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Terça - 31 de Dezembro de 2013 às 07:46
Por: Patricia Neves

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Após noite na delegacia, menores detidos fazem piada no Facebook



“Fala mais que aumenta o ibope’. ‘Nois feis uma resenha na delegacia do planauto kkkkkk”. “Mais Amor - Menos Recalque”... “Paia esses cara nau pode nem tirar um box mas em paz...(sic). Essas são algumas das frases que podem ser encontradas nas páginas do Facebook de pelo menos seis adolescentes após passaram parte da noite de sábado (29) na delegacia do Planalto, após uma briga na praça de alimentação de um shopping center de Cuiabá. 

Tratando o assunto como piada, os adolecentes alunos da Escola Estadual Nadir de Oliveira, em Várzea Grande, citam (empregando dezenas de palavras de baixo calão) que a mídia deu uma interpretação equívocada ao fato: “criticaran nois antes de sabe oq aconteceu ne povinha fdp” (sic)", diz um dos comentários postados. Porém, apesar de insistentemente procurados, se recusaram a falar com a reportagem sobre os verdadeiros motivos da confusão. 







Para a psicóloga Karina Franco Moshage, o agrupamento dos jovens, em turmas, busca a confirmação da identidade. ‘Em grupo você se sente mais forte, mais poderoso. E essa avaliação independe de classe social. A adolescência, naturalmente, é uma fase em que se busca uma referência, é uma fase de transição”, cita. 

Ela avalia que nem sempre a família é omissa no quesito educação e por mais que atue orientando, essa é uma fase muito conturbada, em que se busca auto-afirmação. “Por mais que mantenham um acompanhamento familiar, ainda assim, se percebe que vão buscar o que é mais interessante naquele momento”. Para Karina, o fato dos adolescentes marcarem uma briga em um local público, repleto de seguranças, é no mínimo, curioso. 

A profissional defende a adoção de medidas drásticas no intento de mudar o atual cenário. ‘Como no episódio envolvendo as torcidas. Foi preciso uma tragédia acontecer para adoção de providências. Diante de uma situação como essa, em que os jovens passaram à noite na unidade e nada aconteceu, não houve punição, fica o sentimento de impunidade’. 

Ela defende a revisão da maioridade penal, assim como a adoção de medidas mais extremas no intento de punir e educar. “Podem votar aos 16 anos. Sabem avaliar seus atos”. Para ela, a postura adotada pelos adolescentes detidos evidencia “que estavam agindo para chocar, mostrar a pura banalização dos seus atos, porque não existe punição”. 

Karina Camargo, também psicóloga ouvida pela reportagem do Olhar Direto, o encontro no shopping center, também funcionou com uma forma de despertar à atenção da sociedade. ‘Um local público, com um grande número de pessoas tem esse propósito”.

Na avaliação do delegado titular da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), Paulo Araújo, é comum que jovens se aglomerem para ratificar ações de poder. No entanto, ele cita que os bons princípios são deixados de lado e, diante de sua experiência, a desestrutura familiar é predominante em muitos casos. “As ações de violência é que servem como referência”. 

Para ele, as gangues tendo adolescentes como membros e adultos como líderes, novamente, se fortalecem. Em 2010, um mapeamento realizado pela unidade policial apontou que 31 ‘turmas’ atuavam em diversos bairros da capital. Porém, com efetivo reduzido, a DEA deixou de realizar o levantamento nos últimos três anos, mas Paulo Araújo pondera que a uma análise nas ocorrências registradas mostra uma mudança na estruturação dos grupos. “Muitos dos líderes tinham sido presos e retomam as atividades criminosas agora. Alguns bairros já despertam à atenção, como o Santa Isabel”. Durante anos, o bairro preencheu manchetes de jornais com as disputas por território dos ‘Bad Boys’ e a ‘Turma de Cima’. Para ele, ações de prevenção, repressão/fiscalização, projetos educativos, devem caminhar junto no intento de reverter o atual cenário. 

Investigação

O delegado titular da DEA, Paulo Araújo, vai ouvir nessa primeira quinzena de janeiro, os 35 adolescentes detidos durante a ação no sábado e deverá autuá-los por ato infracional semelhante a formação de quadrilha.






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