cidades/Geral
Domingo - 13 de Outubro de 2013 às 18:16

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Saúde e educação. Dois direitos garantidos por lei às crianças brasileiras são ofertados em um mesmo ambiente a pacientes internados em Cuiabá. No Hospital Universitário Júlio Müller, crianças que estão internadas têm à disposição aulas para que não percam o ano letivo enquanto têm que se submeter a tratamentos médicos. Um projeto chamado Classe Hospitalar, implantado há nove anos na unidade hospitalar, em parceria com as secretarias de Educação do estado e do município, atendeu cerca de 270 crianças de todo o estado no último semestre.

Em entrevista ao G1, a coordenadora do programa, Valéria Melli, explica que a intenção é garantir o incentivo pedagógico de maneira lúdica, o que contribui para minimizar o desconforto do tratamento, por meio de um trabalho de interdisciplinaridade, reunindo pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistente sociais. "Diferentemente da escola regular, onde o professor precisa se esforçar para manter a atenção dos alunos, aqui eles são apaixonados pelas aulas e aceitam muito bem todas as atividades propostas", destacou Valéria, que é professora há cerca de 20 anos e está no programa desde 2011.

Crianças têm aulas em hospital de Cuiabá (Foto: Stephanie Freitas/G1)

Crianças têm aulas em ala pediátrica de hospital de Cuiabá
(Foto: Stephanie Freitas/G1)

Segundo ela, as aulas são ministradas diariamente, de acordo com a condição de cada criança. Dentro da ala pediátrica, próximo aos leitos, estão a sala de recreação, a de informática e outra onde o acompanhamento escolar é dado. Entretanto, se o tratamento não permite a saída do leito, as duas professoras que se dedicam exclusivamente ao projeto vão até o local e oferecem os conteúdos de português, matemática, história, ciências humanas e geografia, assim como nas escolas regulares.

"Quando a criança é internada, é feito um acolhimento e estudo dos seus aspectos. Além disso, entramos em contato com a escola de origem e montamos o cronograma. O conteúdo programático é trabalhado de maneira especial, com apoio de brinquedos, livros e vídeos", ressaltou. Valéria acrescentou que o intuito é criar um ambiente semelhante ao da escola, incluindo até mesmo a lista de chamadas.

O conteúdo programático é trabalhado de maneira especial, com apoio de brinquedos, livros e vídeos"
Valéria Melli, professora

Ao final do tratamento, as crianças retornam às suas escolas levando um relatório do período em que estiveram na Classe Hospitalar. "Nós anexamos todas as atividades realizadas e passamos as informações orientando a continuidade dos estudos, caso seja necessário algum tipo de tratamento especial, em decorrência da doença", explicou.

Uma paciente de Guarantã do Norte, distante 721 km de Cuiabá, foi internada aos 13 anos com trombose e recebeu as aulas por seis meses. Quando retornou à cidade dela, conseguiu acompanhar a antiga sala de aula. "Ela era receptiva e esforçada e foi capaz de acompanhar muito bem o conteúdo. Infelizmente, após o término do tratamento, ela voltou a ter complicações, e faleceu em junho deste ano", lamentou a coordenadora. Outro caso é de um adolescente de 14 anos, que estudava em uma escola de Cuiabá, e mesmo após o fim da internação, se recusou a ir à escola regular, dizendo que preferia as aulas da Classe Hospitalar. "Aqui ele se sentia confortável. Foi preciso muita conversa para convencê-lo a voltar para sua antiga escola", relatou.

Aulas em hospital em Cuiabá (Foto: Stephanie Freitas/G1)

Ala pediátrica de hospital em Cuiabá também virou sala de
aula para crianças internadas (Foto: Stephanie Freitas/G1)

A maior dificuldade enfrentada pelo programa é a falta de professores e recursos, segundo a coordenadora do programa. “Nem sempre é possível fazer a coletivização das atividades, por conta da doença e da capacidade de cada criança. Então, acabamos fazendo muitas vezes um atendimento individualizado, que é realizado por mim e por outra profissional. O estado e o município são responsáveis pelo nosso salário, mas todo o restante, como materiais e equipamentos, nós conseguimos através de doações, e atividades desenvolvidas por nós, como o brechó feito aqui mesmo", enfatizou Valéria.

A ala pediátrica do HUJM tem capacidade para 14 leitos e recebe crianças e adolescentes entre 0 a 16 anos. Atualmente estão internados garotos e garotas com diferentes tipos de doença, como aids, tuberculose e meningite.





Fonte: Do G1

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