“Deixei de comprar pão pra comprar cigarro”. Cozinheira relata 25 anos de dependência
“Cheguei a deixar de comprar pão pro meu filho pra comprar cigarro”. A declaração é da cozinheira Luiza Helena, 48 anos, que durante 25 anos foi fumante assídua. Luiza conta que começou a fumar por influencia do ex-marido. “Ele achava bonito, eu tinha 18 anos, dizia que pra sair com ele tinha que fumar então comecei a fumar”, detalha. Segundo ela, chegou a consumir mais de uma carteira de cigarros por dia.
Dos quatro filhos, três chegaram a ser fumantes, mas uma das filhas conseguiu largar o vício há um ano. “Foi tanta coisa nesse tempo todo, coisas que hoje eu não faria, mas naquela época o descontrole era tanto que dava mais valor para o cigarro do que para as crianças e isso é doído de falar. Sei que eles fumam por influencia, gostaria que todos parassem”, desabafou.
Luiza destacou que freqüenta o grupo antitabagismo há três meses e há dois está sem fumar. Porém a luta dela contra o vício iniciou há um ano, em que a cozinheira conseguiu reduzir aos poucos a quantidade de cigarro fumada diariamente. “Tava fumando menos quando cheguei aqui. Mas ainda estava muito nervosa, descontrolada e aqui a gente tem todo o apoio da doutora Neli e da equipe, você pode ligar a hora que sentir o desespero e elas vão até a tua casa. Me sinto outra sem o cigarro hoje, a disposição, tudo melhorou”, apontou ela ao relatar sua experiência para os freqüentadores do grupo do Jardim Oliveiras.
Para a enfermeira responsável pelo grupo, Neri Bergamaschi, a dificuldade em largar o cigarro está no fato de ele ser o “amigo prazeroso”, que não julga. De acordo com Neli há três formas de dependência: química, física e psicológica. “Independente da quantidade de cigarros que você fuma, a dependência química é a mesma e há três tipos de dependência: química, física e psicológica. De sete a dez dias você se livra da dependência química, porém o difícil é o fator comportamental, porque o fumante cria hábitos e necessita se desapegar deles”, explicou
O grupo foi criado há um ano em Sinop e no momento conta com 137 pacientes em tratamento. Amanhã (3), a reunião será com os pacientes do Jardim das Nações, às 9h e à tarde às 15h no Scholtão. Já na sexta-feira (5), o encontro é na Unidade de Saúde do Menino Jesus, às 9h. Os pacientes que freqüentam o grupo realizam o tratamento de apoio de três meses. Nos dois primeiros meses os encontros são semanais para desintoxicação, conversas e troca de experiências com quem já passou pelo problema. Para quem consegue superar, o terceiro mês é de manutenção, quando o paciente comparece aos encontros a cada 15 dias para relatar seu progresso individual e mesmo para relatar aos demais usuários sua história com o cigarro.
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